Cacá Diegues (1940-2025)

, por Alexandre Matias

Cacá Diegues, que morreu na manhã desta sexta-feira, é um dos maiores nomes da história do cinema brasileiro. Fundador do movimento Cinema Novo ao lado de Glauber Rocha, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, entre outros, ele demorou para ter sua obra festejada e o início de sua filmografia é marcado por produções voltadas para questões sociais. Durante o período que esteve no Centro Popular de Cultura (CPC, órgão extinto pela ditadura militar de 1964) dirigiu um dos episódios da única produção cinematográfica realizada pela entidade, Cinco Vezes Favela, de 1961, quando dividiu a direção do episódio Escola de Samba, Alegria de Viver com Andrade, Hirszman, Miguel Borges e Marcos Farias. Sua estreia foi em 1963, quando dirigiu Ganga Zumba, primeiro filme nacional com protagonistas negros, e depois de provocar a ditadura com filmes como A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969, este censurado), mudou-se para Paris com sua esposa à época, Nara Leão, onde esteve no início dos anos 70. Voltou para o Brasil no meio daquela década, quando começa sua fase mais popular, que atravessa décadas, com filmes que se misturam com a história do cinema brasileiro: Xica da Silva (1976), Chuvas de Verão (1978), Bye Bye Brasil (1980), Dias Melhores Virão (1989), Veja Esta Canção (1993), Tieta do Agreste (1996) e Deus é Brasileiro (2003). Alagoano de nascença, morava no Rio de Janeiro desde os seis anos de idade e foi homenageado pela escola Belford Roxo num samba-enredo em 2016 e dois anos depois tornava-se imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 7 que era de seu amigo e também cineasta Nelson Pereira do Santos. Não tinha perspectiva de aposentadoria e estava trabalhando na produção de um filme para ser lançado no segundo semestre deste ano, Deus Ainda é Brasileiro. Seu velório acontece na sede da Academia Brasileira de Letras, no Rio.

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