Produtor, cantor e compositor contemporâneo da geração do Lira Paulistana, Robinson Borba trabalhou com Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, entre outros e lançou seu único álbum, chamado Rabo de Peixe, em 1984. Quarenta anos depois ele volta ao disco cercado por uma banda composta por Ricardo Prado, Estevan Sinkovitz e Guilherme Kastrup e começa a mostrar o novo trabalho, chamado Cauda da Galáxia, em que convidou vários nomes da cena contemporânea que habita São Paulo para levantar o disco. “Última Vez”, single que será lançado nas plataformas nessa sexta-feira e já pode ser ouvida em primeira mão aqui no Trabalho Sujo, reúne dois destes convidados: o paulista Tatá Aeroplano, que também produziu o disco, e a paranaense Bruna Lucchesi. A aproximação com Tatá é recente e embora Robinson já o conhecesse de nome desde os tempos do Jumbo Eletro, só o conheceu quando fez uma oficina sobre produção independente oferecido pelo mister Aeroplano. “Eu achei muito interessante, ele tem uma cabeça espetacular e comecei a admirá-lo, porque ele consegue se autofinanciar”, explica o produtor, lembrando que ele bancou os discos que produziu – entre eles o clássico Clara Crocodilo, de Arrigo Barnabé – com os próprios recursos, que ele conseguia a partir de seu trabalho como engenheiro. Além de Tatá e Bruna, também participam do disco outros artistas da cena paulistana atual como Malu Maria, Guilhermoso Wild Chicken, Guizado, além de sua própria esposa, Cristina Borba. O disco está previsto para ser lançado no próximo dia 13 e Robinson pretende fazer o show de lançamento ainda este ano, mas sem data ou local definido.
Linda a estreia da carreira musical de Olívia Munhoz, mais conhecida por ser uma das melhores iluminadoras da cena independente brasileira, nesta terça-feira no Centro da Terra. Não digo que foi uma surpresa porque ela já havia me mostrado suas músicas há anos atrás, quando, num papo sobre produção de eventos, ela me contou que também compunha suas próprias canções. Quis ouvir, quis saber mais – e quem repara na luz de Olívia sabe que sua sensibilidade não é meramente cênica. Ela me mostrou as músicas e eu falei que valeria experimentar como um show, algo que temos conversado há alguns anos – e ela sempre me contando os lentos passos: quem seria a banda, como seriam os arranjos, o início das aulas de voz. A minha surpresa veio quando vi aquelas músicas que tinha ouvido ainda em fase demo ganhar corpo e estatura quando ela reuniu, como dizia no título da noite, um Grande Elenco para acompanhá-la. E que elenco! Como se não bastasse a banda base, composta pelos amigos Gongom (bateria), Paola Lappicy (teclados) e Guilherme D’Almeida (baixo), cada um deles solando e brilhando à sua maneira, mas sem tirar o holofote de Olívia, que cantava e tocava guitarra segura e tímida na mesma medida. O espetáculo ainda trouxe participações surpresa luxuosas, entre um naipe de metais – formado por Maria Beraldo, Fernando Sagawa e João Barisbe – e duas vocalistas de apoio – Bruna Lucchesi e Paula Mirhan – que apareceram sem ser anunciados. Mas por mais iluminado que fosse o elenco, toda a luz emooldurava as canções e a interpretação de Olívia, que segurou lindamente essa primeira – e justamente por isso curta, sem bis – apresentação. Uma noite feliz.
Estes são os 50 discos mais importantes lançados em 2023 segundo o júri da comissão de música popular da Associação Paulista dos Críticos de Arte, da qual faço parte ao lado de Adriana de Barros (editora do site da TV Cultura e apresentadora do Mistura Cultural), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell) e Pedro Antunes (Tem um Gato na Minha Vitrola, Popload e Primavera Sound). A amplitude de gêneros, estilos musicais, faixas etárias e localidades destas coleções de canções é uma bela amostra de como a música brasileira conseguiu se reerguer após o período pandêmico com o lançamento de álbuns emblemáticos tanto na carreiras de seus autores quanto no impacto junto ao público. Além dos discos contemporâneos, fizemos menções honrosas para dois álbuns maravilhosos que pertencem a outras décadas, mas que só conseguiram ver a luz do dia neste ano passado, um de João Gilberto e outro dos Tincoãs. Na semana que vem divulgaremos os indicados nas categorias Artista do Ano, Show e Artista Revelação, para, no final de janeiro, finalmente escolhermos os vencedores de cada categoria. Veja os 50 (e dois) discos escolhidos abaixo:
Linda a apresentação que Bruna Lucchesi fez nesta terça-feira no Centro da Terra celebrando uma das facetas menos conhecidas de Paulo Leminski – a de compositor de canções. Ela passeou pelo cancioneiro do lendário poeta curitibano como parte de uma pesquisa que ela faz há anos sobre sua obra e deu uma nova roupagem a canções quase desconhecidas que encantaram o público desde o início do espetáculo, que ainda contou com a participação remota de Angélica Freitas e presencial do grande Rubi.
É a primeira vez que a curitibana Bruna Lucchesi sobe no palco do Centro da Terra nesta terça-feira, num espetáculo dedicado à obra do conterrâneo Paulo Leminski, que além de poeta, tradutor e ensaísta, também compunha suas canções. Quem Faz Amor Faz Barulho é um mergulho nesta faceta deste artista, em busca da utopia que ele almejada em suas obras. A apresentação, que Bruna faz ao lado dos músicos Cecília Collaço, Ivan Gomes, Paulo Ohana e Vitor Wutzki, também terá a participação da poeta Angélica Freitas O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente aqui.
Vamos começar o ano no Centro da Terra? A curadoria de música do nosso querido teatro do Sumaré retoma os trabalhos já no primeiro dia de fevereiro e durante este mês teremos espetáculos de segunda a quarta. A primeira apresentação marca o retorno de Carla Boregas e M. Takara aos palcos do teatro, quando recebem a flautista Marina Cyrino para o espetáculo Grande Massa D’Água já na primeira quarta-feira do mês. Dia 6 é dia de receber o cantor e compositor Lucas Gonçalves, que se reúne a Lucca Simões, apresentando o espetáculo Se Chover. Na primeira terça-feira do mês, dia 7, quem retorna aos palcos do teatro é Izzy Gordon, revisitando o repertório de sua tia, Dolores Duran, numa apresentação que deve transformar-se em disco, ao lado de uma banda formada só por mulheres, incluindo a participação de sua mãe, irmã de Dolores, Denise Duran. Na quarta-feira, dia 8, Anna Vis convida Kauê e Caxtrinho para uma apresentação única, costurando seus repertórios num encontro inédito Mais Que Uma Canção, Menos Que Um Amor. Na segunda-feira dia 13 é a vez de Chico Bernardes repassar canções de seu primeiro disco solo e antecipar algumas de seu próximo álbum, além de fazer algumas versões, no espetáculo Rádio Chico. Na terça, dia 14, a curitibana Bruna Lucchesi traz seu espetáculo Quem Faz Amor Faz Barulho, dedicado à obra, especificamente às canções, do poeta conterrâneo Paulo Leminski. Dia 15 quem apresenta-se no teatro é Sophia Chablau, que vem em versão solo, mostrando canções conhecidas e inéditas no espetáculo Só. E depois do carnaval, no dia 27, primeiro recebemos Marcela Lucatelli, que traz seu Brazilian Songbook pela primeira vez ao Brasil, e, no dia seguinte, dia 28, é a vez do encontro inédito de duas das principais bandas pesadas do Brasil, os paulistanos Test e os paraibanos Papangu. E aproveite para conhecer o novo restaurante Shakshuka, no terréo do teatro, que agora abre desde a hora do almoço – e traz refeições e drinks. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.