Impressão digital #135: Oscar Niemeyer e o futuro

Minha coluna na edição de segunda do Link foi sobre a contribuição de Oscar Niemeyer para nossa concepção de futuro.

A contribuição de Oscar Niemeyer para o futuro
Amplitude: Prédios parecem suspensos pelos pilares

No início do documentário belga Oscar Niemeyer – Un Architecte Engagé Dans Le Siècle (Um Arquiteto Engajado no Século, 2001), de Marc-Henri Wajnberg, um disco voador sobrevoa o Rio de Janeiro. A espaçonave circular é branca e de concreto e paira tranquilamente sobre a antiga capital brasileira, passando pelo Cristo Redentor, o Maracanã, as praias, o Pão de Açúcar até entrar na Baía de Guanabara e pousar em Niterói.

Uma rápida cena mostra o então quase centenário arquiteto contemplando a cidade por uma janela, como se estivesse pilotando o tal disco – que, na verdade, é o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Não foi a primeira nem a última vez que os traços do arquiteto foram associados a um futurismo muito próximo da ficção científica do meio do século 20, período em que Niemeyer começou a despontar no mundo como um prodígio do modernismo brasileiro.

Nasci na cidade que foi imaginada por este que é um dos grandes brasileiros do século passado. A ideia de Brasília não é de Niemeyer. Suas origens remontam à visão de um santo italiano, São João Bosco, que em agosto de 1883 sonhou que havia visitado a América do Sul (onde nunca havia estado) e, depois de visitar vários pontos do continente, viu uma cidade no meio do planalto central, entre os paralelos 15o e 20o, que, segundo um anjo que lhe servia de guia, seria a “terra prometida”.

A profecia ajudou o presidente Juscelino Kubitschek a cumprir sua promessa de tirar a capital brasileira do Rio de Janeiro. Mas a ideia de criar uma cidade do nada não partiu apenas de sua imaginação. JK teria se inspirado no faraó egípcio Akhenaton que, no século 14 antes de Cristo, mudou a capital de seu governo para uma cidade criada artificialmente, Akhetaton, a Cidade do Sol.

Duas visões do passado, dois artistas do futuro: o urbanista Lucio Costa foi escolhido para colocar o plano da cidade no papel (com o formato de um avião) e Oscar Niemeyer, o nome eleito para populá-la. E em vez de replicar outras cidades, o arquiteto resolveu imaginar como seria uma metrópole do século seguinte. Do milênio seguinte.

E assim ergueu palácios com colunas que pareciam suspendê-los no ar. E o amplo horizonte da nova capital passava a acolher uma catedral ecumênica, sem torres, aberta para a luz. Todos os ministérios reunidos como pilares monumentais em uma ampla esplanada. Uma praça que reúne as sedes dos três poderes numa mesma perspectiva horizontal. Construções austeras e pesadas eram reimaginadas por completo. Assim, prédios arredondados que se misturavam a ângulos retos e edifícios de concreto pesado ganhavam leveza graças às suas curvas. Somados às avenidas sem sinais de trânsito, às ruas sem esquina e às superquadras imaginadas por Lucio Costa, eles criaram uma cidade literalmente imaginada.

Muitos autores descreveram cidades imaginárias em livros, filmes, quadrinhos, animações. Poucos conseguiram tirá-las da imaginação. Niemeyer pertence à seleta categoria dos que executaram a cidade que pensaram. E talvez esteja dentro de um nicho ainda menor: os que imaginaram cidades do futuro.

Pois a capital de nosso país é uma cidade do futuro. E Oscar Niemeyer, eterno nesta Brasília, talvez seja, além de todos os epítetos e hipérboles que já carrega, nosso maior artista de ficção científica.

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Torno públicos os parabéns que dei ao Filipe Serrano e à Tatiana de Mello Dias, os novos editor e editora-assistente da melhor publicação de tecnologia e cultura digital do Brasil. Conheci ambos no início de suas carreiras – Filipe era estagiário no Link quando entrei, em 2007, e depois virou repórter, editor-assistente e agora chega ao comando do caderno. Tati foi minha estagiária na Trama e foi a primeira repórter que contratei quando virei editor, em 2009. É uma felicidade vê-los chegar a tais posições e um alívio saber que o caderno que acalentei por tantos anos está nas melhores mãos possíveis. Boa sorte aos dois!

Oscar Niemeyer (1907-2012)

Agora foi: morreu o cara que imaginou a cidade em que nasci. Todo o respeito para um dos maiores artistas do Brasil.

Abaixo, o Roda Vida com o arquiteto em 1997 e a íntegra do documentário A Vida é um Sopro:

 

Curumin + Wado em Brasília

Dois dos melhores nomes da música brasileira do século 21 se encontram pra gravar juntos – e na minha terra-natal.

Desse mato sai mais coelho, hein… Vi no Urbanaque.

Altas Brasília

Como todo brasiliense que se preze, adoro a arquitetura, os horizontes e a luz natural da minha cidade-natal – por isso não canso de ver suas paisagens, como estas abaixo, feitas de helicóptero pelo fotógrafo Bento Viana.

 

Se você não sabe se localizar em Brasília, aprenda

É simples assim:

A imagem estava num folder feito pela Assessoria de Assuntos Internacionais da UnB, fotografado pelo celular de uma estudante, que compartilhou no Facebook. Vi aqui.

Brasília: futuro no passado

Incrível esse vídeo que meu irmão me mandou:

Mais incrível ainda se você nasceu nessa cidade, hei de convir…. Fora o fato de tocar “Expo 2000”.

Bárbara Eugênia deixando cair…

E por falar em clipe novo, a Bárbara ofereceu o clipe de “Drop the Bombs” pra estrear aqui no Sujo. Aceitei de cara, mas fiquei ainda mais surpreso quando descobri que além da faixa ser uma das minhas favoritas de seu Journal de Bad, foi todo filmado em minha terra-natal, Brasília.

E qual a surpresa ao perceber o clima de psicodelia modernista que passa por todo o clipe… Sensa.

Brasília do alto

Ignore a trilha e boa viagem…

Que cidade!

Já garantiu seu calendário Pindura?

O Pindura está em sua quarta edição e já pode ser considerado um clássico. Fora que é de Brasília, o que sempre garante uns pontos extras. Agiliza o seu por aqui.

Brasília em preto e branco

Ah, a nostalgia da minha terra…

Tem mais aqui.