E por falar em Brad Bird, o ex-diretor da Pixar quase lançou uma versão animada para o Spirit do Will Eisner no início dos anos 80. O rascunho do desenho, feito a lápis, foi resgatado neste curta de teste pelo produtor Steven Paul Leiva, em seu canal do YouTube:
Ele falou mais sobre o desenho ao publicar o vídeo:
“Em 2008, enquanto o filme de Frank Miller baseado no Spirit de Will Eisner estava sendo lançado, escrevi um artigo para o Los Angeles Times contando sobre como, em 1980, eu me envolvi com Brad Bird e Gary Kurtz (produtor dos dois primeiros Guerra nas Estrelas) para tentar produzir um longa animado inspirado no Spirit. Mencionei um ‘trailer’ feito a lápis para o filme que propúnhamos que foi feito por Bird com outros alunos da Cal Arts, a maior parte deles trabalhando na Disney na época. Algumas pessoas que leram o artigo entraram em contato comigo querendo ver o filme. Eu o tinha em um velho VHS, mas estava no fundo de um armazém na época e eu não era o dono do filme, então por isso falei que eles teriam que procurar uma cópia em outro lugar. Depois eu encontrei o VHS e deixei-o de lado. Recentemente Andrea Fiamma, uma jornalsta italiana que estava escrevendo sobre o assunto para o site Fumettologica veio me perguntar mais uma vez se o filme podia ser visto. Como é uma pequena peça histórica de animação, decidi postá-lo aqui.”
É inevitável que tenha uma cara bem Disney e, portanto, um ar infantil quase avesso ao clima do quadrinho original. Mas pelo menos não deveria ser tão ruim quanto a adaptação que Frank Miller fez pro cinema…
Nessa edição do Link também comentei sobre o anúncio da venda da Lucasfilm para a Disney na semana passada…
‘Tenho um mau pressentimento’
Disney compra a Lucasfilm e produzirá os novos Guerra nas Estrelas, mas não é uma boa notícia para os fãs da saga
“É hora de passar Guerra nas Estrelas para uma nova geração de cineastas”, comemorou na terça-feira George Lucas, o criador da saga que reinventou o cinema nos anos 70. Assim ele anunciava a venda de sua empresa Lucasfilm à Walt Disney Company por US$ 4,05 bilhões. O anúncio deixou fãs pilhados – afinal, além da transação bilionária, havia outra novidade: a Disney vai produzir mais uma trilogia de filmes com os personagens de Lucas.
Isso mesmo: mais três novos filmes de Guerra nas Estrelas vêm aí. O Episódio VII já foi agendado para 2015.
Não é uma notícia qualquer. Os fãs de Guerra nas Estrelas sabem que Lucas havia cogitado, ainda nos anos 70, a possibilidade de sua saga se estender para além dos três filmes que fez à época. As duas novas trilogias cercariam a original: uma contaria a história de como Anakin Skywalker virou Darth Vader, a outra contaria como Luke Skywalker tornaria-se mestre de um novo cavaleiro Jedi, como ele foi de Obi-Wan Kenobi e Yoda.
Os três primeiros filmes foram realizados na virada do milênio e foram motivo de frustração para a maioria dos fãs da saga. Se muitos já reclamavam do excesso de fofura do último filme da trilogia original (os ursinhos Ewoks foram criados apenas para virar brinquedos), nos Episódios I, II e III, George Lucas extrapolou as possibilidades e adoçou ainda mais a saga de capa e espada que se passava em uma galáxia muito distante – críticas que podem ser sintetizadas na criação do personagem infantilóide Jar Jar Binks. Elas foram tão pesadas que o próprio Lucas abandonou a ideia de fazer outros três filmes – até a Disney se dispor ela mesma a bancar tudo.
O anúncio da semana passada deu início a uma onda de preocupação online sobre os três filmes no futuro: se, sob a batuta do criador a série já tinha desandado, o que poderia acontecer sob o domínio da força de Mickey?
A própria Disney ironizou essas preocupações, reeditando um vídeo que havia feito no ano passado, quando inaugurou o brinquedo de Guerra nas Estrelas em seu parque californiano. No original, Darth Vader e dois stormtroopers se perdiam no parque de diversões, andando no carrossel, comendo pipoca. Na reedição, o vídeo era idêntico, à exceção do início (que perguntava “Darth Vader, agora que você é parte da família Disney, o que vai fazer?”) e o fim (que originalmente mostrava o vilão entrando no brinquedo de Guerra nas Estrelas, cena cortada na nova edição). A brincadeira faz sentido, pois um dos investimentos da Disney em relação à Lucasfilm será em parques temáticos.
Os fãs temem o pior, mas algumas especulações indicam que a nova trilogia possa ser melhor que a anterior. Lucas não conseguiu realizar seu sonho de dirigir um filme sem atores, que achava que conseguiria fazer nos anos 90. Continuou insistindo, principalmente na série Guerras Clônicas, totalmente feita em computação gráfica. Não custa lembrar que a Disney também é dona da Pixar – e já há rumores que um dos diretores do estúdio, Brad Bird, estaria envolvido no filme de 2015 (além de Damon Lindelof, roteirista da série Lost, da emissora ABC, que também é da Disney).
Outra boa nova é que Lucas já teria se encontrado com os atores Mark Hammill e Carrie Fischer (Luke e Leia na primeira trilogia) para convidá-los a participar dos novos filmes.
Copyright. A má notícia é que a Disney é uma das principais defensoras do modelo mais restritivo de direitos autorais.
Enquanto George Lucas incentiva os fãs a fazer filmes, animações e paródias com suas marcas (ele inclusive organiza a premiação anual Star Wars Fan Movie Challenge), a Disney é uma das principais responsáveis por estender o tempo de duração para uma obra cair em domínio público, a ponto da legislação norte-americana que aumentava o tempo de proteção a uma obra para 95 anos, em 1998, ter sido apelidado de Projeto de Lei para a Proteção de Mickey.
Se por um lado os fãs podem comemorar novos filmes, por outro, só podem lamentar que outros tantos novos filmes (feitos por fãs) não verão a luz do dia porque provavelmente receberão cartas da Disney com ameaças de processo. É complicado.