A segunda aula de Bibliografia da Música Brasileira, curso que estou ministrando com a Pérola Mathias no Sesc Avenida, aconteceu nesta quinta-feira quando escolhemos a bossa nova como ponto de partida para falar sobre como nossa música é representada por nosso mercado editorial. Começamos pela onda do final dos anos 50 que tomou o mundo na década seguinte pois, desde sua incepção, ela inspirava não apenas a discussão sobre sua natureza como via isso traduzido em livros, a começar pelo clássico O Balanço da Bossa e Outras Bossas, de Augusto de Campos. Também mostramos como os livros acabaram, num segundo momento, colocando o baiano João Gilberto no centro deste período, algo que antes era difuso como um movimento que não era propriamente um movimento, mas que foi crucial para que pensássemos em nossa música de forma ensaística, jornalística, crítica, acadêmica e cronista, usando justamente os livros como ponto de partida. Esqueci de tirar foto, então fica aí a lombada de alguns livros que discutimos nesta aula. A próxima é sobre samba.
#bibliografiadamusicabrasileira #sescavenidapaulista
Um dos principais ativistas da bossa nova enquanto gênero musical, Carlos Lyra nos deixou na madrugada deste sábado. Ativo no movimento desde sua criação, ele é autor de algumas das principais músicas do gênero e é um dos responsáveis por consolidar o que conhecemos hoje por MPB. Lyra havia acabado de completar 90 anos, quando foi homenageado em um tributo organizado pelo Selo Sesc chamado Afeto, disco que reúne intérpretes queridos ao autor (como Gilberto Gil, Joyce Moreno, Wanda Sá e Monica Salmaso) para celebrar suas canções.
Vazou há pouco o disco Live in Memphis, com o primeiro show que o Big Star fez quando voltou nos anos 90, e entre as diversas pérolas que tocaram no dia 29 de outubro de 1994 no palco do New Daisy Theatre, em Memphis, nos EUA, está essa improvável e deliciosa versão para a nossa “Garota de Ipanema”. Saca só:
Como se previa, o público carioca não ficou quieto e o barulho, ao contrário do que se previa, não foi um problema para os Kings of Convinience ontem, no Circo Voador, ao menos segundo relatos.
Parece até que os dois se divertiram…
Ok, galera, como eu disse, se o tal disco póstumo de Amy Winehouse tem de apelar pra esse tipo de bobagem pra conseguir emplacar como presente de natal, não dá pra esperar muito mais do que um monte de sobras mal ajambradas…
Amy Winehouse – “The Girl from Ipanema“ (MP3)
E pelo blog do Dafne fiquei sabendo da morte do Walter Silva, sexta passada. O radialista Picapau, como era mais conhecido, foi um dos principais nomes da história paralela da MPB – aquela dos bastiões dos bastidores, freqüentada por nomes como Nelson Motta e André Midani. Entre os feitos do velho Picapau estão o papel de embaixador da bossa nova no rádio (abraçou a turma desde o primeiro momento e esteve momento em eventos cruciais na história do gênero, como o show no Carniege Hall, que transmitiu para a rádio Bandeirantes, e o único show de Tom, João e Vinícius, que registrou), além de descobrir novos talentos como Elis Regina e Chico Buarque. O Tacioli esmiuça a importância de Picapau no Gafieiras, enquanto a Época comenta a importância de seu acervo, cheio de gravações inéditas. Tomara que agora eles tornem-se disponíveis para quem quiser ouvir.