Às vésperas de começar mais uma turnê pelos EUA (mais detalhes no site da banda), os Boogarins revelam a primeira música inédita deste ano. E ela vem em inglês com as bençãos de um ícone do underground norte-americano, John Schmersal, do Brainiac, que também assume os vocais. “A Pattern Repeated On” segue o clima psicodélico manhoso característico dos goianos e marca a segunda vez oficial que o grupo canta neste idioma (sendo a primeira a versão que eles fizeram para uma música dos Kinks a convite da revista inglesa Mojo). Mas não sabemos nem se o novo single estará presente no já gravado terceiro disco da banda muito menos se o disco ainda inédito é bilíngüe ou todo em inglês.
O único Vida Fodona de março de 2017.
!!! – “The One 2”
Spoon – “Whisperilllistentohearit”
Katy Perry – “Chained to the Rhythm (Hot Chip Remix)”
Bruno Mars – “24k Magic”
Dr. Dre – “Let Me Ride”
Mano Brown + Dom Pixote + Seu Jorge – “Dance Dance Dance”
Daryl Hall & John Oates – “I Can’t Go For That (No Can Do)”
Roxy Music – “Oh Yeah”
Paralamas do Sucesso – “Nebulosa do Amor”
Lorde – “Liability”
George Michael – “Careless Whisper”
Boogarins – “Olhos”
Feist – “Pleasure”
Velvet Underground + Nico – “All Tomorrow’s Parties”
Black Angels – “I’d Kill for Her”
Underworld – “Slow Slippy”
A Tribe Called Quest – “We the People”
Danny Brown – “White Lines”
Negro Léo – “O Céu dos Otários é Neutro”
Sambanzo – “Capadócia”
Sebadoh – “Vampire”
Giovani Cidreira – “Crimes da Terra”
Karina Buhr – “Esôfago”
Ney Matogrosso – “Freguês da Meia-Noite”
E aqui a versão do Spotify, com menos músicas:
O grupo goiano Boogarins foi convidado pela revista inglesa Mojo para participar do disco-tributo ao clássico Something Else, dos Kinks, organizado pela clássica publicação em sua edição de fevereiro. No disco, além dos Boogarins, estão nomes como Gaz Coombes, Ty Segall (que regravou “Waterloo Sunset“), Nada Surf, Wreckless Eric, entre outros.
A música tocada pelos Boogarins foi “No Return”, cujo ar bossa novista parece ter sido o guia para a revista sugeri-la para um grupo brasileiro. Interessante perceber a aura Jupiter Apple que paira sobre a versão, fechando um ciclo virtuoso entre a banda goiana, o grupo inglês e a obra do maior psicodélico gaúcho:
E, abaixo, o comentário da revista inglesa sobre a versão da banda brasileira:
“A sophisticated songwriter from the very start of The Kinks’ career, Ray Davies drew on bossa nova for inspiration for this tune. In a bid to return the track to its roots, MOJO asked Brazilian psychedelic outfit Boogarins – named after a popular flower grown in their homeland – to try their hand at this number. The result is a fantastically woozy cover, with a seductive, hypnotic ebb and flow.”
Pra quem não conhece a versão original, olha ela aí:
E se você não conhece o Something Else – ou o legado dos Kinks, uma das bandas inglesas mais subestimadas da história – faça-se esse favor.
Duas horas de programa misturando músicas velhas e hits recém-lançados de 2017…
Jetta – “I’d Love to Change the World (Matstubs Remix)”
Spoon – “Hot Thoughts”
Felipe S – “Anedota Yanomami”
Chaz Bundick + The Mattson 2 – “Star Stuff”
Xx – “Too Good”
Arctic Monkeys – “Cornerstone”
Boogarins – “Tempo”
Flaming Lips – “Sunrise (Eyes of the Young)”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
BaianaSystem – “Invisível”
MC Beijinho – “Me Libera Nega”
Amadou + Mariam – “Ce N’est Pas Bon (A JD Twitch edit)”
Akase – “Under the Pressure”
Nicolas Jaar – “Killing Time”
Pink Floyd – “Pigs (Three different Ones)”
Television – “Marquee Moon”
Stephen Malkmus + The Jinks – “Real Emotional Trash”
Wilco – “Impossible Germany”
Warpaint – “Heads Up”
Lô Borges – “Faça Seu Jogo”
Kiko Dinucci – “Uma Hora da Manhã”
Rakta – “Raiz Forte”
Coruja BC – “Modo F”
Flora Matos – “Quando Você Vem”
Mahmundi – “Meu Amor”
Abaixo a versão do Spotify, com menos músicas.
Eis o falado EP ao vivo Desvio Onírico, que reúne quatro faixas dos Boogarins tocadas ao vivo em quatro cidades diferentes, Nova York, Vancouver, Lisboa e Austin. Prepare-se para derreter…
E assim o grupo ganha tempo para maturar ainda mais seu terceiro disco.
Os Boogarins voltam a São Paulo para encerrar o ciclo de seu segundo disco, Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos, de 2015, tocando-o na íntegra e na ordem na próxima sexta-feira, no Sesc Pinheiros. O show acontece antes do lançamento do EP ao vivo Desvio Onírico, que lançam no mês que vem, reunindo versões de dez minutos para quatro faixas tocadas em diferentes cidades do mundo, durante o intenso 2016 da banda. A apresentação também terá projeções personalizadas para cada canção, num transformando o show num espetáculo único. Mais informações no site do Sesc.
Os goianos dos Boogarins despedem-se de 2016 oficializando “Olhos”, velha conhecida dos fãs, que encerra o ciclo do segundo disco da banda, o Manual.
Eis a mesma música em uma versão em 2013:
Mas pelo visto o terceiro disco – que já está gravado – vai para um lado completamente diferente… Eletrônico? E dizem que ele chega logo no começo do ano, que boa notícia! Será que eles mostram algo nos primeiros shows de 2017? O grupo toca na primeira edição baiana do Coquetel Molotov dia 14 de janeiro, depois em São Paulo no Sesc Pinheiros dia 27 e no dia seguinte no Circo Voador, no Rio de Janeiro, ao lado dos conterrâneos do Carne Doce.
Em sua décima terceira edição, o pernambucano Coquetel Molotov se consolida como um dos melhores do país – escrevi sobre o festival no meu blog do UOL.
Conheço Recife desde os tempos em que o mangue beat ainda era uma novidade recebida com estranhamento pelos próprios pernambucanos, que demoraram para reconhecer que aquela mistura de tradição e modernidade encabeçada por Chico Science aos poucos colocaria a cidade não apenas no mapa musical do Brasil como no atlas da cultura mundial. A natureza tradicionalmente cosmopolita da cidade – resquício da colonização holandesa liderada por Maurício de Nassau no século 17 – havia entrado em estado de hibernação durante os anos 80 e a turma dos caranguejos com cérebro sonhava em voltar a respirar uma cidade que fosse reconhecida por sua rica cultura e mentalidade aberta, não pelos índices de violência e de pobreza.
Um quarto de século depois dos primeiros rascunhos do mangue beat, a décima terceira edição do festival pernambucano Coquetel Molotov foi a materialização daquela utopia imaginada no início dos anos 90, quando os primeiros agitadores culturais que criaram aquele movimento hoje histórico começaram a se conhecer. Eles imaginavam uma Recife conectada ao resto do estado, do país e do mundo sem fazer escalas pela ponte Rio-São Paulo, refletindo a atmosfera naturalmente moderna da capital pernambucana em uma conversa internacional e moderna, colocando artistas e público numa sintonia alheia às demandas ou exigências do mercado.
E foi isso que aconteceu na ampla fazenda colonial Coudelaria Souza Leão, neste sábado, dia 22, que recebeu a melhor safra do pop brasileiro deste ano, desfilando entre os dois principais palcos do dia final do evento, que desta vez teve etapas realizadas nas cidades de Belo Jardim (no interior do Pernambuco) e Belo Horizonte nas semanas anteriores. Quase dez mil pessoas assistiram a shows de artistas de diferentes estados brasileiros e de outros países, mas mais do que as atrações musicais o que realmente determinava a atmosfera do festival era o público.
Um púbico completamente misturado – de diferentes etnias, classe sociais, faixas etárias e gêneros -, respeitoso e exigente, entregues à música fosse ela a hipnose psicodélica dos goianos dos Boogarins, o groove sintético da paulistana Céu, o ativismo dance da curitibana Karol Conká ou a pista pesada dos soteropolitanos do BaianaSystem. Em cada um dos shows o público reagia de forma diferente, mas sempre entrando em sintonia completa com a realidade musical proposta por cada atração. Era uma pequena multidão que ia do transe reverente ao baile apaixonado, da surpresa empolgada ao êxtase corporal, deixando os artistas à vontade para fazer o que melhor sabiam.
Isso potencializou shows naturalmente fortes, como o de Céu e do BaianaSystem, donos de dois dos melhores discos e shows deste ano. Frente ao público do palco principal do festival (dentro de um enorme casarão colonial), os dois suaram sorrindo para fazer apresentações irrepreensíveis, conduzindo a platéia na mão ao mesmo tempo em que se entregavam a ela. Já artistas como o paranese Jaloo, a banda carioca Ventre e os norte-americanos do Deerhoof souberam aproveitar as dimensões menores do palco aberto e fizeram shows de pura adrenalina: Jaloo entregue aos braços da audiência, a baterista Larissa Conforto da Ventre mais uma vez roubou a cena com uma intensa intervenção política e os norte-americanos descarregando eletricidade e ritmo. Shows intensos em que parte dessa energia vinha da cumplicidade quase instantânea entre bandas e público.
Entre os dois palcos, este público também circulava entre um mercado de compras, o terceiro palco do festival (a Rural do Rogê, uma velha caminhonete que abriga shows itinerantes pelo Recife, capitaneada pelo Rogê da antiga Soparia, eternizado na música “Macô” da Nação Zumbi) e um quarto palco, bem menor e sem iluminação, quase uma ocupação, que foi colocado entre os dois palcos principais para receber bandas instrumentais. Música para todo o lugar que você ouvisse, cercando um público que começou a frequentar shows exatamente quando o mangue beat começou a ser incorporado ao mainstream da cidade e o Coquetel Molotov começava a dar seus primeiros passos, ainda sob o epiteto de “o festival indie do Recife”.
Treze anos depois o festival cresceu e seu público também, bem como suas ambições culturais e estéticas. E o que viu-se neste sábado no Recife foi justamente a maturidade completa de uma cena local, aberta para o novo e disposta a se reinventar constantemente, uma vez que a cena já entendeu esta realidade. Para o ano que vem eles tentam um desafio ainda maior: trazer o festival para São Paulo. Não apenas alugar uma casa noturna e desfilar algumas atrações que também levarão para o Recife, mas reproduzir em São Paulo a atmosfera deste que é o festival mais alto astral do Brasil. Um desafio e tanto.
Mudança de estação.
Jane Weaver – “Don’t Take My Soul”
Ladyhawke – “Paris is Burning (Cut Copy Remix)”
JJ – “Things Will Never Be The Same Again”
Lemon Jelly – “The Stauton Lick”
Yumi Zouma – “Catastrophe”
Helvetia – “Old, New Bycicle”
Bees – “Listenig Man”
Mild High Club – “Note to Self”
Of Montreal – “The Party is Crashing Us”
Guilherme Arantes – “Deixa Chover”
Mahmundi – “Desaguar”
Daryl Hall + John Oates – “You Make My Dreams”
Dumbo Gets Mad – “Future Sun”
Boogarins – “Mario de Andrade/ Selvagem”
Brian Eno – “St. Elmo’s Fire”
Jupiter Apple – “Bridges of Redemption Park”
Tatá Aeroplano – “Outono à Toa”
Built to Spill – “Bad Light”
Arcade Fire – “Flashbulb Eyes”
Melody’s Echo Chamber – “Some Time Alone, Alone”
Good Morning – “Warned You”
Elliot Smith – “A Passing Feeling”
Lupe de Lupe – “Colgate”