Bonifrate 2021: “Aberto e livre”

, por Alexandre Matias

(Foto: Antonia Moura)

“Corisco deve ser o meu disco mais ‘realista’ do ponto de vista da gravação dos sons desde Os Anões da Villa do Magma, de 2005”, explica o ex-supercordas Pedro Bonifrate sobre o novo disco que prepara-se para lançar no início de julho. “Quer dizer, quase não usei instrumentos ou efeitos digitais, é tudo bem mecânico e analógico. Nesse sentido, o trabalho do Diogo Valentino (ex-baixista dos Supercordas e que mixou o novo disco) foi primoroso e fundamental pra deixar tudo soando tão bem.” Além da já lançada “Rei Lagarto”, o primeiro single, esta sonoridade pode ser conferida na segunda faixa que ele mostra do novo disco, “Casiopeia”, que ele lança em primeira mão no Trabalho Sujo.

Ouça abaixo.

“Musicalmente ela anda bem dentro das minhas referências tradicionais, o verso é meio Spiritualized, o refrão é meio Flaming Lips da época do Clouds Taste Mettalic. Foram sonoridades que apareceram quando já estava gravando e procurando os climas e os timbres”, continua. “‘Casiopeia’ já estava na minha cabeça há um tempo, acredito que desde 2016, quando tinha um refrão diferente, que era até mais pop, digamos, mas como em outras canções que escrevi, de alguma forma ele não cabia ali. Então eu escrevi dois novos refrões logo antes de gravar essa versão final pro Corisco em 2020. Lá em 2016, a minha ideia é que ela fosse gravada pelos Supercordas, mas a banda acabou no fim do ano e acabou ficando pro meu novo disco solo, como outra faixa que vai sair no Corisco, chamada ‘Grande Nó’, e como ‘Lady Remédios’, que lancei em 2017.”

O mestre psicodélico de Parati faz outras conexões a partir da canção. “A segunda estrofe tem uns versos inspirados numa entrevista com o Eduardo Galeano, que eu já havia sampleado pra um remix que fiz da banda Luneta Mágica, de Manaus. Ele fala de um mundo em gestação dentro deste mundo, e que não é um parto fácil, que esse aqui é um mundo de merda, mas não é o único mundo possível. Acho que a canção parte mais ou menos daí, e acaba apontando pra uma odisseia espacial subjetiva, pra esse que é pra mim o grande lance da psicodelia: a mudança de perspectiva que te faz entender melhor o mundo e nós mesmos.”

Ele também mostra a capa do novo disco e a ordem das faixas. “Eu já tinha tirado a foto da capa do Corisco há algum tempo, mas queria que ela tivesse algo especial, então me lembrei que minha amiga Antonia Regina Moura tinha feito uma exposição com impressões em cianótipo que achei geniais. Pedi pra ela fazer algo do tipo com a foto e achei o resultado perfeito, e seguimos com o mesmo conceito pro resto da arte do álbum.”

Ouça a primeira faixa do disco

“Rei Lagarto”
“Casiopeia”
“Vênus”
“Corisco (parte 1)”
“Tela azul”
“Cara de pano”
“Lunário”
“2054”
“Grande nó (feat. Betina)”
“Corisco (parte 2)”

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