Segunda é dia de discotecagem ao vivo no twitch.tv/trabalhosujo a partir das 21h – e na semana passada, fomos ao inferno…
Nick Cave & the Bad Seeds – “Red Right Hand”
Mopho – “Sine Diabolos Nullus Deus”
Nirvana – “Escalator to Hell”
Johnny Cash – “Mean as Hell”
Flying Burrito Brothers – “Christines Tune (Devil in Disguise)”
Elvis Presley – “(You’re The) Devil in Disguise”
Kiko Dinucci + Tulipa Ruiz – “O Inferno Tem Sede”
Clash – “Straight to Hell”
Daniel Johnston – “Devil Town”
Belchior – “Como o Diabo Gosta”
Jorge Mautner – “O Diabo”
Raul Seixas – “Eu Sou Eu, Nicuri é o Diabo”
Cérebro Eletrônico – “Deus e o Diabo no Liquidificador”
Boards Of Canada- “The Devil Is In The Details”
Mutantes – “Ave Lúcifer”
Pink Floyd – “Lucifer Sam”
Billie Eilish – “All The Good Girls Go To Hell”
Wilco – “Hell is Chrome”
Eric Clapton – “Hell Hound on My Trail”
Ave Sangria – “Sob o Sol de Satã”
Roberto Carlos – “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”
Erasmo Carlos – “Para O Diabo Os Conselhos De Vocês”
David Bowie – “The Pretty Things Are Going To Hell”
Gang Of Four – “To Hell With Poverty!”
Rapture – “The Devil”
Trammps – “Disco Inferno”
Rolling Stones – “Sympathy for the Devil”
Max Romeo & The Upsetters – “Chase the Devil”
Prodigy – “Outta Space”
Alicia Keys + Nicki Minaj – “Girl On Fire (Inferno Version)”
Beck – “Devil’s Haircut”
Funkadelic – “Miss Lucifer’s Love”
Gil Scott-Heron – “Me and the Devil”
Jards Macalé – “Besta Fera”
Zé Ramalho – “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu”
Raul Seixas – “Rock do Diabo”
Paul McCartney – “Run Devil Run”
AC/DC – “Highway to Hell”
Girls Against Boys – “Disco Six Six Six”
Kanye West + Rick Ross – “Devil In A New Dress”
Djonga + Filipe Ret – “Deus e o Diabo na Terra do Sol”
Fall – “Lucifer Over Lancashire”
B-52’s – “Devil In My Car”
Beatles – “Devil In Her Heart”
Atonais – “Chamas do Inferno”
Fito Páez – “El Diablo de Tu Corazon”
Titãs – “Deus e o Diabo”
Di Melo – “Lúcifer”
Robert Johnson – “Me And The Devil Blues”
Black Sabbath – “Black Sabbath”
Hüsker Dü – “Private Hell”
Franz Ferdinand – “The Fallen”
A gravadora inglesa Warp, uma das principais referências musicais das últimas décadas, anuncia a comemoração de seu trigésimo aniversário lançado uma caixa com dez vinis cheia de raridades, com mixes, documentários, apresentações ao vivo e outras pérolas de um elenco que inclui nomes como Aphex Twin, Flying Lotus, Oneohtrix Point Never, LFO, Bibio, Mount Kimbie, Seefeel, entre outros. E o anúncio vem com uma das raridades mais esperadas pelos fãs: a versão na íntegra da Peel Sessions que o grupo Boards of Canada gravou em 1998 – que virou um EP em vinil lançado no ano seguinte, mas que teve de ser recolhido pois uma das faixas, “XYZ”, teve problemas com a utilização de direitos autorais alheios. A sessão ao vivo na BBC contou com quatro faixas ao vivo – “Aquarius”, “Happy Cycling”, “Olson” e a referida faixa problemática, que agora ressurge inclusive como teaser da caixa, direto no YouTube:
A caixa já está em pré-venda (e custa 150 dólares) e, além dos 10 vinis com raridades dos principais nomes do selo (veja abaixo), ainda traz peças impressas (oito cartazes feitos pela dupla ucraniana de fotógrafos experimentais Synchrodogs, quatro offsets, entre outros) e dez adesivos.
Aphex Twin
Peel Session 2
10 de abril de 1994
“Slo Bird Whistle”
“Radiator (Original Mix)”
“p-string”
“Pancake Lizard”
Bibio
WXAXRXP Session
21 de junho de 2019
“Haikuesque”
“Petals”
“All the Flowers”
“Lovers Carvings”
Boards Of Canada
Peel Session
21 de julho de 1998
“Aquarius (Version 3)”
“Happy Cycling”
“Olson (Version 3)”
“XYZ”
Flying Lotus
Presents INFINITY “Infinitum” – Maida Vale Session
19 de agosto de 2010
“MmmHmm”
“Golden Axe”
“Tea Leaf Dancers”
“Drips”
Kelly Moran
WXAXRXP Session
“In Parallel (acoustic)”
“Helix 2 (TransAcoustic)”
“Interlude 1”
“Love Birds (acoustic)”
“Radian (TransAcoustic)”
LFO
Peel Session
20 de outubro de 1990
“Take Control”
“To The Limit”
“Rob’s Nightmare”
“Lost World”
Mount Kimbie
WXAXRXP Session
21 de junho de 2019
“You Look Certain (I’m Not So Sure) (feat. Andrea Balency)”
“Delta”
“Marilyn (feat. Micachu)”
“Made To Stray”
Oneohtrix Point Never
KCRW Session
23 de outubro de 2018
“Love In The Time Of Lexapro”
“RayCats”
“Toys 2”
“Chrome Country”
Plaid
Peel Session 2
8 de maio de 1999
“Housework”
“Kiterider”
“Elide”
“Lazybeams”
Seefeel
Peel Session
27 de maio de 1994
“Rough For Radio”
“Starethrough”
“Vex”
“Phazemaze”
De volta, finalmente.
Chris Forsyth + The Solar Motel Band – “Dreaming In The Non-Dream”
LCD Soundsystem – “How Do You Sleep?”
Negro Leo – “Lek Lover”
Olivia Tremor Control – “I Have Been Floated”
Cream – “Dreaming”
Nina Becker – “Voo Rasante”
Neil Young – “Pocahontas”
Boogarins – “Foimal”
Deerhoof – “Small Axe”
Can – “Vitamin C”
Can – “Mother Sky”
Can – “Future Days”
Boards of Canada – “Cold Earth”
Maglore – “Me Deixa Legal”
Led Zeppelin – “Down By the Seaside”
Sérgio Sampaio – “Não Tenha Medo Não! (Rua Moreira, 65)”
Creedence Clearwater Revival – “Bad Moon Rising”
Taylor Swift – “Look What You Made Me Do (Boss in Drama)”
Em 2010, a pedidos da revista Fact, o produtor londrino Harry Agius, o Midland, havia dado um tapa na singela “Olson“, do Boards of Canada, dando-lhe um groove inexistente na versão original e levando a música para outra dimensão. Agora ele libera sua versão – inclusive pra download – em sua conta no Soundcloud.
Hoje também estreei a coluna Refletor (a citação desta vez é do disco mais recente do Arcade Fire) no site Brainstorm9. Esta é semanal e nela vou falar de música e tecnologia. E começo juntando Daft Punk com Aphex Twin, Boards of Canada com My Bloody Valentine, David Bowie com Beyoncé e o desafio de chamar atenção na internet.
O próximo dia
Entre lembranças de acesso aleatório e a colheita do amanhã
Antes era fácil: lançar disco e fazer show, esperar que toque no rádio ou que alguém goste e conte pros amigos, que irão comprar o disco e ir ao show. Felizmente isso é passado. A facilidade de antes tinha um preço: havia menos gente no jogo da música. No novo século há cada vez mais gente produzindo música por inúmeras razões diferentes. Haja rádio e casas de show pra tocar todos os artistas que existem no mundo hoje – as que existem não dão conta.
Por isso a internet tornou-se não apenas a grande plataforma de lançamento de novos artistas – superando o rádio, a TV, os jornais, as lojas e as gravadoras – mas também seu grande palco. É na rede que surgem e se apresentam os grandes e pequenos novos gênios ou picaretas do mercado da música no século 21.
As rádios ainda tocam novatos que são ouvidos diariamente por milhares de pessoas do mesmo jeito que as lojas de disco ainda vendem novos nomes que importam para alguns milhões de pessoas pelo planeta. Mas os números de hoje não são nada se comparados com os do passado, quando milhões de pessoas conheciam as poucas centenas de artistas verdadeiramente populares no mundo, escolhidos por algumas dezenas de executivos que, em muitos casos, nem se importavam com música.
Hoje vivemos num outro mundo. A facilidade de se expressar artisticamente – não apenas musicalmente – vem acelerando na mesma velocidade em que a facilidade de distribuir sua produção artística, seja ela filme, tweet, livro, aplicativo, festa, perfil em mídia social, seriado, peça publicitária, graphic novel, evento, game, clipe, álbum, tirinha, monólogo, site, canção, crônica, reality show, comentário, festival ou a fusão de cada um destes itens uns com os outros. O consumidor/produtor do início da década passada, motor da infância e adolescência da web 2.0, banalizou tanto o conceito de celebridade quanto o de artista.
Assim todos somos artistas o tempo todo, sempre mais conscientes deste papel e das necessidades de atingir um novo público. E este – que nos inclui – cada vez mais disperso, exposto a mais música – nova e velha, ambas vindo às torrentes – e engolindo tudo que seus ouvidos podem ouvir. Antes era caro conhecer muita música – uma boa discoteca requer um senhor investimento -, hoje basta conexão com a internet e disposição para fuçar ou para levar-se pela transmissão. Não há mais um veio principal a ser perseguido e a tempestade de som nos persegue para onde quer que vamos.
Por isso se antes o processo de voltar a se comunicar com o público exigia apenas mostrar serviço – faixas novas, novas fotos de divulgação, notícias sobre um novo disco – agora é um trabalho que exige dedicação, estratégia e imaginação.
No ano passado, o Daft Punk começou o processo de divulgação de seu disco lançando um teaser de segundos num comercial de TV (um microtrecho que chegou a render remixes!) para depois lançar o refrão do primeiro single no intervalo entre shows de um grande festival, revelando as participações do rapper Pharrel e de um dos pais da disco music comercial, Nile Rodgers, do Chic. A estratégia funcionou – e quando “Get Lucky” começou a ser vendida, puxando o ótimo e retrô “Random Access Memories”, já era uma das músicas mais ouvidas de 2013.
Outro grupo, mais obscuro mas igualmente eminente, optou por uma caça ao tesouro. No Record Store Day do ano passado, a dupla Boards of Canada espalhou pistas de seu novo disco em lojas de discos, no YouTube e em sites de fãs da banda. Ao juntar os pedaços os fãs ouviam um trecho do novo disco, além de descobrirem o título e a data de lançamento de seu “Tomorrow’s Harvest”, que figurou entre os melhores discos do ano passado em diferentes listas.
2013 também viu o lançamento repentino de discos de gente como David Bowie (com “The Next Day”), My Bloody Valentine e Beyoncé (em discos homônimos), que anunciaram seus álbuns mais recentes ao mesmo tempo em que os lançaram – uma tática semelhante à do Radiohead em 2007, com seu “In Rainbows”. Mas naquela época o grupo inglês era a exceção – e por sua natureza experimental seria natural experimentar também na estratégia de lançamento. Bowie, MBV e a senhora Carter fizeram semelhante caminho e tiraram seus coelhos das cartolas antes que alguém pudesse cogitar que discos novos estavam sendo produzidos.
Quem puxa esse carro em 2014 é o produtor inglês Richard D. James, o enigmático Aphex Twin, que desde 2001 não lança material novo e, de uma hora pra outra, apareceu com novo disco na área. Primeiro soltou um zepelim de brinquedo nos céus londrinos com seu logotipo num sábado, depois o mesmo logo apareceu pixado nas calçadas de Nova York num domingo. Na segunda twittou um endereço que só podia ser acessado usando o navegador Tor, que permite conectar-se à chamada “deep web”, recanto digital da rede por onde armas, pornografia e drogas correm soltas. O endereço anunciava o título do novo trabalho – “Syro” – e a data de lançamento, confirmada pela gravadora Warp como sendo em outubro.
E isso por que estamos falando de nomes como Daft Punk, Beyoncé, Aphex Twin, My Bloody Valentine, Boards of Canada e David Bowie. Nomes que, mais ou menos conhecidos, são gigantes para seus séquitos de fãs. Gente que não teria dificuldade para emplacar a notícia sobre um disco novo. Mas se até os grandes se sentem desafiados e instigados a repensar seus lançamentos à era digital, que dizer dos pequenos que não correm nenhum risco e não têm nada a perder?
O século digital ainda está engatinhando, apesar de já acharmos que já o conhecemos faz tempo.
[* O nome desta coluna é uma referência ao álbum Reflektor, do grupo canadense Arcade Fire, um disco que, apesar de não parecer à primeira vista, fala justamente sobre a época digital em que vivemos. Música e tecnologia são os assuntos aqui.]
Interrompo minhas férias para avisar que Tomorrow’s Harvest apareceu online. Vi no tweet desse cara.
Volto agora ao fim das minhas férias.
E os números que faltavam para o quebra-cabeças do Boards of Canada foram aparecer num comercial do Cartoon Network! Saca só:
Em seguida, o próprio Jason DeMarco, executivo do canal, confirmou a transmissão em um tweet:
Assim, a lista final de números ficou sendo:
699742 / 628315 / 717228 / 936557 / 813386 / 519225
Assim que este número foi revelado, os canais digitais da banda passaram a redirecionar para o site Cosecha Transmissiones, que exibia uma tela de login emulando DOS:
A senha era a sequência de números de uma vez só, que revelava o vídeo abaixo, que mostrava o nome do disco e a data de lançamento do próximo disco da dupla.
Tomorrow’s Harvest será lançado no dia 10 de junho, sua capa segue abaixo, junto com a ordem de músicas e já está em pré-venda.
“Gemini”
“Reach For The Dead”
“White Cyclosa”
“Jacquard Causeway”
“Telepath”
“Cold Earth”
“Transmisiones Ferox”
“Sick Times”
“Collapse”
“Palace Posy”
“Split Your Infinities”
“Uritual”
“Nothing Is Real”
“Sundown”
“New Seeds”
“Come To Dust”
“Semena Mertvykh”
Muitos podem reclamar de tanto barulho por nada; eu discordo. Com alguns ruídos inseridos em pontos específicos do imaginário de onde está seu ouvinte (uma loja de discos em Nova York, outra em Londres, um programa de rádio na BBC e outro na NPR, uma mensagem escondida num fórum online e um comercial num canal de desenhos animados), o Boards of Canada conseguiu voltar para a pauta do dia num ano cheio de grandes voltas (do Neutral Milk Hotel ao Black Sabbath, passando pelo Daft Punk), chamando atenção numa época em que é bem difícil chamar atenção. Com um mínimo de esforço, contatos e a reverência dos fãs.
E mesmo sem saber se o novo disco é digno de tanta espera, ele já se tornou referência cultural, a ponto do disco que originou tudo estar sendo leiloado online e os lances ao redor do disco já terem ultrapassado a casa dos milhares de dólares…
Por bem menos (parcos 20 dólares) compra-se no mesmo eBay uma camiseta que registra esse momento:
Mais uma pista na misteriosa chegada do próximo disco do Boards of Canada. Esta apareceu no fórum de fãs Twoism e mostra o nível de detalhismo desta caçada. O fórum conta com um sistema rotativo de banners para ilustrar seu título, mas alguns de seus integrantes perceberam que havia algo de estranho em uma das imagens – que antes era limpa e, de repente, apareceu com uns borrões.
Ao abrir o gif do banner como se fosse um arquivo de texto, um fã descobriu que haviam um texto cifrado no meio da série de letras, números e caracteres que normalmente surgem quando você abre um arquivo que não é de texto nesse formato. Lia-se:
GIF89a
csch,hexagon sun,boc,hell interface,boards of canada,music70,boctransmission,hexagonsun,fyt,twoism
http://snd.sc/11W7vpv
http://snd.sc/11W726Q
there is another…
GIF89ai
Além das palavras reconhecíveis associadas ao grupo, havia dois links encurtados para arquivos de áudio no Soundcloud: este e este (que não permitem ser embedados).São apenas ruídos batizados com a letra grega sigma (∑) que, em matemática, significa “soma”. Para não ter dúvidas, os dois arquivos vinham com a seguinte imagem como ilustração:
E é lógico que um fã somou os dois trechos num mesmo arquivo de áudio que, tcharã!, repetia o formato dos áudios anteriores revelando nova sequência de números:
6-2-8-3-1-5
Ainda no arquivo de texto extraído da imagem do banner do fórum havia outra dica. Logo após a frase “there is another” há a sigla “GIF89ai” que difere apenas em uma letra da “GIF89a” onde está localizada a “explicação” para o emaranhado de caracteres. Depois de “GIF89ai” há uma outra série de dígitos que, se forem salvos como um arquivo de imagem dão origem à imagem abaixo:
Assim, a sequência de números torna-se esta:
“699742/628315/717228/936557/——/519225″
O que ela quer dizer, ainda é motivo de pura especulação. Mas as principais apostas seriam que ela trará o nome do novo disco e a data de lançamento, que muitos apostam em junho pela obsessão do grupo com o número “6” (a soma dos números de 2013 também é 6, o que faz outros tantos apostarem no dia 6 de junho como a data em que conheceremos o novo disco dos irmãos Sandison e Eoin.