Imagine você ter um show programado para fazer em Birmingham, cidade-natal de Ozzy Osbourne, no dia em que o inglês morreu. Foi o que aconteceu com Geordie Greep, que não pestanejou e fez sua banda tocar uma sequência de músicas do Black Sabbath e do próprio Ozzy logo no início de sua apresentação na casa noturna XOYO, na terça passada. O ex-Black Midi emendou um medley instrumental com “Symptom Of The Universe”, “War Pigs”, “N.I.B.”, “Paranoid”, “Sweet Leaf” e “Crazy Train”, cujos vocais ficaram por conta do próprio público. “É meio cafona falar esse tipo de coisa, mas é muito doido pensar que esses quatro caras fizeram essa música que mudou tudo vieram dessa cidade”, comentou logo depois da homenagem, dedicada a Ozzy. “Pensa nisso, você compra uma guitarra e vai ensaiar com a sua banda com doze anos de idade, toca essas músicas e parece que você tem superpoderes, é como se fosse mágica. E esses caras vieram dessa cidade, que não é exatamente Beverly Hills”. Não custa lembrar que Greep fez um dos grandes discos do ano passado (o ótimo The New Sound) e é uma das atrações que a Balaclava está trazendo para seu festival em novembro, quando toca antes de Yo La Tengo e do Stereolab.
Uma boa forma de celebrar a passagem de Ozzy Osbourne é mergulhar em uma das apresentações mais icônicas do Black Sabbath, um show de 1970 que alimentou gerações de fissurados que não puderam ter a oportunidade de ver o grupo no auge. Vendido primeiro como um disco e depois como um VHS (e, finalmente, DVD) pirata com o título de Live in Paris 1970, o show na real aconteceu no Théâtre 140 em Bruxelas, na Bélgica, e foi transmitido ao vivo pela Yorkshire Television no dia 3 de outubro de 1970, enfileirando uma sequência de músicas que começa com “Paranoid” passa por “Hand Of Doom”, “Rat Salad”, “Iron Man”, “Black Sabbath”, “N.I.B.”, “Behind The Wall Of Sleep”, uma jam puxada pro jazz e uma versão de oito minutos de “War Pigs” antes de terminar com “Fairies Wear Boots”. Uma pedrada.
Escrevi sobre a morte de Ozzy Osbourne e sua importância para a música e para o rock em mais um texto para o Toca UOL.
Por mais que a vida de Ozzy Osbourne sempre estivesse vizinha da morte por seus inomináveis excessos, saber de sua passagem no mês em que despede-se dos palcos causa uma dor gigantesca. Obrigado, mestre!
O Black Sabbath vai transformar sua despedida em um evento cinematográfico ao anunciar que Back To The Beginning chegará às salas de cinema no início do ano que vem. A esbórnia metal que foi reunida em Birmingham, na Inglaterra, no início deste mês, para celebrar o último encontro no palco de Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward no palco, não apenas foi um dos grandes acontecimentos musicais e de mídia do ano como reuniu quase toda a árvore genealógica nascida a partir do gênero inventado pelo grupo, reunindo artistas como Metallica, Guns N’Roses, Slayer, Tool, Pantera, Gojira, Alice in Chains, Anthrax, Mastodon e outras dezenas de nomes, que transformaram o 5 de julho numa data histórica. O show reuniu 45 mil pessoas no mesmo lugar, além de ter sido assistido por quase seis milhões de pessoas por streaming pago, fazendo o grupo arrecadar 140 milhões de libras (um bilhão de reais!), que foram doados para a caridade, O que não se sabe sobre o filme é se ele mostrará cenas dos shows de abertura ou se concentrará apenas no show solo de despedida de Ozzy, que antecedeu o último show do Sabbath, e a missa negra final dos quatro titãs do metal – além de todos os bastidores do reencontro, o que parece ficar subentendido no comunicado que a banda fez sobre o filme em suas redes sociais.
Mas não importa. Pode juntar todas as bandas que tocaram antes e todas as bandas de todos os integrantes que também tocaram nas longas horas antes do último show da formação clássica do Black Sabbath que todas se encolhem perto da criação musical proposta pelo grupo no final dos anos 60, quando eram uma banda psicodélica bad vibe que resolveu tocar mais alto e soar mais pesada. E por menor que tenha sido a apresentação final do grupo – que, pela saúde de Ozzy Osbourne, só contou com quatro músicas -, ele agigantou-se como a epicidade que a noite pedia: assistimos à despedida de um titã mitológico que criou o universo habitado nas mentes de todos que acompanharam o evento Back to the Beginning em qualquer nível de profundidade. Ao tocar pela última vez juntos “War Pigs”,“Iron Man”, “N.I.B.” e “Paranoid” (separei vídeos das quatro logo abaixo), Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy – que, como em seu show solo que apresentou antes do último show do Sabbath, não fez feio, apesar de suas limitações físicas -, mostraram porque, mais do que os pais da matéria, eles são o maior nome da história do heavy metal e seus cinco primeiros discos – Black Sabbath e Paranoid (ambos de 1970), Master of Reality (1971), Vol. 4 (1972) e Sabbath Bloody Sabbath (1973) – são o pentateuco da Bíblia do som pesado, obrigatórios e didáticos para qualquer um que se aventure nesta seara. E apesar da melancolia inevitável de uma despedida, foi bonito ver o mundo curvar-se à majestade de um quarteto que, se não fosse a música, passaria anônimo para a posteridade, sem marcar tanto a vida de todos – até de quem nem sabe o que é a banda. Obrigado, Black Sabbath!
Este sábado foi o histórico dia em que o Black Sabbath fez seu último show, realizado em Birmingham, sua cidade-natal na Inglaterra, transformando o evento Back to the Beginning numa grande festa de despedida que deu a dimensão da importância da banda ao reunir quase todas as principais bandas de heavy metal da história que ainda estão na ativa, além de vários ídolos do metal que são fãs do Black Sabbath para celebrar o adeus do grupo. E como uma parte importante desta noite, o próprio Ozzy Osbourne – disparado o integrante da banda mais debilitado fisicamente – aproveitou para fazer sua última aparição solo, que contou com o épico “O Fortuna”, da cantata Carmina Burana, de Carl Orff, como trilha sonora para sua subida no palco (erguido por um elevador que já o trouxe sentado em seu trono), para cantar um show de meia hora composto por “I Don’t Know”, “Mr. Crowley”, “Suicide Solution”, “Mama, I’m Coming Home” e “Crazy Train” (veja o show na íntegra abaixo), que ainda teve direito a discurso emocionado e ser surpreendido, nos bastidores, pelo namorado de sua filha, Kelly, o tecladista do Slipknot Sid Wilson, pedindo-a em casamento em frente aos pais. Que dia histórico!
Este sábado entra para a história como o dia do último show do Black Sabbath, que transformou sua despedida num dos maiores festivais de heavy metal de todos os tempos em sua cidade-natal, Birmingham, na Inglaterra. Aproveitando a oportunidade, o Centro Lego de Descobertas instalado na cidade resolveu homenagear estes ilustres cidadãos propondo uma versão Lego da banda, que só pecou por transformar o canhoto Tony Iommi em guitarrista destro. Infelizmente não está à venda, mas se estivesse tenho certeza que muita gente compraria…
Às vésperas de seu monumental último show, que acontece neste sábado, em sua cidade-natal, em Birmingham, na Inglaterra, os integrantes da formação clássica do Black Sabbath – Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward – já se reencontraram depois de anos sem estar os quatro no mesmo lugar, como vemos nessa foto tirada por Sharon, mulher de Ozzy. Aproveitando a notícia do último show, o grupo vê o ressurgimento de sua primeira fase, antes de gravar o primeiro disco e chamar-se Black Sabbath, surgir num disco chamado Earth: The Legendary Lost Tapes, lançado pela gravadora Big Bear, do produtor Jim Simpson, que descobriu a banda quando eles ainda se chamavam The Polka Tulk Blues Band e ajudou-o a mudar seu nome e a gravar num estúdio pela primeira vez, em 1969, gravações que finalmente chegam ao público depois de anos circulando apenas como gravações piratas. O disco, contudo, ainda não está em pré-venda e seu lançamento não tem nenhuma relação com os integrantes do grupo. E pra quem quiser assistir ao show, já que não dá mais pra ver pessoalmente (ingressos esgotadaços), pode pagar para ver a transmissão da histórica apresentação.