Pesado esse show que a Bike fez com o Tagore nessa terça-feira no Centro da Terra, enfileirando hits da lisergia brasileira que colocava os dois artistas num cânone viajandão que enfileirava Arnaldo Baptista solo (LSD), Pedro Santos (“Um Só”), Cérebro Eletrônico (“Pareço Moderno”), Júpiter Maçã (“Um Lugar do Caralho”), Fábio (“Lindo Sonho Delirante”), Tom Zé (“Parque Industrial”) e Violeta de Outono (“Declínio de Maio”), entre outros clássicos da música psicodélica brasileira, todos rearranjados com muito peso, microfonia e ritmo, cortesia da química entre os integrantes da banda paulista. O ápice da apresentação foi quando o grupo soltou Tagore em cima de dois hinos do udigrudi nordestino, quando emendou “Vou Danado pra Catende” de Alceu Valença com “Nas Paredes da Pedra Encantada Os Segredos Talhados por Sumé” do mitológico Paebirú, de Zé Ramalho e Lula Côrtes, que contou com uma interpretação possessa do vocalista pernambucano.
Artistas contemporâneos e da mesma árvore genealógica, embora cada um nascido num canto do país, Bike e Tagore já estiveram juntos outras vezes, mas pela primeira vez criam um espetáculo em parceria, quando se reuniram para apresentar MPB ou LSD?, uma apresentação que funciona como uma jornada à alma psicodélica da música brasileira, cruzando os mares lisérgicos desde os tempos dos Mutantes, passando pelo udigrudi pernambucano dos anos 70, os experimentos paulistanos dos anos 80, o ácido rock gaúcho dos anos 90 e a cena retropsicodélica da qual fazem parte neste século. Essa viagem começa pontualmente às 20h desta terça-feira e os ingressos podem ser comprados neste link.
Vamos para mais um mês de atrações no Centro da Terra? Além da temporada de segunda-feira e dos shows de terça, neste mês teremos música ao vivo também às quartas, por isso são mais quatro shows durante o mês que começa na semana que vem. E é com maior satisfação que apresento o dono das segundas-feiras do mês: boogarinho Dinho Almeida, que começa a investigar seu trabalho solo na temporada Águas Turvas, primeiro tocando sozinho no palco (no dia 4 de setembro), depois acompanhado de Bebé e Felipe Salvego (dia 11), da dupla Carabobina, Desirée Marantes e Bruno Abdala (dia 18) e finalmente ao lado de sua irmã, Flavia Carolina (no dia 25). A primeira terça do mês, dia 5, traz mais um novo projeto de Thiago França, que volta-se ao free jazz acompanhado de Marcelo Cabral e Welington Pimpa, apresentando seu Thiago França Trio. No dia seguinte, a primeira quarta do mês (dia 6), é a hora de conhecer o trabalho autoral da instrumentista brasiliense Paola Lappicy, que antecipa seu primeiro disco solo no espetáculo Que Mágoa é Essa?, ao lado de Dustan Gallas, Caio Chiarini, Leandrinho, Léo Carvalho e Luciana Rosa. Na terça seguinte, dia 12, é a estreia do conjunto Comitê Secreto Subaquatico, formado por João Barisbe, Helena Cruz, Clara Kok Martins, Lauiz Orgânico e Fernando Sagawa, que apresentam-se no espetáculo Perigosas Criaturas Amigas. Na segunda quarta do mês, dia 13, Maurício Takara encontra-se com Guizado em uma noite de improviso livre chamada Hábitos Generativos. Na outra terça, dia 19, o palco do Centro da Terra recebe o encontro das bandas Bike e Tagore no espetáculo MPB ou LSD?, em que contam a história da psicodelia no Brasil desde os anos 60 até hoje, desenhando uma genealogia da qual as duas bandas fazem parte. Na quarta, dia 20, é a vez de Marília Calderón fazer terapia no palco no espetáculo Que Cida Decida, acompanhada de Felipe Salvego. Na última terça-feira do mês, dia 26, o baiano Enio e o pernambucano Zé Manoel misturam seus trabalhos autorais no espetáculo Encontros Híbridos seguido, no dia 27, do espetáculo Canta pra Subir, em que a cantora paulistana Sophia Ardessore, acompanhada de Nichollas Maia, Abner Phelipe, Fi Maróstica, Matheus Marinho e Lucas Alakofá dão passos além de seu primeiro disco, Porto de Paz. Um bom mês, diz aí. Lembrando que os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda neste link.
O quarteto psicodélico paulista Bike está lentamente preparando a sua volta. Depois de alguns shows repassando o repertório de seus quatro primeiros discos no ano passado, o grupo aos poucos retoma o prumo tirado quando a pandemia se abateu sobre o planeta e o grupo estava prestes a engrenar mais uma turnê internacional. E enquanto retomavam as atividades ao vivo no ano passado, aos poucos foram azeitando o novo trabalho, Arte Bruta, que foi produzido em parceria com o guitarrista Guilherme Held, que trouxe elementos ainda mais brasileiros para o rock lisérgico do grupo, adicionando camadas de ritmo e percussão, além de referências para as letras, que levam seu trabalho para um outro patamar. Uma boa amostra está no primeiro single, “O Torto Santo”, que sai nesta quarta-feira e que o grupo antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo. “A produção de Held trouxe certas características que são exploradas durante todo o álbum”, explica o guitarrista Diego Xavier. “Achamos que O Torto Santo condensa boa parte delas em pouco mais de três minutos, como se fosse uma micro viagem dentro do que é o Arte Bruta.”
O encontro da Bike com o guitarrista Guilherme Held, que produziu o próximo disco da banda, Arte Bruta, no Centro da Terra, convidou o público a um transe coletivo que ia da psicodelia ao krautrock, passando pelo noise e fusion, numa catarse melódica e barulhenta que atordoou a todos os presentes. Impacto fulminante!
E quem encerra a programação de julho do Centro da Terra é a banda Bike, que convidou seu comparsa e produtor de seu quinto álbum, Guilherme Held, para subir no palco do teatro do Sumaré contrapondo o próximo disco da banda paulista, batizado Arte Bruta, com o primeiro disco solo de Held, Corpo Nós, lançado em 2020. A junção destas duas partes dá origem a Corpo Bruto, espetáculo em que três guitarras dando tom da psicodelia desta noite. A apresentação começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados através deste link.
O mês de julho já começou mas a temporada deste mês no Centro da Terra começa só nesta terça-feira por motivos de logísticas. Propus uma temporada com vários artistas para as segundas-feiras, mas a Jadsa só conseguia chegar na terça, por isso a temporada Choque Térmico começa neste dia 5 de julho. A proposta é reunir artistas que misturem as linguagens eletrônica e analógica sem pensar nos limites entre ambas. A primeira noite acontece com o Taxidermia, que Jadsa faz com João Millet Meirelles, e a dupla recebe o músico Pedro Bienemann. Na próxima segunda, dia 11, é a vez de Bernardo Pacheco provocar mais uma apresentação de seu projeto Formação, quando chama Juçara Marçal, Rayani Sinara, Yusef Saif e Mau Schramm para uma noite de improviso livre. No dia 18, a guitarrista Sue, da banda Ozu, apresenta seu trabalho solo ao lado de Eddu Ferreira e Paula Rebellato. E fechando a temporada, dia 25, a multiinstrumentista Theo Charbel convida Guilherme D’Almeida e Vinícius Rodrigues para mostrar suas canções. E isso é só uma temporada. Na próxima terça, dia 12, é a vez de Experimentos n°1, projeto que a artista russa Lena Kilina apresenta com o artista multimídia Dudu Tsuda. Depois, na terça dia 19, Malu Maria, Tika e Laya apresentam o projeto Ondas Sísmicas, concebido pelo pesquisador Gabriel Bernini para celebrar a presença da mulher na música brasileira e o show terá apresentação da Laura Diaz, do grupo Teto Preto. Encerrando o mês a banda paulista Bike sobe pela primeira vez no palco do Centro da Terra para mostrar as músicas de seu próximo LP com a presença do produtor do disco, o guitarrista Guilherme Held. As apresentações começam sempre às 20h e os ingressos podem ser comprados aqui.
Duas forças na nova psicodelia brasileira – a paulista Bike e a capixaba My Magical Glowing Lens – se reúnem neste domingo, às 18h, no CCSP, para realizar mais um show conjunto dentro da programação do Centro do Rock – mais uma vez, de graça (mais informações aqui).
Mais uma vez celebramos o mês de julho com rock no Centro Cultural São Paulo em mais uma edição do Centro do Rock, com trinta atrações gratuitas em quinze dias de show na mítica Sala Adoniran Barbosa, um templo do gênero em São Paulo. Repetindo o sucesso do ano passado, o festival traz o melhor do novo rock brasileiro, reunindo bandas de norte a sul do país em shows de graça. São bandas de rock clássico, psicodélico, new metal, rock alternativo, hardcore, rock instrumental, noise, drone, pós-rock, rock progressivo, indie rock, shoegaze, pós-punk, entre outras variações do gênero de todos as regiões do país: do Ceará ao Rio de Janeiro, do Goiás ao Rio Grande do Sul, do Pará Paraná, do Mato Grosso ao Pernambuco, de São Paulo ao Rio Grande do Norte. A programação é a seguinte:
Quarta, 4, às 21h
Far from Alaska e Deb and the Mentals
Quinta, 5, às 21h
Giallos e Kalouv
Sábado, 7, às 19h
Papisa e Cora
Domingo, 8, às 18h
Stratus Luna e Bombay Groovy
Quinta, 12, às 21h
Oruã e Goldenloki
Sexta, 13, às 19h
Sky Down e Lava Divers
Sábado, 14, às 19h
In Venus e Mieta
Domingo, 15, às 18h
Gorduratrans e Def
Quinta, 19, às 21h
Black Pantera e Molho Negro
Sexta, 20, às 19h
Maquinas e Astronauta Marinho
Sábado, 21, às 19h
Carne Doce e Bruna Mendez
Domingo, 22, às 18h
My Magical Glowing Lens e Bike
Quinta, 26, às 21h
Macaco Bong e Odradek
Sexta, 27, às 19h
Picanha de Chernobill e Marcelo Gross
O Bike, uma das principais bandas da renascença psicodélica brasileira desta década, despede-se de seu segundo álbum, Em Busca da Viagem Eterna, apresentando-se nesta quinta-feira no Centro Cultural São Paulo (mais informações aqui). O ciclo é fechado também com o lançamento do clipe “Terra em Chamas”, mostrado em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.
O líder da banda, Julito Cavalcante, comentou sobre o fim desta etapa, que sobrepõe-se ao início do trabalho do terceiro álbum da banda. “O Em Busca foi importante para nós, caímos na estrada como nunca, foram mais de 70 shows, fizemos nossa primeira turnê européia com bons shows na Inglaterra e no Primavera Sound, trocamos de baixista, o Rafa saiu no meio da turnê e hoje o João está fixo na banda e tivemos a participação de muitos amigos músicos, , Brenno Balbino, que se tornou o quinto elemento do Bike, Gabi, do My Magical Glowing Lens, Danilo, do Hierofante Púrpura e até do Tagore. Tocamos em quarteto, quinteto e sexteto, pudemos tocar pela primeira vez com bandas do cenário mundial aqui no Brasil, como The Black Angels e Os Mutantes, tivemos um EP de Remix feito pelo Renato Cohen que nos surpreendeu. Foi um ano duro mas de amadurecimento como banda e como músicos”, me explica por email.
Sobre o próximo disco, ele garante que sai até maio, quando a banda completa três anos de estrada. “Desde novembro todos voltaram a morar no interior, isso nos deu mais tempo e liberdade, todas as músicas surgiram depois desse retorno, compomos e produzimos tudo com calma”, ele continua. “Isso somado às novas influências que absorvemos durante as viagens pela Europa e pelos extremos do Brasil resultou num álbum mais tranquilo, nos deu uma sensação de cura e entendimento de tudo que aconteceu nessa busca pela viagem eterna”.