Surreal! O adjetivo é óbvio e perfeito para comemorar o inacreditável IV Festival Mário de Andrade, que a Biblioteca Pública de mesmo nome, um dos aparelhos culturais mais clássicos de São Paulo, discorre neste fim de semana. São três dias celebrando 100 anos de surrealismo numa mostra de fazer o olho de qualquer um que goste de arte e cultura brilhar de tantos nomes e temas fodas que serão abordados. Boogarins com Edgar, Grupo Rumo completando 50 anos, Sophia Chablaue e Uma Enorme Perda de Tempo tocando o Loki? do Arnaldo Baptista, Bia Junqueira e Vj Spetto relendo o Manifesto Surrealista, Noporn om Jup do Bairro celebrando Liana Padilha, Caetano Galindo lendo Leonora Carrington e Samuel Beckett, Luiza Lian tocando seu 7 Estrelas, Jal Vieira e Fábio Kabral falando sobre afrofuturismo, Verônica Stigger e Taisa Palhares falando sobre mulheres surrealistas, Getúlio Abelha, Peter Pal Pelbart e Bruna Beber falando sobre loucura e criação artística, Ava Rocha tocando seu Néktar, Daniel Galera e Márcia Tiburi falando sobre distopias, Cristhiano Aguiar e Santiago Nazarian falando sobre o insólito na ficção, performance de Fabiana Faleiros, Maria Isabel Iorio, Gal Freire e Renato Negrão lendo poemas de Roberto Piva (que também será celebrado por Marcelo Drummond e Teatro Oficina), Eduardo Sterzi e Gustavo Silveira Ribeiro falando sobre censura na literatura brasileira, Márcia Kabemba e Pedro Cesarino falando sobre xamanismo e literatura, estreia do documentário O Álbum Privado de Elsa Schiaparelli e exibições de As Pequenas Margaridas (de Věra Chytilová) e muitas outras falas, mostras, feiras, debates, shows, exposições e outras atividades que acontecerão nos dias 15, 16 e 17 deste mês. E o melhor: tudo de graça! A programação completa pode ser vista nesse site.
Não estava programado, mas encerrar a segunda aula do curso História Crítica da Música Brasileira, que estou fazendo no Sesc Pinheiros, com um show gratuito do Metá Metá convidando Jards Macalé dentro do festival Mario de Andrade (organizado pela Biblioteca Municipal que carrega o nome do escritor e pensador paulista) no Paço das Artes, no Centro de São Paulo, deu um tempero especial para o sábado frio de São Paulo. E a experiência não é só pessoal, uma vez que tanto Bernardo Oliveira (que deu a aula deste sábado) e Rodrigo Caçapa (que dará a aula no próximo e estava como ouvinte na aula passada) também concluíram essa jornada comigo, como alguns alunos que pude reencontrar entre o público. O show pecou pelo som baixo – nada justifica terem colocado as caixas de PA rente ao chão e não apontadas para o público -, mas a química entre o trio paulistano e o mestre carioca é irresistível. O Metá Metá começou a apresentação sozinho, enfileirando seus hits irresistíveis, todos recebidos pelo público como bênçãos coletivas: “Oyá”, “São Jorge”, “Orunmilá”, “Atotô”, “Cobra Rasteira” e “Vias de Fato”, esta última cantada baixinho pelo público e ganhando sua condição de reza. Depois o trio chamou o velho Macau para o palco, que logo depois assumiu o show sozinho puxando hinos como “Soluços” e “Vapor Barato”, esta tocada ao lado do sax de Thiago França. Kiko Dinucci e Juçara Marçal voltaram ao palco para acompanhar o compadre em outros clássicos, como “Pano pra Manga”, a nova “Coração Bifurcado”, a imortal “Negra Melodia”, composta com Waly Salomão (te dedico, Juliana Vettore), e “Let’s Play That”, que o Metá já toca em seu repertório habitual. Os quatro não resistiram ao clamor do público e voltaram para o bis cantando “Juízo Final”, de Nelson Cavaquinho, que transformou o local numa missa sobre a vitória da luz sobre as trevas. Ave música!
Hoje à tarde medio a segunda parte do 2º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação em São Paulo, promovido pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação, cujo tema da vez é Transformação Social – Desafios da Ciência e da Pesquisa e discute tanto a transformação demográfica, que será discutida pela parte da manhã, em painel mediado pelo professor e urbanista alemão Martin Gegner, quanto o espaço público, a mobilidade e a inovação social, pontos especificamente em pauta devido a onda de protestos que segue em todo o Brasil desde junho. O Diálogo acontece na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo.