Vida Fodona #838: Brian Wilson (1942-2025)

Música como religião.

Ouça abaixo:  

O dia em que Brian Wilson surfou na TV

Apesar de ser um garoto da praia per se, a única vez que o público viu Brian Wilson surfar foi num especial de TV que os Beach Boys fizeram em agosto de 1976 para a emissora norte-americana NBC na tentativa de atingir um público mais novo. O programa Beach Boys: It’s Ok! misturava cenas de shows, entrevistas e quadros cômicos como este em que os dois irmãos cara-de-pau John Belushi e Dan Aykroyd, desta vez passando por policiais, dão uma batida na casa de Brian para obrigá-lo a voltar para a praia. Não foi só Brian quem atuou nestes esquetes, seus irmãos Carl (pilotando um avião) e Dennis (como jurado de um concurso de beleza) também fizeram suas aparições, mas obrigar Brian a subir em uma prancha (depois que Aykroyd manobra o mar para sua entrada) segue como um dos momentos clássicos da teledramaturgia do rock.

Assista abaixo:  

A morte de um gênio

A morte de Brian Wilson me levou a escrever mais um texto pro Toca UOL, desta vez falando sobre sua importância.  

Eu vi Brian Wilson ao vivo

O mestre nos deixou, mas sua inspiração, legado e lembranças ficam, mantendo-o vivo entre nós. Pude vê-lo ao vivo duas vezes, uma no Brasil, quando tocou seu Smile dentro da programação do Tim Festival de 2004, e depois no Primavera Sounds em Barcelona, quando o vi tocando seu Pet Sounds na integra. No primeiro ainda não tinha essa mania de filmar shows que tenho hoje, mas consegui registrar o segundo (numa câmera que não era tão boa quanto a atual, especificamente no que diz respeito à altura do som). Mas é um momento único na minha vida que posso reviver e compartilhar com todos. Assista abaixo:  

Brian Wilson (1942-2025)

Eu nao estava preparado para essa notícia. Vai-se um mestre. Obrigado.

Vida Fodona #835: Como se fosse 2011

Olhar pra trás, sem arrependimentos.

Ouça abaixo:  

Como Smile dos Beach Boys tornou-se um clássico antes de existir

Se a grandeza dos Beatles tem um alicerce jornalístico por trás de sua ascensão a partir dos anos 80 (o biógrafo e pesquisador Mark Lewisohn), o escritor David Leaf é a mão que ajudou os Beach Boys – e especificamente Brian Wilson – a serem reconhecidos como um dos maiores nomes da história do rock. Em suas reportagens que logo tornaram-se textos de encarte de reedições e caixas de discos sobre o grupo californiano, Leaf foi instrumental ao transformar o disco Pet Sounds (1966) – que na época de seu lançamento foi rechaçado pela crítica e pelos fãs como uma tentativa pedante de fugir do histórico pueril dos primeiros hits do grupo – em um dos discos mais importantes da história do rock, especificamente por flagrar a rivalidade irmã mas separada por um oceano e dois dias de nascimento entre Brian Wilson (que nasceu dia 20 de junho de 1942) e Paul McCartney (nascido dois dias antes, no mesmo ano). Leaf não apenas entronizou Pet Sounds no panteão dos anos 60 como, a partir de suas pesquisas, transformou um disco tido como fracassado em um santo graal da história do rock. A competição saudável entre Paul e Brian fez o último inventar Pet Sounds a partir do Rubber Soul dos Beatles, que por sua vez foram influenciados pelo disco de 1966 a se reinventarem com o histórico Sgt. Pepper’s. Este último, por sua vez, foi a faísca para Wilson entrar em uma espiral criativa que, embalada por uma megalomania artística movida a LSD, seria a obra-prima dos Beach Boys. Mas o disco Smile não aconteceu porque Brian surtou no processo e o material que deu pra ser aproveitado transformou-se no ótimo Smiley Smile, que apesar da qualidade das músicas, era apenas uma sombra do que Wilson pretendia fazer. Graças aos textos de Leaf, o interesse pelo trabalho de Brian Wilson e pela obra dos Beach Boys ressuscitaram o disco perdido de 1967 e tornaram possível décadas depois, quando o disco foi finalmente finalizado e lançado em 2004. Essa história é recontada no recém-lançado SMiLE: The Rise, Fall, And Resurrection Of Brian Wilson (Omnibus Press), que, em formato de história oral, Leaf recria não apenas o período entre 1966 e 1967, quando entre 2003 e 2004, culminando com a primeira apresentação ao vivo do disco, que aconteceu no Royal Albert Hall londrino no dia 20 de fevereiro de 2004, mesmo ano que o beach boy veio ao Brasil pela primeira vez. Obrigatório para os fãs de Brian. Veja a capa do livro abaixo:  

Vida Fodona #815: Voltamos à ilha de Lost

Nós temos que voltar!

Ouça abaixo:  

Vida Fodona #812: Vielas das lembranças

Vamos começar bem o mês…

Ouça abaixo:  

Seis décadas do sonho californiano

Um dos principais acontecimentos dos anos 60 na história da cultura pop foi a transformação de uma região em ascensão dos Estados Unidos em marco central daquela década. Por mais que Hollywood já estivesse aberto as portas da Califórnia para o resto do mundo, só com a música que o estado da costa oeste dos EUA tornou-se reconhecido – mais que isso, desejado – pelo resto do planeta. Suas principais cidades, Los Angeles e São Francisco, tornaram-se pontos de referência para toda uma geração que cresceu lendo os beats e depois cairia de cabeça na psicodelia e no LSD, mas quem começou essa história foi uma banda de irmãos chamada Beach Boys, cuja história finalmente é repassada num documentário batizado apenas como o nome do grupo, produzido pela Disney, que estreia no próximo dia 24 de março no canal de streaming da produtora. Dirigido por Frank Marshall e Thom Zimny, o documentário conta com entrevistas com os integrantes da banda que ainda estão vivos – Brian Wilson, Mike Love, Al Jardine, David Marks e Bruce Johnston -, além de trazer cenas inéditas e muito material raro sobre o grupo que mudou a cara da música pop nos Estados Unidos. O trailer do filme, que ainda traz depoimentos de fãs como Lindsey Buckingham, Janelle Monáe e Don Was, acaba de dar o ar de sua graça, veja abaixo: