A volta da Banda de Joseph Tourton

Foto: Flora Pimentel

Foto: Flora Pimentel

Um das bandas mais interessantes da safra pós-mangue beat do Recife, o quarteto instrumental A Banda de Joseph Tourton está de volta e lança o novo álbum, batizado apenas com seu nome, nesta quinta-feira, nas plataformas digitais – e antecipa o single “Afroganja” em primeira mão para o Trabalho Sujo.

A grande novidade desta nova encarnação do grupo – um dos integrantes da safra 2012 do Prata da Casa do Sesc Pompeia, quando fui curador – é a inclusão do naipe de metais ao grupo formato por Diogo Guedes (guitarra, teclado e efeitos), Gabriel Izidoro (guitarra, teclado, flauta e escaleta), Pedro Bandeira (bateria e efeitos) e Rafael Gadelha (baixo). Bati um papo com Gabriel sobre esta nova fase da banda. No final, a capa do disco e o nome das músicas:

Por que a banda ficou tanto tempo parada? O que vocês fizeram nesse hiato?
Durante esse período nos dedicamos a outros projetos. Eu me mudei para São Paulo para trabalhar com outros artistas na parte técnica dos shows além de lançar um disco com uma outra banda que faço parte chamada The Raulis, Pedro também veio pra São Paulo e trabalha com audiovisual, Diogo se mudou para o Rio de Janeiro para também trabalhar em shows de vários artistas cuidando da sonorização além produzir gravar, mixar e produzir vários artistas, Laga continuou em Recife para concluir suas atividades acadêmicas e continuou tocando com outras bandas por lá , como a excelente banda instrumental Cosmo Grão. Por conta disso demos uma diminuída no ritmo da banda, fizemos alguns shows esporádicos nesse meio tempo mas nunca paramos de trabalhar. Ao longo dos anos fomos testando gravações, texturas, timbres e gravando as participações. Até acho que essa demora foi positiva para o resultado final do disco.

Como a banda voltou à ativa?
Estamos com esse trabalho pronto a cerca de um ano e meio mas só nesse momento conseguimos juntar as energias pessoais de cada um para lançar pro mundo. Como a Joseph Tourton é algo muito especial para todos nós a gente preferiu esperar o momento em que vamos ter disponibilidade pra dar ​a atenção que a banda merece.

A principal mudança foi a entrada dos metais? Como isto aconteceu?
Fizemos esse disco de uma maneira totalmente independente e tivemos bastante liberdade pra criar sem nenhum prazo ou cobrança. Quando começamos a compor essas músicas novas a gente sempre quis adicionar a linguagem dos metais, seja como tema principal ou como camadas e pra isso convidamos um parceiro de Recife, Parrô Melo, para criar os arranjos. O resultado ficou muito bom e os metais marcaram presença em cinco músicas do disco.

A nova sonoridade tem alguma influência específica?
É difícil dizer ao certo isso. Como foi um trabalho que foi feito por várias pessoas durante um longo período eu acredito que foram muitas influências. O que eu escuto hoje em dia é um pouco diferente do que escutava na época que gravei as minhas partes. Mas acho que podemos citar as mesmas bandas que escutávamos no começo da banda. Tortoise, Jaga Jazzist, Hurtmold, Cidadão Instigado, Rage Agains The Machine e coisas mais atuais como o Kendrick Lamar, Anderson Paak…

A cena instrumental do Brasil mudou muito desde que a JTB apareceu pela primeira vez. Como vocês veem esta mudança e quem são os artistas que vocês mais gostam na atual safra?
Eu gosto muito do som que o Bixiga 70 faz. O show dos caras é foda e eles conseguem rodar o mundo com uma banda gigante, algo muito difícil nos dias de hoje.​

Os shows contam sempre com a presença de metais ou há uma formação mais enxuta?
A formação vai ser a de sempre, nós quatro no palco utilizando os recursos que temos pra reproduzir o disco e também adaptando algumas canções pro show. A gente nunca conseguiu fazer um show com um trio de metais, seria algo bem louco se rolasse. =)​

Quando serão os primeiros shows deste novo álbum?
Ainda não temos nada confirmado. Vamos lançar essa criança pro mundo e tentar encaixar algumas datas das nossas agendas pra fazer esse show novo. Inclusive, gostaria de aproveitar esse espaço pra dizer que quem quiser levar o Joseph Tourton pra tocar é facinho, só mandar um email pra tourton@gmail.com e a gente organiza isso. ​

banda-joseph-tourton-2018

“TCB”
“Agrobloc”
“Afroganja”
“Parque da Jaqueira”
“Jollo”
“Songda”
“Sete”
“Antimofo”
“Joseph Jazz”

A Banda de Joseph Tourton no Prata da Casa 2012

Foi bem bom o show da Banda de Joseph Tourton no Prata da Casa da semana passada… Sente os vídeos aí embaixo.

 

Hoje no Prata da Casa: A Banda de Joseph Tourton

Sigo com a minha curadoria do Prata da Casa, no Sesc Pompéia – e o show que encerra o primeiro mês de atividades é com os pernambucanos da Banda de Joseph Tourton. Abaixo segue o texto que escrevi sobre a banda para a programação:

A música instrumental brasileira vem se reinventando depois que uma geração inteira de bandas de rock descobriu que conseguiria se expressar sem necessariamente ter de usar palavras. Essa reivenção, consolidada a partir da virada do século, também acompanhou o momento da segunda fase do mangue beat, quando a cena criada por Chico Science e Fred 04 começou a pesar sobre as novas bandas. É deste cruzamento que surge a Banda de Joseph Tourton, que traz os ângulos não convencionais de bandas como Burro Morto, Hurtmold e Macaco Bong, mas temperados pelo filtro dub característico do Recife, o mesmo que os conecta ao Mombojó e ao produtor Buguinha, e pela presença de duas guitarras pesadas e de sopros lúdicos (flauta e escaleta entoam melodias sobre as ambiências propostas pelo quarteto), mesmo que o flerte instrumental ainda transite pelo jazz, krautrock, funk e, claro, música brasileira.

E na semana que vem, vamos assistir ao lançamento do primeiro disco do Max B.O.!

Na curadoria do Prata da Casa

A primeira novidade de 2012 foi o Vintedoze e a segunda é que o Sesc Pompéia me chamou pra cuidar do Prata da Casa, tradicional noite dedicada a novos artistas brasileiros – que tenham apenas um disco lançado ou menos. A confluência de fatores foi muito feliz: além de eu mesmo já ser público do Prata faz tempo (show de banda nova de graça na Choperia numa terça? Tem coisas que só acontecem em São Paulo…), o palco é um dos meus favoritos, assim como o Sesc Pompéia, que completa 30 anos esse ano, o meu Sesc favorito – que, pra completar, fica exatamente entre o caminho da minha casa pro meu trabalho. Sem contar o fato de que 2012 marca a décima terceira edição do Prata – e 13 é um dos meus números da sorte.

Pra começar bem, em fevereiro, chamei artistas que ainda estão em seu primeiro disco: o rapper paulistano Ogi, o indie-MPB carioca Cícero e o instrumental dA Banda de Joseph Tourton, do Recife. E se você é artista, só tem um disco lançado e quer participar do Prata, não adianta me abordar com o CD ou mandar o link pro meu email: manda seu material pro Sesc que eles me repassam tudo. Terça que vem dou mais detalhes sobre o primeiro show.

Soko pela manhã

Grata surpresa acordar e descobrir que foi o Coquetel Molotov quem confirmou a especulação sobre a vinda do Dinosaur Jr. para o Brasil. O festival indie pernambucano também está fechando o Miike Snow e tem na manga o Otto, o Emicida, a Banda de Joseph Tourton, alguns artistas suecos (Taxi Taxi!, Taken By Trees e Anna Von Hausswolff), mas pra mim uma das grandes atrações é a francesinha Soko – já falei dela antes aqui. E se o Dinosaur Jr. vem pra São Paulo, tomara que arrumem um jeito de ela vir também (e de preferência antes do dia 19, hehehe).