Como foi o Coala Festival 2016

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Não consegui pegar os shows do início, cheguei no final da Céu e consegui ver Cícero e Marcelo Camelo, BaianaSystem (arrasador) e Karol Conká, seguem os vídeos a seguir. Festival redondinho, que só pecou pelo som e pela falta de sinalização nos arredores, mas de resto, tudo ótimo. São Paulo precisa de mais eventos assim:

Vida Fodona #538: Hora de mudar o tempo

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Todo mundo, vamos lá.

Vida Fodona #531: Frio do inverno

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Mesmo com sol…

Paul Simon – “Wristband”
Glue Trip – “Le Edad del Futuro”
Whitney – “Follow”
Beach Boys – “‘Till I Die”
Sebadoh – “Everybody’s Been Burned”
Yo La Tengo – “Our Way to Fall”
Belle & Sebastian – “A Summer Wasting”
Neil Young + Sadies + Garth Hudson – “This Wheel’s on Fire”
The Band – “The Weight”
Bob Dylan – “Tangled Up in Blue”
Arnaldo Baptista – “Será Que Eu Vou Virar Bolor?”
Sonic Youth – “Incinerate”
Cramps – “Human Fly”
Autoramas – “Carinha Triste”
The Fall – ” Victoria”
Ira! – “Farto do Rock’n’Roll”
Doors – “Soul Kitchen”
Blood Orange – “E.V.P.”
Jamie Xx + Romy Madley Croft – “Loud Places (John Talabot’s Loud Synths Reconstruction”
Lana Del Rey – “Blue Jeans (Penguin Prison Remix)”
Tame Impala – “Let it Happen (Soulwax Remix)”
BaianaSystem – “Azul”
Beck – “Jack-Ass”

Tudo Tanto #019: A ascensão do BaianaSystem

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Outra coluna que publiquei na revista Caros Amigos, esta é de março deste ano e fala sobre o BaianaSystem às vésperas de lançar seu segundo disco, Duas Cidades, que ainda não tinha nome na época.

A ascensão do BaianaSystem
Maior nome da música pop atual de Salvador, o grupo está prestes a conquistar o Brasil com seu segundo disco

“Também”, ri o guitarrista Beto Barreto quando pergunto se a faixa “Playsom”, uma das melhores músicas de 2015, mostrava o rumo para o disco de sua banda, o BaianaSystem. Ele emenda a explicação: “Costumamos falar isso sempre que perguntam se o som é segue numa determinada direção. O novo disco tem na verdade uma série de referências e transita por muitos lugares. Tem uma forte presença da percussão e dos beats, e um amadurecimento no diálogo entre a guitarra baiana, que trabalha novas timbragens e participações de outros instrumentos, e a voz, com a poesia mais forte e rimas também caminhando por referencias que vão do repente ao samba reggae, da canção popular ligada com o universo pop.”

Descrito assim, o grupo BaianaSystem parece um mero projeto de pesquisa que tenta equilibrar diferentes tradições em um novo formato musical – e não a usina de som cuja força vem crescendo a cada ano, culminando com o carnaval deste ano, em que as saídas do trio elétrico pilotado pelo grupo – a Nau Pirata – levaram mais de 50 mil pessoas às praças públicas. Escolhendo estrategicamente o mês de março para lançar seu segundo disco, o grupo preferiu fugir da saída que seria convencional – lançar o disco novo antes do carnaval e ver toda essa multidão se impregnar das músicas novas. Querem ir um passo de cada vez, sem sede ao pote.

Eles utilizam a já clássica velocidade baiana em seu próprio benefício, sem dar passos apressados e caminhando em seu próprio ritmo rumo ao topo do pop da Bahia e – por que não? – do Brasil. A escalada do BaianaSystem começa desde sua concepção quando, ao final da década passada, resolveram reunir duas linguagens no mesmo conceito sonoro – a guitarra baiana e os soundsystems jamaicanos.

A guitarra baiana é uma versão elétrica de um híbrido de bandolim com cavaquinho, um violão que foi eletrificado antes mesmo da guitarra elétrica existir. Tudo começou com a dupla Dodô (Antonio Adolfo Nascimento) e Osmar (Osmar Macedo), que resolveu trazer para o carnaval da Bahia algo que tivesse a mesma energia dos blocos de frevo do Recife. Eletrificaram a viola graças aos conhecimentos de Osmar em engenharia elétrica e ainda nos anos quarenta desfilaram tocando o estranhíssimo novo instrumento em cima de um automóvel, o hoje histórico Ford apelidado de Fobica. Na época ele era chamado apenas de “pau elétrico”, o que justificava a eletricidade no novo formato. A dupla, que originalmente era um trio (ainda formado por Temístocles Aragão, que saiu no ano seguinte – daí a segunda parte do nome), foi a primeira banda a se apresentar no carnaval sobre um carro, arrastando multidões já naquele carnaval histórico de 1951.

A guitarra baiana ganhou esse nome nos anos seguintes e tinha um papel central naqueles primeiros carnavais – ela cantava a melodia das canções, papel que nos blocos de frevo pernambucanos ficava com o naipe de metais. O som estridente da guitarra, ao ser eletrificado, podia ser ouvido a quilômetros de distância, atraindo primeiro curiosos e depois todos os foliões, e aos poucos consolidando o carnaval da primeira capital do Brasil como um dos mais peculiares – e, posteriormente, populares – do Brasil.

Ao mesmo tempo, na Jamaica, uma nova cultura começava a se desenvolver. Músicos e cantores da ilha caribenha, inspirados pelo início da música pop nos anos 50, começaram a fazer suas versões para a soul music que vinha dos Estados Unidos, fundido-a com suas tradições africanas e latinas, presentes ali há séculos. Essa mistura deu origens a gêneros musicais novíssimos, como ska e o rocksteady e aos poucos o mento jamaicano, eletrificado, deu origem ao reggae. Em comum com a cultura baiana havia não apenas a massiva quantidade gerações de herdeiros de africanos expatriados mas também o fato de ter sua cultura musical difundida através de enormes sistemas de som que disputavam a audiência do público.

Os soundsystem eram versões jamaicanas dos trios elétricos e podiam ou não ser montados sobre veículos, mas, como os trios baianos, ostentavas amplificadores e caixas de som para chamar atenção do público transeunte. Os soundsystem faziam as vezes de emissoras de rádio e festas ambulantes, se tornando plataformas para o lançamento de novos artistas. A diferena crucial entre a experiência jamaicana e a baiana da cultura de rua elétrica dizia a respeito da voz e dos instrumentos musicais. Enquanto na Bahia o trio era formado por uma banda instrumental sem nenhum cantor, os soundsystems jamaicanos não tinham banda e apenas tocavam discos de vinil, mas sempre possuíam um vocalista (ou toaster, no linguajar local) que apresentava as músicas, falava por sobre bases instrumentais, fazia propaganda do próprio sistema de som e eventualmente cantava. Não por acaso os soundsystems jamaicanos são considerados precursores do hip hop, criando as figuras do DJ e do MC bem antes das gangues da periferia de Nova York cairem no som.

Em Salvador, no entanto, na mesma época em que o hip hop começava a acontecer nos guetos de Nova York, uma outra transformação acontecia: o guitarrista Armandinho, filho de Osmar, e um verdadeiro guitar hero da guitarra baiana, resolve levar a estética do rock para o trio elétrico e chama sua banda, os Novos Baianos, para subir sobre o carro de som no 25° aniversário da dupla Dodô e Osmar, no carnaval de 1975. Foi ali que, pela primeira vez, ouviu-se uma voz vindo de um trio – era Moraes Moreira cantando a importância dos pioneiros que homenageava. No ano seguinte, os Novos Baianos saíram com seu próprio trio elétrico e Baby Consuelo foi a primeira voz feminina a puxar um trio elétrico em Salvador. Os trios deixavam de ser instrumentais e começava uma mudança crucial na história do carnaval baiano que culminaria com a consagração nacional e internacional da axé music, quase vinte anos depois.

O BaianaSystem, desde seu nome, guarda as características destas duas tradições – os soundsystems e a guitarra baiana – e conclama pela retomada da rua como velho palco. Ele vai de encontro à indústria da axé music, que pasteurizou diferentes gêneros locais (do samba reggae ao pagode baiano) para criar um modelo de negócios que transformava Salvador em uma ilha da fantasia, ao separar os foliões de rua daqueles que compraram o abadá para pular nos camarotes ou na segurança da corda. O trio do Baiana é avesso à concepção da corda e é aberto a todos – e a cada carnaval aumenta sua audiência à medida em que a indústria do axé patina em um formato datado.

O carnaval de 2016 já mostrou que o grupo dominou Salvador. Agora em março lançam seu segundo disco, ainda sem nome, produzido por Daniel “Ganjaman” Takara. E vão começar aos poucos dominar o Brasil.

Imagina no carnaval de 2017…

Vida Fodona #524: Killing people’s not my scene

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Uma playlist para manter o ânimo em dia: resistir sempre!

Clash – “Clampdown”
Titãs – “Desordem”
Legião Urbana – “A Dança”
Gang of Four – “Not Great Men”
Stereolab – “Ping Pong”
New Order – “Blue Monday”
Grandmaster Flash & The Furious Five – “The Message”
NWA – “Fuck tha Police”
Public Enemy – “Bring the Noise”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Gil Scott-Heron – “The Revolution Will Not Be Televised”
Bob Marley – “War”
Junior Murvin – “Polices & Thieves”
Specials – “Ghost Town”
Massive Attack – “Safe from Harm”
Kendrick Lamar – “Alright”
BaianaSystem – “Duas Cidades”
Criolo – “Fermento Pra Massa”
Bob Dylan – “Subterranean Homesick Blues”
Beatles – “Revolution”
Belle & Sebastian – “If You Find Yourself Caught in Love”

Vida Fodona #522: Recomeçando (de novo)

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Supergrass – “Moving”
Pink Floyd – “Dogs”
Bárbara Eugenia – “Recomeçar”
Tulipa Ruiz – “Jogo do Contente”
Céu – “Varanda Suspensa”
BaianaSystem – “Lucro:Descomprimindo”
João Donato – “The Frog”
Banda Black Rio – “Na Baixa do Sapateiro”
Bixiga 70 – “Machado”
Apples – “Killing”

Este é o link desta playlist e neste link você me segue no Spotify. Lembrando que todas as playlists novas entram na enorme playlist (ainda em construção) com a maioria das músicas que toquei nestes dez anos de Vida Fodona (que dá pra seguir por aqui).

O 2016 de Rico Dalasam

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Uma das principais revelações da música brasileira no ano passado, o rapper Rico Dalasam aos poucos prepara o bote para pegar 2016 de jeito. “Sem dúvida, 2015 foi um ano muito bom e importante para mim: recebi elogios do Gilberto Gil, abri o show do Criolo no Circo Voador, me apresentei no Royal Vauxhall Tavern em Londres, e ainda fui citado pela Vogue NY como uma referência de moda. Além de ter ficado feliz com essa repercussão, vejo o trabalho com o EP Modo Diverso completando o seu ciclo e o início de uma nova etapa. Foi um momento importante e agora estou com o foco nos próximos passos”, me explicou em entrevista por email.

E sua primeira novidade de 2016 é algo que tanto fecha o ciclo do ano passado quanto acena para o novo estágio: um remix para a excelente “Riquíssima“, feito pelo Mahal Pita, do BaianaSystem, que você ouve em primeira mão no Trabalho Sujo.

Mahal Pita é um dos produtores do primeiro álbum de Rico, que já está sendo gravado e que deve sair entre maio e junho deste ano.

A atenção ao redor de Rico foi para além de seu inegável talento, muito pelo fato de ele ter sido um dos primeiros rappers brasileiros – talvez o primeiro? – a assumir sua homossexualidade, tema que aos poucos deixa de ser tabu no meio do hip hop. Mas ele não teme cair num estereótipo: “O rótulo ajudou sim, mas sempre calculei que ele teria uma vida útil e duraria durante uma fase da carreira. Hoje, vivo essa curva onde a música equilibra com o comportamento. Assim, o estereótipo vai perdendo força.”

Ele é otimista em relação à atual cena rapper paulistana: “Vejo alguns artistas numa busca de estar em dia com o amanhã. Acho isso positivo, somos maiores quando prezamos pelo cantar para o máximo de pessoas, sem criar música com a presunção de que ela vai atingir o perímetro das nossas intenções.” O rumo do próximo disco ainda está em aberto, mas será que dá pra ter alguma previsão do que vem por aí a partir do que Rico tem ouvido? “Tenho escutado Punjabi e música indiana, que eu me identifico demais. Também ouço várias nuances do forró, arrocha, baião, xote e os de sempre, como como Mary J. Blige e Djavan…”

E esse disco do BaianaSystem, hein…?

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Que pedrada! Esse Duas Cidades do Baiasystem tem cumbia, ghetto tech, dancehall e samba-reggae, tudo no talo, tudo misturado, guitarras em fúria, vocais endiabrados, letras políticas e beat pesadaço pra não deixar ninguém parado. Eles lançaram esta semana primeiro no Deezer, saca só aí embaixo, e semana que vem chega em todas as plataformas de streaming. Minhas favoritas são a latina “Cigano” (com Siba na rabeca), a enfurecida “Calamatraca”, a hipnótica “Panela” e o reggão “BarraAvenida”.

2016 tá foda demais!

Duas Cidades é o nome do novo disco do BaianaSystem

Lá vem outro grande disco brasileiro de 2016 surgindo no horizonte – é o segundo disco do BaianaSystem, que anunciou capa e título esta semana. O disco chama-se Duas Cidades e a capa é esta:

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A letra da faixa que batiza o disco, que reproduzo abaixo, dá o tom político pesado de todo o álbum, que finalmente tem data de lançamento – ele chega ao Deezer no dia 29 de março, aniversário de Salvador, e às outras plataformas a partir do dia 8 de abril.

“Todo dia acorda cedo pro trabalho
Bota seu cordão de alho
E segue firme pra batalha
Olho por olho
Dente por dente
Espalha
Lei da Babilônia é diferente

Quem vigia compra trevo escapulario
Bota seu cordão de alho
E segue firme pra batalha
Olho por olho
Dente por dente
Espalha
A lei da Babilônia é diferente

Já na descida e não sabe descer dançando
Sabe subir na vida e não sabe subir sambando
E quando sai da cidade
Saudade sai bagunçando
E quando chega a saudade
A saudade sai bagunçando

Dividir Salvador
Dividir Salvador
Diz em que cidade você se encaixa
Cidade Alta
Cidade Baixa
Diz em que cidade você
Oh oh oh Bagdá…”

Russo Passapusso rimou o refrão da faixa-título na participação que ele fez no show de BNegão e dos Seletores de Frequência no Sesc Pompéia no mês passado (quando cantou sobre a base de “Dorobô”, que Bernardo gravou originalmente com Sabotage) – e eu filmei:

BaianaSystem 2016: “Tire as construções da minha praia!”

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O grupo BaianaSystem está prestes a lançar seu segundo disco e provar que já faz parte do primeiro escalão do pop nacional. Conversei com o grupo, que está preparando-se para seu sexto carnaval em Salvador, em uma reportagem para o UOL – e o grupo mostrou a música nova “Lucro”, que pode ser ouvida abaixo.