Muito bom esse artigo do Jailton Andrade que o Luciano Matos publicou em seu site, o El Cabong, sobre como o BaianaSystem segue sendo ignorado pela grande mídia baiana justamente por estar cantando sobre o lado da população ignorado por esta mesma mídia:
O que tentam fazer com a BaianaSystem é o que fazem com nosso povo: esquecem, ignoram, sabotam, quando não esculacham com os cassetetes e tapas na cara, e quando convidam para cima do trio é para puxar aplausos, abraçar e se debruçar na virtude alheia por falta de uma, nada mais.
Mesmo que as mídias (ainda) hegemônicas finjam ignorar a existência do Invisível e que seus jornalistas se abaixem para o coito da concupiscência mercadológica das “máquinas de lucro”, a BaianaSystem não se submeterá aos caprichos e dengos da indústria baiana da exploração musical porque “cada palavra que tu guarda na boca vira baba”
O lado político do BaianaSystem está diretamente ligado ao seu lado musical e o lento – ê Baêa… – trabalho de formiguinha que o grupo vem fazendo torna sua importância social tão grande quanto seu peso artístico. E uma hora isso vai transbordar. Ah vai.
Não é nenhuma novidade o cunho político das músicas e das apresentações do BaianaSystem – na verdade, a fusão entre festa e protesto está na gênese do grupo baiano e toda sua obra reflete essa dicotomia. Por isso era mais que natural que seu trio Navio Pirata cutucasse velhas feridas abertas recentemente a partir do tenso clima político no Brasil principalmente por ser um pleno carnaval. Russo Passapusso começou o protesto no meio da instrumental “Forasteiro”, enfileirando “golpistas, machistas e fascistas” para ouvir um “não passarão” em uníssono do público. E nem precisou mencionar o nome do presidente postiço para que a multidão emendasse o grito de guerra “fora Temer”. Veja só:
A manifestação pode ter valido a ausência da banda do próximo carnaval, segundo o Conselho Municipal do Carnaval de Salvador, cujo presidente disse que “o código de ética é claro, é terminantemente proibido que o artista use o carnaval para denegrir alguém, como foi feito pelo BaianaSystem. Há um risco concreto de punição grave, que seria a exclusão deles”, explicou ao Correio da Bahia (de onde também saiu a foto que ilustra este post).
Mas tem que ver pra quem essa regra vai valer, porque manifestação a favor também é manifestação política? Sem contar que Caetano Veloso puxou um “fora Temer” no Pelourinho e o prefeito ACM Neto foi vaiado em plena concentração do Ylê Ayê:
https://www.youtube.com/watch?v=K41TvoWHd6M
E isso que é só domingo de carnaval… Abaixo, mais Baiana em Salvador em 2017. Que delírio:
Depois da soturna “Invisível”, o grupo BaianaSystem surge com outra faixa nova, desta vez uma versão para “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, hit do mito setentista Sérgio Sampaio, que foi gravada com exclusividade para um comercial da Apple, ao ao lado da rapper Yzalú com o intuito de aproveitar a época do carnaval. Infelizmente, só dá pra ouvir um pedaço da música, numa propaganda feita para o YouTube. Se você quiser ouvi-la na íntegra, tem que pagar.
O grupo baiano BaianaSystem aproveita o dia de Iemanjá para soltar uma faixa que poderia estar em seu Duas Cidades, com vocais do BNegão e de Russo Passapusso. “Invisível” fala sobre o contraste entre duas camadas da sociedade brasileira – a que se acha protagonista e a que se vê como coadjuvante.
Dono de um dos melhores discos do ano passado, o BaianaSystem está preparando uma novidade para esta quinta-feira – e você viu que eles vão tocar em São Paulo? De graça, no Memorial da América Latina, num evento que chama Carnaval na Praça e ainda terá os blocos Sargento Pimenta, Bandalafumenga e Exagerao – mais informações aqui.