E Gabriel Thomaz encerrou sua temporada Eu Nem Era Nascido no Centro da Terra atualizando o título para as próximas gerações e finalmente colocando em prática uma ideia que carrega há quase duas décadas, data de uma das primeiras músicas que compôs pensando no público infantil e que só agora pode mostrá-la pela primeira vez num palco (“Papagaio Quequeco”). A primeira apresentação dos Autoraminhas – o mesmo grupo Autoramas, só que tocando músicas para crianças – começou com a música-tema do seriado do Batman nos anos 60, passeou pela trilha sonora da Vila Sésamo (ao visitar a inesquecível “Abecedário”, escrita por Marcos Valle), pelo repertório da primeira banda do Gabriel, Little Quail (com “O Sol Eu Não Sei” e “1-2-3-4”), e pela new wave de Portugal (“Robot”, do grupo Salada de Frutas, que o grupo já toca em seu show para adultos). Mas o ouro da apresentação está nas músicas feitas para esse novo formato, com músicas que explicam-se em seus títulos, como “Hora do Recreio”, “Cosquinha no Dedão”, a genial “Ornotorrinquinho” (descrita como uma versão infantil do Devo), a irresistível “Ritmo do Algoritmo” (falando em “faça o que seu mestre mandar”), a explosiva “Energia Atômica” (berrada por duas fãs mirins do grupo) e uma música com uma única sílaba (“ba”) repetida ad infinitum. Antes do show terminar, Gabriel chamou BNegão ao palco, que cantou sua “Dança do Patinho” naquele contexto inusitado – e funcionou! A apresentação não teve bis e sim uma extensa hora do recreio, quando o grupo chamou as crianças presentes no público para brincar com as baquetas na bateria, tocando teclado, tentando tocar guitarra e fazendo vocais improvisados e dancinhas, tornando o final do primeiro show do Autoraminhas num happening. Esse final caótico e fofo começou sobre a mesma base do tema de Batman que abriu a noite e que transformou-se numa mistura de improviso livre com playground que divertiu tanto as crianças, a banda e o público, numa pequena demonstração do que o mundo da música pode oferecer pra essa molecada – afinal, segue sendo rock mesmo sendo pras crianças! Pé na tábua, Autoraminhas!
A temporada Eu Nem Tinha Nascido que o Gabriel Thomaz começou nesta segunda-feira no Centro da Terra veio com o gás todo – e ele trouxe os Autoramas para começar tudo com o pé na porta. A nova encarnação do grupo, que conta com o baterista Igor Sciallis, o baixista Jairo Fajer e a tecladista – que também toca castanholas – Luma Lumee fez essa temporada começar com o dedo na tomada, quando o grupo revisitou seu repertório clássico, incluindo músicas de seu disco de estreia que comemora aniversário de 25 anos neste 2024, como “Autodestruição”, “Ex-Amigo” e a irresistível “Catchy Chorus”. Esta última fechou a noite com o grupo chamando todo mundo pro palco, transformando tudo numa grande zona, mas – como o show todo – sem precisar sair de sua área-base, o rock para dançar! E antes de terminar o show, Gabriel anunciou a programação das próximas segundas-feiras, avisando que, na próxima, quando toca com seu projeto solo Multi-Homem, contará com as presenças de Tatá Aeroplano e BNegão! Como o próprio Gabriel sempre diz: rrrrrock!
Volto de mais uma temporada candanga justamente para iniciar a celebração de um dos grandes heróis do cerrado no palco do Centro da Terra, quando o mestre Gabriel Thomaz assume sua temporada nas segundas-feiras de agosto fazendo uma verdadeira jornada em sua própria história. São quatro noites dedicadas a momentos diferentes de sua carreira. Na primeira segunda, dia 5, ele mostra a nova encarnação de seu grupo mais conhecido, o grupo Autoramas, que repassa seus grandes sucessos, inclusive festejando o aniversário de um quarto de século de seu primeiro disco, Stress, Depressão e Síndrome de Pânico. Na segunda noite, dia 12, ele mostra seu trabalho solo que assina como Multi-Homem para, na outra semana, dia 19, visitar o grupo que lhe colocou no mapa da música brasileira, quando repassa o repertório do mitológico Little Quail & The Mad Birds no ano em que o primeiro disco do trio comemora três décadas de existência. E como nem tudo é passado, Gabriel encerra a temporada no dia 26, quando mostra sua novidade deste ano, ao apresentar a versão infantil de sua banda principal, que batizou de Autoraminhas. Vai ser quente! E não custa lembrar que os espetáculos do Centro da Terra começam sempre pontualmente às 20h. Os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do teatro.
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A produtora Maraty, dos chapas Leandro Carbonato e André Barcinski, acaba de confirmar a vinda da banda norte-americana Dandy Warhols para o Brasil pela primeira vez! O show acontece no dia 13 de junho, no Carioca Club, a abertura fica por conta dos Autoramas e os ingressos já estão à venda neste link!
O último Festa-Solo de agosto está aqui – e nesta segunda rola o primeiro de setembro lá no twitch.tv/trabalhosujo, a partir das às 21h.
Stranglers – “Golden Brown”
Washed Out – “Too Late”
Boogarins – “Água”
Cut Copy – “Like Breaking Glass”
Ladyhawke – “Paris is Burning”
Kaytranada + Kali Uchis – “10%”
Prince – “1999”
LCD Soundsystem – “One Touch”
Knife – “We Share Our Mother’s Health”
Tame Impala – “Nothing That Has Happened So Far Has Been Anything We Could Control”
Doors – “Horse Latitudes” / “Moonlight Drive”
Mutantes – “Caminhante Noturno”
Sérgio Sampaio – “Não Tenha Medo Não (Rua Moreira 64)”
Ana Frango Elétrico – “Promessas e Previsões”
Negro Leo – “Eu Lacrei”
Billie Eilish – “My Future”
Daft Punk – “Giorgio by Moroder”
Evinha – “Esperar pra Ver (Poolside & Fatnotronic Edit)”
Can – “Vitamin C”
Stereolab – “Metronomic Underground”
Kavinsky + Lovefoxxx – “Nightcall”
Mahmundi – “Nova TV”
Pelados – “O Fim”
Pedro Pastoriz – “Janela”
Tatá Aeroplano – “Deusa de 67”
Tika + Kika + João Leão + Igor Caracas – “Astronauta”
Bob Dylan – “Black Rider”
Jenny Lee – “I’m So Tired”
Michael Stipe + Big Red Machine – “No Time For Love Like Now”
Whitest Boy Alive – “Serious”
Michael Jackson – “Rock With You”
Madonna – “Lucky Star”
Marcos Valle – “Estelar”
Marina Lima – “Fullgás”
Lana Del Rey – “Blues Jeans (Penguin Prison Remix)”
Lipps Inc. – “Funkytown”
Lincoln Olivetti & Robson Jorge – “Eva”
Autoramas – “Garotos II”
Sharon Van Etten + Josh Homme – “(Whats So Funny Bout) Peace, Love and Understanding”
Não é novidade que vivemos uma época ímpar na produção musical brasileira: milhares de artistas autorais vivem da própria música, o público já se habituou a frequentar shows e a acompanhar estes nomes e mesmo numa crise política e econômica sem precedentes na história do Brasil, o cenário continua florescendo e abrindo-se para novos nomes. A conexão internacional, no entanto, precisa de um empurrãozinho, mesmo que empresários, agentes e produtores já entendam melhor o contexto em que se situam seus artistas no século 21. Essa é a função do evento Brasil Music Summit, que acontece de 6 a 9 de fevereiro, na Unibes Cultural, em São Paulo, uma realização do escritório Brasil, Música & Artes em parceria com a produtora Urban Jungle e a agência Inputsom Arte Sonora.
O evento reúne profissionais internacionais principalmente da área de shows e sincronização musical em filmes, comerciais e videogames, principais pontes do nosso mercado com o estrangeiro e a realização de shows de artistas de diferentes vertentes para apresentá-los a estes mesmos profissionais. Além das palestras, debates e workshops (confira a programação completa no site do evento), ainda há shows, tanto para credenciados no evento (de artistas como Mestrinho, Tuyo, Maria Beraldo, Josyara e Barbatuques, entre outros), quanto gratuitos para o público, na área externa da Unibes. Os shows gratuitos acontecem no sábado e domingo e reúnem Karol Conká, Xênia França, Rakta, Boogarins, Céu, Drik Barbosa, Autoramas, Luedji Luna, Teto Preto, Black Mantra, Tássia Reis e Felix Robatto.
O critério de escolha dos artistas levou em conta não apenas o lado artístico quanto o profissional: “Fizemos a seleção contemplando duas situações: artistas e bandas com vocação para exportação e com trajetórias mais maduras e por meio de um chamamento via site da BM&A, em que os artistas enviavam suas propostas de showcases”, explica Leandro Ribeiro da Silva, diretor geral do Brasil Music Summit e gerente de projetos da BM&A. “Dez artistas foram então selecionados pelos diretores de programação, André Bourgeois, CEO da Urban Jungle, e Mario Di Poi, diretor-executivo da Inputsom Arte Sonora – Céu, Karol Conká, Boogarins, Quarteto do Choro, Mestrinho e Nicolas Krassik são alguns desses nomes. Das setenta propostas que recebemos por meio de inscrição, convidamos três dos convidados internacionais – Pete Kelly, Head of Music na BT Sport, do Reino Unido, Geoff Siegel, CEO da Fundamental Music, dos EUA, e Jérôme Gaboriau, programador do Les Escales Festival, da França – para avaliar conosco o material de cada inscrito levando em conta a potencialidade e diversidade da música brasileira. Chegamos então aos outros dez artistas que completam a programação final desta segunda edição do Brasil Music Summit.”
Confira a programação dos shows abaixo:
6 de fevereiro
12h30 – Barbatuques *
14h40 – HÖRÖYÁ *
17h10 – Josyara *
19h50 – Beto Villares *
7 de fevereiro
12h – Filó Machado *
14h10 – Mestrinho e Nicolas Krassik *
19h20 – Quarteto Roda de Choro *
8 de fevereiro
12h30 – Gabriel Grossi *
14h40 – Tuyo *
17h30 – Felix Robatto
18h10 – Black Mantra
18h50 – Autoramas
19h30 – Rakta
20h10 – Boogarins
20h50 – Xênia França
21h30 – Céu
9 de fevereiro
12h30 – Maria Beraldo *
15h10 – Ricardo Herz Trio *
18h40 – Drik Barbosa
19h20 – Luedji Luna
20h – Teto Preto
20h40 – Tássia Reis
21h20 – Karol Conká
* Shows para credenciados no evento. Mais informações aqui.
O UOL celebrou o dia do rock e me pediram pra elencar dez bandas de rock para calar a boca de quem diz que não existe mais rock feito no Brasil lá no meu blog.
Uma reclamação constante que ganha força no infame “dia do rock” é que não há mais rock bom sendo feito no Brasil. Normalmente esta reclamação vem de gente que se acostumou a acompanhar as novidades pelo rádio, um meio que, infelizmente, preferiu optar pela redundância comercial do que pela curiosidade artística. E o próprio rock preferiu se distanciar. Se escondendo em rótulos e nichos, várias bandas conseguem se estabelecer longe das massas, criando carreiras e discografias sólidas em anos de trabalho. Algumas até flertam com o mercado pop mas acabam sendo ofuscada pela ostentação intensa de artistas de forte apelo popular. Mas, sim, há muita banda boa fazendo rock atualmente. Separei dez das que considero mais representativas na atual cena do Brasil, mas quem quiser citar mais nomes, por favor, use a área de comentários para isso (e não para seguir reclamando de que não há nada de novo, sem nem se dar ao trabalho de ouvir as bandas).
A decana banda liderada por Gabriel Thomaz – que hoje conta com a esposa Érica Martins (ex-Penélope) na formação – já pode ser considerada um clássico do atual rock brasileiro. Contemporânea do grupo Los Hermanos, o hoje quarteto começou como um trio e rebola entre o rock mais dançante e sujo dos anos 60 e a new wave e o punk rock dos anos 70, com letras em português e refrões grudentos. Seu disco mais recente, O Futuro dos Autoramas, prova que é possível ser pesado e fazer dançar sem deixar de soar rock.
The Baggios
A dupla sergipana – que agora é um trio – lançou um dos discos mais pesados do ano passado, o excelente Brutown, e aos poucos também se estabelece como uma das bandas que mais circulam pelo circuito independente do país. Rock bruto e cru com letras em português para não deixar ninguém parado.
Boogarins
A principal banda da nova cena psicodélica brasileira, o grupo goiano Boogarins foi responsável por dar origem a toda uma nova safra de bandas que bebem tanto no rock lisérgico dos anos 60 quanto no indie rock deste século. Vocais sussurrados, guitarras derretidas e uma cozinha precisa cravam a precisão do grupo, que acaba de lançar o ousado Lá Vem a Morte, flertando com a eletrônica e a pós-produção. Seu disco anterior, o já clássico Manual Guia Livre de Dissolução dos Sonhos, é um dos principais trabalhos de rock brasileiro deste século.
Cidadão Instigado
Liderada pelo guitar hero Fernando Catatau, a banda cearense Cidadão Instigado já se estabeleceu como uma banda contemporânea de rock clássico e completa, neste ano, duas décadas de atividade. Com os pés no rock dos anos 70 e a cabeça entre praias ensolaradas e a o concreto quente, o grupo é conhecido por viagens instrumentais pesadas que orbitam entre o rock psicodélico, o rock progressivo e o art rock, com um sotaque definitivamente brasileiro. Seu disco mais recente, o manifesto Fortaleza, também é seu disco mais pesado.
E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante
Quarteto paulistano de pós-rock, o grupo E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante explora paisagens sonoras com timbres pesados e levada ambient, criando pinturas instrumentais de texturas pesadas e forte carga emotiva. Estão lentamente compondo e gravado seu disco de estreia, e seu lançamento mais recente (o single com as músicas “Medo de Morrer” e “Medo de Tentar”) captura sua intensidade melancólica.
Far from Alaska
Reconhecidos inclusive no exterior, a banda potiguar Far from Alaska é um dos principais nomes do nu metal brasileiro e acaba de gravar seu segundo disco, Unlikely, que será lançado ainda neste semestre. O single de “Cobra”, igualmente pesado e melódico, é uma ótima amostra do que podemos esperar deste novo disco.
Maglore
Banda baiana liderada pelo compositor Teago Oliveira está prestes a lançar seu quarto disco e o culto ao redor de suas canções e apresentações segue crescendo. Com fortes cores melódicas, o grupo segue a trilha abandonada pelos Los Hermanos no terceiro disco, sem perder a força elétrica dos riffs e solos de guitarra. O terceiro disco da banda, chamado apenas de III, é uma ótima porta de entrada para o trabalho do grupo.
Rakta
Banda paulistana de formação feminina, o Rakta é minha banda brasileira de rock favorita atualmente. Sem guitarra, concentram o ruído entre as linhas de baixo de Carla Boregas e os teclados de Paula Rebellato, que também tocam percussão no meio do show, transformando a apresentação em um ritual de bruxaria elétrica. As influências vão da no wave ao krautrock, passando pela psicodelia e pelo pós-punk – e seu terceiro disco, batizado apenas de III, é uma obra-prima.
O Terno
Trio liderado por Tim Bernardes (filho do Mulheres Negras Maurício Pereira), O Terno é uma usina de som e seus shows são catárticos. Entre o rock épico, a psicodelia e a música brasileira, eles bebem tanto em bandas clássicas dos anos 60 quanto em ícones dos anos 80 e malditos da MPB, fazendo um amálgamo sonoro intenso, elétrico e com letras que apelam para a metalinguagem. Seu disco mais recente, Melhor do Que Parece, é mais melancólico que as apresentações do grupo – por isso escolho o segundo disco, batizado apenas com o nome da banda.
Ventre
Outro grupo que segue levantando a bandeira do rock melódico que já foi dos Los Hermanos, o trio carioca Ventre é conhecido por suas apresentações intensas e por entortar soluções pop de forma inusitada, além da presença carismática da baterista Larissa Conforto, gigante em seu instrumento. Seu disco de estreia, homônimo, já é um dos grandes discos de rock brasileiro desta década.
Mais uma novidade da minha curadoria de música no Centro Cultural São Paulo: o minifestival Invasão Brasileira SXSW 2017, que acontece neste fim de semana e conta com shows dos Autoramas, Max de Castro, FingerFingerrr, Capela, Lista de Lily, Maglore e Liniker e os Caramelows, as sete bandas que irão representar o Brasil na edição deste ano do SXSW. Além dos shows, haverá duas atrações gratuitas: um debate sobre a importância do festival para bandas brasileiras no sábado (com o Ricardo Rodrigues, que cuida da carreira da Liniker; a Amanda Souza, que trabalha com o Maglore e o Leandro Ribeiro da Silva, da BM&A) e um papo com o Gabriel Thomaz, dos Autoramas, sobre mitos e verdades sobre tocar fora do Brasil, em que faço a mediação, no domingo. Os dois debates acontecem a partir das 14h – mais informações sobre o evento aqui.
O programa No Ar, da emissora de rádio estatal portuguesa Antena 3, registrou um especial sobre a passagem do grupo Autoramas por terras lusitanas em que eles aproveitaram para eternizar sua versão que fazem para o clássico new wave tuga do grupo Salada de Frutas, “Robot”, que tocam quando se apresentam no país.
E aqui vem a íntegra do programa, que ainda traz apresentações ao vivo das músicas “Quando a Polícia Chegar”, “Paciência”, “Música de Amor” e “Verão” e uma entrevista em que o casal Érika Martins e Gabriel Thomaz defende sua já clássica filosofia sobre rock’n’roll e diversão.
E se você não conhece o “Robot” original, prepare-se: