As melhores versões para esse tal de “Harlem Shake”
Estou acompanhando com curiosidade o crescimento deste tal “Harlem Shake” que muitos apostam ser “o próximo ‘Gangnam Style’“.
Não acho que seja por aí.
É inevitável a viralidade de “Harlem Shake” pelo puro e simples pressuposto de que o humor na internet tem como ponto de partida o nonsense e o excesso de referências (o que linka tudo a tudo), sejam elas pop ou eruditas. No caso de “Harlem Shake”, o que vemos, na verdade, é um template, um formato, para diferentes versões, feitas por qualquer um. Não é um Tourist Guy ou Seu Madruga esperando para ser encaixado em diferentes contextos. É um código não-verbal de comportamento físico realizado a partir de um conjunto de regras bem simples: nos apresentam a um ambiente estático, à exceção de um único protagonista, que se movimenta sozinho no meio de um grupo de pessoas repetindo uma rotina que está alheia ao personagem solitário, que quase sempre usa um capacete. “Con los terroristas!” é o brado que inaugura esta primeira fase. Que dura quinze segundos.
De repente, a música derrete-se entre graves esborrachados que se estatelam no chão, logo que o vocal grave chama o “do the Harlem Shake”. Ao mesmo tempo, a paisagem nos diferentes clipes vira do avesso. Toda a multidão que parecia estar indiferente à primeira parte da música transforma-se em uma festa completamente absurda, em que maquiagem, fantasias e coreografias individuais que deixem bem claro que o mundo enlouqueceu. Em outros quinze segundos.
A mania foi uma invenção de um grupo de skatistas australianos que, chateados sem ter o que fazer, resolveram brincar com a música “Harlem Shake”, do produtor norte-americano Baauer, do selo Mad Decent, do Diplo (ouça abaixo). Inventaram uma coreografia ridícula, mas que deu certo.
A comparação com “Gangnam Style” não faz sentido por uma série de motivos. A começar pelo fato de PSY ser um artista que produziu o próprio vídeo para sua música com a intenção de torná-la hit online a partir da falta de senso de ridículo. “Harlem Shake” era uma brincadeira de uns amigos que espalhou-se sem nenhuma promoção, usando apenas a força do nonsense para ser imitado, parodiado e homenageado. O clipe de PSY era, sozinho, uma íma de atenção – que não por acaso chegou ao primeiro bilhão de visualizações na história do YouTube. “Harlem Shake” já deve ter sido ouvida mais de um bilhão de vezes, mas em inúmeros vídeos espalhados em diferentes cantos da internet – inclusive fora dela, uma vez que o viral chamou atenção para uma música que, até janeiro passado, era virtualmente desconhecida. E, principalmente, é um viral ridiculamente curto, de trinta segundos, o que não toma tanta atenção como, por exemplo, todas as paródias feitas para “Gangnam Style”.
“Harlem Shake” segue viralizando – enquanto isso, reuni alguns dos melhores “harlem shakes” que vi por aí. Tem algum faltando?
Versão feita em Portland
Versão na sala de aula
Versão desenhos dos anos 90
Versão debaixo d’água
Versão black
Versão feita na sede do Facebook
Versão do Matt & Kim
Versão de paraquedas
Versão 4:20
Explicando o “Harlem Shake” num telejornal
Versão Twin Peaks
Outra versão Twin Peaks
Versão dos filhotes de cachorro
Versão Christopher Walken
Versão da lancha
Versão de biquini
Versão elevador
Versão no Times Square
Versão feita pelo Florida Gators
Versão Exorcista
Versão com várias versões
O fim do “Harlem Shake”