As Aventuras do Jovem Adolf Hitler
Um papo sobre o novo Indiana Jones (o moleque do Transformers vai ser o filho do sujeito?) puxou a lembrança do clássico The New Adventures of Adolf Hitler, dessas histórias curtas que o Grant Morrison faz com tanta classe e estilo (como a irretocável We3 ou o psicodélico Vimanarama).
Polêmico é eufemismo: Morrison partiu da história de que Hitler teria passado seus dias de pós-adolescência com parentes em Liverpool (que, ao que consta, é fato) e, ao lado do desenhista Steve Yewol, resolveu propor o que poderia ter acontecido ao futuro führer alemão em seus dias respirando smog. A história foi publicada originalmente em 1989, na revista escocesa Cut, para depois ser republicada na revista Crisis, da mesma turma da 2000 AD. Nas duas aparições, a controvérsia veio a reboque – afinal, a simples menção do nome do austríaco megalomaníaco causa um certo desconforto social, pra ficarmos no mínimo (a lei de Godwin não existe à toa…).
Antes de pensar em cogitar alguma espécie de nazismo no gibi, vale lê-lo. Morrison não só mostra que Hitler não valia muito quando era moleque quanto pisa fundo nos delírios psicopatas de Hitler. Assim o vemos planejar sua conquista da Europa como um sonho de um nerd anti-social misógino e covarde, artista frustrado e filho esquecido, que busca encontrar o Santo Graal (mesmo que para isso ele tenha que sujar-se) e fazer seu nome vingar na história – e vingar todos aqueles que lhe disseram que ele não era um bom pintor. No meio do caminho, ele topa com o próprio John Bull (o Tio Sam dos ingleses), que lhe dá uns conselhos sobre como liderar um país e não consegue entender o que diabos Morrissey (é, cantando “There’s a Light that Never Goes Out”) faz em seu armário.
O personagem, no entanto, ainda assusta e a revista logo foi engavetada e tornou-se lenda. Felizmente, aqui está a internet para nos salvar do moralismo barato desses metido a certinhos. Dá pra baixar tudo aqui ou ver pela web aqui e depois aqui.
E falando em Hitler na Inglaterra…