Arte por dinheiro
Mais uma vez vem André Midani, personagem central em nossa indústria fonográfica, falar sobre os anos de ouro da chamada MPB, dessa vez devido a um documentário feito pelo Andrucha, que terá o ex-executivo da Philips como um de seus protagonistas. E nessa entrevista ao Júlio Maria do Estadão publicada naquele dia em que ninguém lê jornal (o primeiro de janeiro), ele começa falando sobre a origem das relações entre arte e dinheiro:
O mundo da música sempre foi um mundo dúbio, de honestidade dúbia. A música como negócio nasceu na Itália. E então você pensa na Itália, séculos 14, 15 ou 16. A maioria dos artistas vivia em cima de uma charrete com quatro bois na frente que conduzia o pierrô e a columbina para um vilarejo. Chegavam lá, baixavam um dos lados e faziam a encenação. Quando acabavam, a colombina descia, passava o chapéu e coletava o dinheiro. Se fosse o suficiente para comer, tudo bem. Se não, ela tinha que entregar o seu corpo. Esse é o ponto de partida.
Vale ler a entrevista toda, em que ele assume que pagava jabá e até que alguns figurões do panteão da música brasileira vieram lhe pedir para que ele pagasse jabá.