Preparando a chegada de Syro

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A gravadora Warp já agendou festas de audição do próximo disco de Aphex Twin, chamado Syro e programado para chegar às lojas dia 22 deste mês. Os eventos começam a partir da sexta que vem em algumas cidades da América do Norte e da Europa e abre a temporada de caça ao disco na internet bem com a série de entrevistas que Richard D. James deve começar a dar para diferentes veículos do mundo.

O primeiro deles foi a revista Fader, que começará a publicar o papo com o mestre nas próximas semanas, mas já adiantou alguns trechos da entrevista, como o fato de que Syro deve ser o primeiro de uma série de novos lançamentos Aphex Twin que deve fechar uma fase na vida do artista, que ele compra toneladas de música nova (“There’s actually better music now than ever, that’s ever existed before in my life”) e que se considera um “serial killer de sons”: “Coleciono sons de outros discos assim tenho de saber de onde eles vêm e como eles são feitos. Comprei todo velho sampler que existe e comprei todas as bibliotecas de som de cada um deles. Basicamente como um serial killer. Eu atravesso todos os sons e descubro de onde todo mundo tirou seus sons.”

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Decifrando o disco novo de Aphex Twin

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Syro, o primeiro disco de Aphex Twin em 13 anos, chega às lojas de disco no Japão no dia 22 de setembro. É a data mais precisa em relação ao lançamento do novo disco de Richard D. James e, ao mesmo tempo em que isso foi anunciado, adesivos com o clássico logotipo apareceram espalhados por Tóquio, como mostra o blog Ikimasho.

Mas o acaso deu um estranho caminho das pedras para o fã Jason Donervan, que fez um vídeo reunido os diferentes logotipos que foram aplicados com estêncil pelas calçadas de Nova York com uma música chamada “Manchester Track” que muitos cogitam ser a primeira faixa do disco, batizada de “minipops 67 (source field mix)”.

E ao subir o vídeo no YouTube ele recebeu a seguinte notificação, a partir do sistema de reconhecimento de músicas feito pelo site:

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Em outras palavras, o YouTube reconheceu que a faixa usada como trilha já teve seus direitos autorais requisitados pela gravadora Warp (a casa de Aphex Twin) e é uma canção sem título, numerada como 1. Jason seguiu seu instinto e subiu mais uma música:

Nova notificação:

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Desta vez é a faixa 2. Mais outro vídeo:

Outra notificação.

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É a faixa 10. E aos poucos vamos desvendando o mistério do disco novo de Aphex Twin. Mas ainda tem mais, vamos acompanhar…

Refletor #001: O Próximo Dia

Hoje também estreei a coluna Refletor (a citação desta vez é do disco mais recente do Arcade Fire) no site Brainstorm9. Esta é semanal e nela vou falar de música e tecnologia. E começo juntando Daft Punk com Aphex Twin, Boards of Canada com My Bloody Valentine, David Bowie com Beyoncé e o desafio de chamar atenção na internet.

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O próximo dia
Entre lembranças de acesso aleatório e a colheita do amanhã

Antes era fácil: lançar disco e fazer show, esperar que toque no rádio ou que alguém goste e conte pros amigos, que irão comprar o disco e ir ao show. Felizmente isso é passado. A facilidade de antes tinha um preço: havia menos gente no jogo da música. No novo século há cada vez mais gente produzindo música por inúmeras razões diferentes. Haja rádio e casas de show pra tocar todos os artistas que existem no mundo hoje – as que existem não dão conta.

Por isso a internet tornou-se não apenas a grande plataforma de lançamento de novos artistas – superando o rádio, a TV, os jornais, as lojas e as gravadoras – mas também seu grande palco. É na rede que surgem e se apresentam os grandes e pequenos novos gênios ou picaretas do mercado da música no século 21.

As rádios ainda tocam novatos que são ouvidos diariamente por milhares de pessoas do mesmo jeito que as lojas de disco ainda vendem novos nomes que importam para alguns milhões de pessoas pelo planeta. Mas os números de hoje não são nada se comparados com os do passado, quando milhões de pessoas conheciam as poucas centenas de artistas verdadeiramente populares no mundo, escolhidos por algumas dezenas de executivos que, em muitos casos, nem se importavam com música.

Hoje vivemos num outro mundo. A facilidade de se expressar artisticamente – não apenas musicalmente – vem acelerando na mesma velocidade em que a facilidade de distribuir sua produção artística, seja ela filme, tweet, livro, aplicativo, festa, perfil em mídia social, seriado, peça publicitária, graphic novel, evento, game, clipe, álbum, tirinha, monólogo, site, canção, crônica, reality show, comentário, festival ou a fusão de cada um destes itens uns com os outros. O consumidor/produtor do início da década passada, motor da infância e adolescência da web 2.0, banalizou tanto o conceito de celebridade quanto o de artista.

Assim todos somos artistas o tempo todo, sempre mais conscientes deste papel e das necessidades de atingir um novo público. E este – que nos inclui – cada vez mais disperso, exposto a mais música – nova e velha, ambas vindo às torrentes – e engolindo tudo que seus ouvidos podem ouvir. Antes era caro conhecer muita música – uma boa discoteca requer um senhor investimento -, hoje basta conexão com a internet e disposição para fuçar ou para levar-se pela transmissão. Não há mais um veio principal a ser perseguido e a tempestade de som nos persegue para onde quer que vamos.

Por isso se antes o processo de voltar a se comunicar com o público exigia apenas mostrar serviço – faixas novas, novas fotos de divulgação, notícias sobre um novo disco – agora é um trabalho que exige dedicação, estratégia e imaginação.

No ano passado, o Daft Punk começou o processo de divulgação de seu disco lançando um teaser de segundos num comercial de TV (um microtrecho que chegou a render remixes!) para depois lançar o refrão do primeiro single no intervalo entre shows de um grande festival, revelando as participações do rapper Pharrel e de um dos pais da disco music comercial, Nile Rodgers, do Chic. A estratégia funcionou – e quando “Get Lucky” começou a ser vendida, puxando o ótimo e retrô “Random Access Memories”, já era uma das músicas mais ouvidas de 2013.

Outro grupo, mais obscuro mas igualmente eminente, optou por uma caça ao tesouro. No Record Store Day do ano passado, a dupla Boards of Canada espalhou pistas de seu novo disco em lojas de discos, no YouTube e em sites de fãs da banda. Ao juntar os pedaços os fãs ouviam um trecho do novo disco, além de descobrirem o título e a data de lançamento de seu “Tomorrow’s Harvest”, que figurou entre os melhores discos do ano passado em diferentes listas.

2013 também viu o lançamento repentino de discos de gente como David Bowie (com “The Next Day”), My Bloody Valentine e Beyoncé (em discos homônimos), que anunciaram seus álbuns mais recentes ao mesmo tempo em que os lançaram – uma tática semelhante à do Radiohead em 2007, com seu “In Rainbows”. Mas naquela época o grupo inglês era a exceção – e por sua natureza experimental seria natural experimentar também na estratégia de lançamento. Bowie, MBV e a senhora Carter fizeram semelhante caminho e tiraram seus coelhos das cartolas antes que alguém pudesse cogitar que discos novos estavam sendo produzidos.

Quem puxa esse carro em 2014 é o produtor inglês Richard D. James, o enigmático Aphex Twin, que desde 2001 não lança material novo e, de uma hora pra outra, apareceu com novo disco na área. Primeiro soltou um zepelim de brinquedo nos céus londrinos com seu logotipo num sábado, depois o mesmo logo apareceu pixado nas calçadas de Nova York num domingo. Na segunda twittou um endereço que só podia ser acessado usando o navegador Tor, que permite conectar-se à chamada “deep web”, recanto digital da rede por onde armas, pornografia e drogas correm soltas. O endereço anunciava o título do novo trabalho – “Syro” – e a data de lançamento, confirmada pela gravadora Warp como sendo em outubro.

E isso por que estamos falando de nomes como Daft Punk, Beyoncé, Aphex Twin, My Bloody Valentine, Boards of Canada e David Bowie. Nomes que, mais ou menos conhecidos, são gigantes para seus séquitos de fãs. Gente que não teria dificuldade para emplacar a notícia sobre um disco novo. Mas se até os grandes se sentem desafiados e instigados a repensar seus lançamentos à era digital, que dizer dos pequenos que não correm nenhum risco e não têm nada a perder?

O século digital ainda está engatinhando, apesar de já acharmos que já o conhecemos faz tempo.

[* O nome desta coluna é uma referência ao álbum Reflektor, do grupo canadense Arcade Fire, um disco que, apesar de não parecer à primeira vista, fala justamente sobre a época digital em que vivemos. Música e tecnologia são os assuntos aqui.]

Notícias do Aphex Twin em 2014

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A gravadora Warp confirmou o anúncio de Syro, o disco novo do mestre da estranheza Aphex Twin e o disco que vazou no início da semana felizmente é fake (era drum’n’basszinho bem fuleiro). O disco deve ser lançado no mês que vem e a partir dos nomes das músicas que foram divulgadas (junto com a quantidade de beats por minuto de cada faixa), os fãs já começaram a caçar trechos das cada vez mais raras apresentações ao vivo de Richard D. James para determinar quais faixas de seu primeiro álbum em 13 anos já foram apresentadas. Algumas seguem abaixo:

 

“Vazou” o disco novo do Aphex Twin

APHEX TWIN

O “vazou” entra entre aspas porque 1) ninguém estava esperando pelo novo disco do Aphex Twin e 2) ele mesmo colocou o link pra download de Syro – seu primeiro disco desde 2001 – na internet. Mais especificamente na chamada “deep web” – e anunciou o link em seu próprio Twitter.

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Pouco antes do anúncio oficial, alguns teasers foram aparecendo pelo planeta no fim de semana passado – primeiro um zepelim nos céus de Londres com o logotipo do músico:

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Foto: @JidLind

Depois o mesmo logo começou a aparecer nas calçadas de Nova York:

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Foto: @markedman71

A última mensagem antes do anúncio do disco foi digital, numa aparição “mística” à venda no eBay:

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A história chegou ao fim quando o próprio Aphex Twin anunciou o disco novo, chamado apenas de Syro, em sua conta no Twitter. Era apenas um link que não poderia ser acessado com um navegador normal, e sim usando o navegador Tor, que entende o protocolo anônimo desta internet subterrânea, em que armas, drogas e pornografia – entre outras bizarrices bem pesadas – têm livre circulação (falamos sobre isso quando eu editava o Link em 2011). Em seguida apareceu um novo link, desta vez acessível via navegadores comuns, mas que não levava ao disco em si, apenas a uma interface semelhante àquela acessada na deep web (com a diferença que, sem a navegação anônima, torna-se mais fácil recolher dados de quem está navegando, confira com seus próprios olhos).

Se o disco é bom? Tem um jeito de descobrir… Esse link traz um disco falso se passando pelo disco novo do Aphex Twin.

E se o Aphex Twin, no futuro, for tipo música zen?

É uma realidade que nos foi ventilada no filme Filhos da Esperança, do Cuarón.

 

Vida Fodona #321: Só música velha

Vai um flashbackzinho aê?

David Bowie – “Heroes”
Legião Urbana – “Perfeição”
Beatles – “A Day in the Life”
Rod Stewart – “Maggie Mae”
Blur – “Girls & Boys”
Human League – “Don’t You Want Me”
Dire Straits – “Money for Nothing”
Rádio Táxi – “Garota Dourada”
RPM – “Louras Geladas”
Neutral Milk Hotel – “Holland 1945”
Arnaldo Baptista – “Vou Me Afundar na Lingerie”
Tim Maia – “Brother, Father, Sister and Mother”
Babe Ruth – “The Mexican”
Paul McCartney – “Temporary Secretary”
Aphex Twin – “Windowlicker”

Vem!

On the run 109: Aphex Twin @ Furthur, 1994

Nem dá pra botar fé que esse set ao vivo do mestre tem quase 20 anos de idade… Aperte o play e vá embora…


Aphex Twin – Furthur – Side A (MP3)


Aphex Twin – Furthur – Side B (MP3)

Gif animados de capas de discos

A essa altura você já deve ter visto esse tumblr