O som e o sentido da crise existencial

Muito bom acompanhar o nascimento de uma obra desde seu rascunho à materialização – afinal, o que Antônia Perrone – que agora assina como Antônia Midena – apresentou nesta terça-feira no Centro da Terra foi uma versão espetacularizada de uma série de questionamentos que a vi fazendo desde que conversamos sobre sua apresentação pela primeira vez. Começando pela sensação de desgarramento entre o som da palavra e de seu sentido e com ela pode ir moldando seu espetáculo autocentrado chamado Antônima a partir da música. Acompanhada por Alex Huszar (baixo), Amanda (guitarra), Bel Aurora (teclados) e João Rodrigues (bateria), ela desbravou um território fictício entre letra e música em que falava sobre duplos, cópias e clones, em uma apresentação que sobrou até para a ovelha Dolly (quem lembra dela?). Uma apresentação lírico-teatral que usa a música e o formato palco como plataformas para uma investigação a respeito de personalidade e identidade, plantando questões existenciais em todos que estiveram presentes. Bravo!

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Antônia Midena: Antônima

Imensa satisfação em chamar para apresentar no palco do Centro da Terra a primeira apresentação musical da artista plástica Antônia Perrone, que encarna o pseudônimo Antônia Midena para apresentar o espetáculo Antônima, uma peça sonora e textual que mergulha no mundo das palavras para tentar explicar o inexplicável, ao unir música e teatro numa apresentação sobre som e sentido, em que será acompanhada por Acompanhada por Alex Huszar, Amanda, Bel Aurora e João Rodrigues, misturando textos inéditos e canções próprias. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão esgotados.

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Centro da Terra: Junho de 2025

Junho já é semana que vem e essas são as atrações da curadoria de música do Centro da Terra neste mês. Quem toma conta da temporada de segunda-feira é o carioca Rubinho Jacobina, que se juntou ao baixista Gabriel “Bubu” Mayall e ao baterista Theo Ceccato para mostrar músicas inéditas que estarão em seu quarto álbum, além de sambas, toadas e marchinhas clássicas que fazem parte de sua formação. E cada segunda da temporada Segurando a Chama ele traz um show diferente: na primeira (dia 2), ele mostra pela primeira vez as músicas com esta nova formação; na segunda (dia 9), ele recebe Sílvia Machete; na terceira (dia 16), ele convida Péricles Cavalcanti; e na quarta (dia 23) é vez de Juliana Perdigão. A programação das terças começa no dia 3, com o show Voz e Coração, em que o pernambucano Tagore, pela segunda vez no palco do teatro, mostra músicas que estarão em seu próximo álbum, além de influências nordestinas, como Geraldo Azevedo e Alceu Valença. Dia 10 é vez da artista Antônia Midena mostrar seu primeiro espetáculo musical, batizado Antônima, em que mistura música e teatro para cruzar a barreira entre realidade e ficção. No dia 17, recebemos o violeiro Marco Nalesso, que apresenta o espetáculo S.O.M. (Sinfonia Orgânica Musical), em que mistura sua viola caipira com psicodelias latina, guitarra, violão, percussão, sintetizador e trompete – além de receber o guitar hero Lucio Maia. Dia 24 quem vem é o bardo Tatá Aeroplano, que aproveita o palco do teatro para gravar seu primeiro disco ao vivo, ao lado dos fiéis escudeiros Bruno Buarque, Dustan Gallas e Junior Boca e as vocalistas Malu Maria, Kika e Bia Magalhães, no espetáculo Vida Purpurina. O mês encerra com uma última segunda, a quinta do mês, que fica a cargo do cantor e compositor Morris, que aproveita a oportunidade para mostrar seu próximo trabalho ao lado de Marcelo Cabral e Décio 7, com participações de Juliana Perdigão, Joy Catarina e Caio Teixeira, na apresentação Abertura dos Trabalhos – Fé na Desordem. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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“Compor um disco usando a mesma poesia”

Que preciosidade a apresentação de Giu de Castro nesta segunda, quando o Gole Seco fez a terceira noite de sua temporada no Centro da Terra. Enquanto suas colegas Niwa e Loreta Colucci desdobraram seus trabalhos autorais nas noites anteriores, Giu, que ao contrário das duas primeiras (ainda) não tem seu primeiro disco solo, resolveu transformar o palco em sua primeira obra musical autoral, dividindo-a em quatro partes. Na primeira sentou-se ao piano para cantar duas músicas próprias sem letras, melodias profundas e apaixonadas cantaroladas sobre as teclas. Na segunda parte, convidou a poeta Antonia Perrone para acompanhá-la ao piano, enquanto Giu cantava versões musicadas por ela mesma – mais densas e pesadas que as primeiras – de poemas escritos por aquela amiga, depois de apresentar o contexto da criação ao projetar no telão uma conversa por Whatsapp entre as duas. Na terceira parte, chamou Loreta, Niwa e Nathalie Alvim, suas companheiras de grupo vocal, num jogo de luz e sombras e juntas cantaram a noturna “Noite Passada Uma Coruja Pousou no Meu Parapeito e Disse” e uma versão musicada para “Distante Amor”, do poeta alemão Goethe. Mas o centro da noite foi a última parte, quando apresentou Manual do Tempo de Um Dia, composto em parceria com o poeta e ator Gabriel Góes, separando quatro belíssimas canções univitelinas com a ajuda do piano de Nicholas Maia e do próprio Gabriel, que além de interpretá-las cenicamente e fazer pontuais segundas vozes, também fez as artes em texto no telão que também contextualizavam o processo criativo dos dois num híbrido de vídeo-arte com poesia concreta e, de novo, conversas de whatsapp. Manual… é uma obra pronta que mistura música, teatro, poesia e performance e é um começo arrebatador para uma carreira solo autoral – pois mesmo que as letras não sejam de Giu, as músicas e a concepção da apresentação são. “Compor um disco usando a mesma poesia”, como resumia um dos versos. Ela voltou para o bis quando cantou sozinha o poema de Goethe ao piano. Obrigado Giu pela linda noite mágica, – que espero ver rodando muito por aí…

Assista abaixo: