Casa cheia neste domingo pra assistir ao debate que fiz mediação dentro da Feira da Música que aconteceu no festival Campão Cultural aqui em Campo Grande, quando eu, Letz Spíndola, Octavio Cardozzo e Daniel Ganjaman participamos da mesa Conceito Artístico – Como Dialogar Com o Público Em Um Mundo Cheio de Informações no Centro Cultural José Octávio Guizzo. O papo foi além do tema principal do painel e como o público era formado por integrantes da cena cultural do estado (artistas, donos de casas de show, jornalistas e outros agentes culturais) inevitavelmente falamos sobre a dificuldade de artistas locais estabelecerem-se tanto em suas cidades como ter oportunidades nacionais, passando por temas que estão diretamente ligados a isso, como o abismo econômico que abriu-se entre a cena independente e o mainstream depois da pandemia, a submissão ao celular e às redes sociais e a dificuldade de manter público para artistas autorais. Mas o papo foi tão intenso e frutífero que concordamos que eventos desta natureza – e especialmente realizados ao vivo e em carne e osso – são cruciais para o estabelecimento de uma cena cultural onde quer que seja.
A cantora cearense Soledad mostra em primeira mão no Trabalho Sujo o segundo clipe de seu disco Revoada, lançado no ano passado, mais uma parceria com a diretora Patrícia Araujo. O clipe é da ótima versão que ela fez para a tocante “Pássaros, Mulheres e Peixe”, de Alessandra Leão. “O que está visível hoje?”, pergunta-me de volta quando a pergunto a relação entre o novo clipe e a situação que atravessamos por conta do coronavírus. “O isolamento pandêmico destaca e fortalece as diferenças sociais, políticas e culturais nas quais as mulheres são inseridas. Ficamos ainda mais expostas ao desamparo e às violências do machismo, o aumento do feminicídio em alguns países desde que a quarentena começou comprova isso, por exemplo.”
O clipe foi gravado antes do período de confinamento, à exceção das imagens de Soledad, feitas por ela mesma com inspiração em técnica de stop-motion da cineasta Agnès Varda “Eu e Pati conversamos há algum tempo sobre como a arte e os valores feministas podem, e devem, refletir a nossa responsabilidade cidadã e humana, e também a de personagens da natureza. Como artistas, precisamos estabelecer alguma conversa com o mundo e sua realidade, vislumbrando transformações. Desde o nascimento do Revoada, nós ficamos muito atraídas pela ideia de criarmos juntas um vídeo-arte para essa canção, pelo que ela conta e nos une afetivamente e politicamente na nossa condição de mulher, esse momento se deu agora. É impressionante o que uma música, uma dança, um texto, ou um filme podem comunicar, atravessar e construir.”
“Há quarenta dias tento deixar a respiração pacífica para que seja possível imaginar o mar e desenhar uma linha do horizonte para a vida futura”, responde quando pergunto a ela sobre os dias de isolamento social. “Mergulho em leituras e filmes que me dão possibilidades de criar uma paisagem melhor para essa vida, a desejada por mim e pelas pessoas que se colocam perto e distante. Também tenho me dedicado ao pequeno livro que pretendo lançar em breve e a tentar entender se o que produzo contribui para a transformação social que manterá o planeta e as pessoas vivas ou não. Difícil falar sobre a pós pandemia agora, por enquanto penso o quão é importante nos posicionarmos politicamente e enxergarmos nossas responsabilidade sócio-afetivas.” Ela planeja lançar mais um clipe deste mesmo disco (a música escolhida ainda é segredo), mas já começa a compor novamente…
“Pra que amanhã não seja só um ontem com um novo nome”
Gravando com os Ideals, em Nova York. Será que esses registros ainda existem?
Vi no Feice do Tim.
Nesses doze primeiros Vintedoze…
…discutimos…
…lançamos tendência…
…refletimos…
…fumamos…
…bebemos…
…rimos…
…bebemos mais…
…fumamos mais…
…discutimos…
…comentamos e, finalmente…
…fomos copiados por um programa de TV a cabo que fala sobre mulheres em vez de versar sobre a vida com as mulheres também (um Saio Justo, que coisa mais cafona…). Por isso estamos em pleno processo de transformação do que vai ser o Vintedoze da segunda metade do ano.
Aguardem!
Calma, vai rolar, só estamos pensando em umas coisas…
Alexandre Matias, Ronaldo Evangelista, Daniel Araújo, Freud, Jung, Cronenberg, John Cleese, Jorge Ben e criatividade.
Demoramos mesmo, culpem os astros! O MP3, no entanto, pode ser baixado aqui.
Alexandre Matias, Ronaldo Evangelista, Artur Louback, Breaking Bad, Netflix, Friday Night Lights, Drive, Sgt. Pepper’s, Dr. Who e Neil Gaiman.
Alexandre Matias, Ronaldo Evangelista, Guilherme Werneck, Fernando Sabino, os beats e quadrinhos autobiográficos.
E o MP3 tá aqui.
Alexandre Matias, Ronaldo Evangelista, Camilo Rocha, Lana Del Rey, Kony, Sherlock, o começo e o fim da cultura pop.