Patti Smith foi a estrela da vigésima edição de um evento de caridade para arrecadar fundos para a educação nos EUA realizado nesta quarta-feira no Carnegie Hall de Nova York, mas nossa senhora punk foi o assunto e não a única intérprete – e assim o palco foi invadido por estrelas do naipe de Bruce Springsteen, Michael Stipe, Sharon Van Etten, Angel Olsen, Johnny Depp, Sean Penn, Jim Jarmusch, Courtney Barnett, entre outros medalhões pupilos de nossa deusa. A banda que acompanhou a maioria do grupo era formmada por Tony Shanahan (que toca na banda de Patti) e Charlie Sexton (que tocava com Dylan) nas guitarras, Flea (ele mesmo, do Red Hot) no baixo, Benmont Tench (dos Heartbreakers de Tom Petty) no piano e Steve Jordan (que hoje toca nas turnês dos Stones) na bateria. Vou soltando alguns vídeos no decorrer do dia e juntando todos aí embaixo – começando por essa versão que a Karen O fez pra “Gloria” seguido de Bruce Springsteen mandando “Because the Night”, Michael Stipe cantando “My Blakean Year” e “People Are Strange” dos Doors (banda crucial na formação de Patti), Angel Olsen cantando “Easter”, Sharon Van Etten cantando “Pissing in a River” e todo mundo junto (Bruce, Karen, Michael, Angel Olsen, Sharon Van Etten, Johnny Depp, Courtney Barnett, Matt Berringer do National, Alison Mosshart dos Kills, Karen O do Yeah Yeah Yeahs, Paul Banks do Interpol e outros convidados) cantando “People Have the Power” com nossa senhora. . Benzadeusa…
Eis mais uma faixa do disco-tributo que a gravadora Light in the Attic está fazendo em homenagem ao nosso herói Lou Reed. Depois de chocar a todos colocando ninguém menos que Keith Richards para regravar “I’m Waiting for the Man”, agora é a vez de Angel Olsen cair de boca em outro clássico do Velvet Underground. Ela gravou sua versão de “I Can’t Stand It” ao lado do compadre Maxim Ludwig, com quem dividiu uma turnê pelos EUA no ano passado. A música tornou-se pública no lançamento do primeiro e desconhecido disco solo de Lou Reed, lançado em 1972, mas já fazia parte do repertório do Velvet Underground desde 1968, embora só tenha sido lançada oficialmente pela banda na coletânea póstuma VU, de 1985. A versão é pesada e leva o rock do grupo para um lugar quase caricatural, flertando com o glam fantasmagórico do filme Rocky Horror Picture Show sem precisar cair na caricatura. Coisa fina.
“Pra sempre quer dizer sempre em busca”, canta Angel Olsen na faixa-título do EP que lança na próxima sexta, “Forever Means”. O disco é um conjunto de faixas que poderiam entrar no esplendoroso álbum que ela lançou no ano passado, Big Time, mas que surgem agora como um pacote de canções que acertam em cheio. “Nothing’s Free”, a faixa de abertura do EP lançada há um mês, já nos colocava num lugar em que sua composição e sua execução atingiam um equilíbrio perfeito, empenando aos poucos (e de propósito) para um lugar mais emotivo à medida em que o piano e o sax se soltam com o correr da canção, atingindo um ápice com o solo do instrumento de sopro, que vem sendo completo por um Hammond esparramado como um blues antigo. Na nova faixa, lançada nesta terça, ela prefere que o timbre levemente rouco que lhe é característico dê o tom da canção, que apesar do clipe solar, traz uma melancolia que não quer olhar para trás. “Pra sempre quer dizer tentar ver, pra sempre quer dizer dizer o que você está pensando, pra sempre quer dizer tenha certeza, tome seu tempo, pra sempre nos seus olhos, te vejo quando você brilha”. Que mulher.