17 de 2017: 5) Virada Cultural no CCSP

052017-viradacultural

Outro senhor desafio foi levar a Virada Cultural para a Sala Adoniran Barbosa do Centro Cultural São Paulo, fazendo-a girar 24 horas com shows gratuitos que contemplavam a nova fase da música brasileira. Um desafio interno, principalmente, para convencer a produção do CCSP que era possível fazer trocas de palco em menos de uma hora, que havia público para assistir a shows às quatro da manhã e que todos os shows estariam lotados. Dito e feito: Juçara Marçal, Anelis Assumpção, Mariana Aydar, Cidadão Instigado, Mahmundi, Bárbara Eugenia, Siba, Karina Buhr, Curumin e Tiê transformaram a arena do Centro Cultural em um palco intenso e vivo, reflexo da ótima fase que atravessa nossa música.

Anelis Assumpção 2017: “Quem é o forno ou a forma?”

anelis-assumpcao-receita-rapida

Com o delicioso single “Receita Rápida”, Anelis Assumpção começa a mostrar seu terceiro disco, Taurina, que pelo andar da carruagem deve ficar para o ano que vem. O abre-alas é uma música de seu próprio pai, Itamar, ao lado da poeta Vera Motta, registrada pela madrinha Alzira Espíndola em seu disco de 1996, Peçam-me, que Anelis reconhece como seu próprio ponto de partida na música: “Venho feliz sob a lua nova, dizer que apesar dos tempos sombrios, sigo no foco do meu disco. O terceiro”, escreveu em sua página no Facebook. “Decidi lançar um single do disco. Muito difícil escolher uma única música pra quebrar a casca deste inédito novo que se aproxima. Pois bem. Num momento de reflexão sobre a solidão coletiva, sobre a morte e a vida latente em cada nota deste disco, decidi lançar a única canção que interpreto que é de outra autoria. Autoria esta de meu pai Itamar e sua parceira poeta Vera Motta. Canção esta que em outrora, com quatorze anos de idade, me fez ter vontade de cantar, por ouvi-la na voz da minha diva maior – Alzira Espíndola Achei de entender que essa poesia era a ponte entre o que viemos dizer sobre esta obra, este disco que se aproxima de nascer. O difícil ofício de ser alguém. A mão de deus. O alimento da matéria e do espírito. A leveza de ser mortal. o pesar. A natureza. A saudade. O ciclo. Uma sujeita oculta e presente. Sabor de quem.”

“Receita rápida eis. Nem tão rápida. Nem tão prática. Nem tão teórica. Uma receita. Uma maneira entre tantas de ser feliz nesse inferno céu chamado vida. Que seja a entrada. Um saboroso couvert aos ouvidos. Uma canção”, conclui. A versão 2017 da música é produzida por Beto Villares e acompanhada dos mesmos Amigos Imaginários que a seguem desde seu disco anterior (a superbanda formada por Cris Scabello e Maurício Fleury do Bixiga 70, a guitarrista Lelena Anhaia, o baixista Mau, o baterista Bruno Buarque e o trombone de Ed Trombone), com vocais das Negresko Sis, o trio de vocalistas que forma com Céu e Thalma de Freitas.

Para quem não conhece a versão original desta receita, ei-la:

O disco promete.

O CCSP na Virada Cultural 2017

viradacultural-ccsp

Eis a programação de música da Virada Cultural no Centro Cultural São Paulo​. É a primeira vez que o CCSP vira 24 horas durante a programação da Virada e esse foi o pessoal que a gente escolheu pra tocar nesse fim de semana- e tudo é de graça.

Sala Adoniran Barbosa
18h – Juçara Marçal​
19h30 – Mariana Aydar​
23h – Bárbara Eugênia​
1h – Tiê​
2h30 – Anelis Assumpção​
4h – Cidadão Instigado​
12h – Mahmundi​
14h – Curumin​
16h – Karina Buhr​
18h – Siba​

Jardim Suspenso – lado 23 de maio
11h – Lucas Vasconcellos​

Além de música tem teatro, dança, cinema, infantil, circo, artes visuais e até ioga com música indiana quando o sol raiar (mais informações aqui). O restaurante e o metrô vão funcionar direto. Nada mal, hein?

As 75 Melhores Músicas de 2016 – 70) Fióti + Anelis Assumpção – “Leve Flores”

70-fioti

“Não espere a despedida…”

As 10 músicas mais importantes do indie brasileiro para o Mancha

foradacasinha-2016

Neste domingo acontece a segunda edição do festival Fora da Casinha, que o compadre Mancha Leonel – o Mancha, da Casa do Mancha – levanta na raça e na unha, sem patrocínio e reunindo o filé da produção musical brasileira independente. Na edição do ano passado ele bateu na tecla do indie rock brasileiro, crucial em sua formação e na história da casinha. Na edição 2016, ele aponta para o perfil atual do estabelecimmento e seus passos futuros, incluindo ícones do rock independente nacional e novos sabores da atual cena pop brasileira, reunindo dez apresentações (Hurtmold, Jaloo, Mauricio Pereira, Cidadão Instigado, Anelis Assumpção & Dustan Gallas, Luiza Lian, Kiko Dinucci, Maglore, As Bahias e a Cozinha Mineira, Ventre e Juliana Perdigão) em três palcos a partir das quatro da tarde. Como no ano passado, eu, Luiz e Danilo representamos a SUSSA – Tardes Trabalho Sujo, tocando apenas música independente brasileira na área comum, que conta com área de alimentação, feirinha de publicações independentes, lançamento do livro Cena Musical Paulistana dos Anos 2010, do Thiago Galletta, e exibição do documentário Música ao Lado” sobre as pequenas casas de shows em São Paulo. O evento acontece na Unibes Cultural, do lado do metrô Sumaré (mais informações aqui), e eu pedi pro Mancha escolher as dez músicas do indie brasileiro que foram mais importante em sua formação. Sugiro dar play no vídeo e abaixar o volume para ouvir a música comentada ao fundo da explicação da escolha para cada faixa.

mancha-2016

Bonifrate – “Cantiga da Fumaça”

Pullovers – “Tudo Que Eu Sempre Sonhei”

PELVs – “Even if the sun goes down”

Astromato – “No Macio, No Gostoso”

Bazar Pamplona- “Faixa Bônus”

Thee Butchers Orchestra – “Sugar”

Motormama – “Coração Hardcore”

Wado e o Realismo Fantastico – “Tormenta”

Apanhador Só – “Não Se Precipite”

Superguidis – “Malevolosidade”

Vida Fodona #534: Agosto em perspectiva

vf534

Tudo pode mudar.

Durutti Column – “Sketch for Dawn – I”
Warpaint – “New Song”
Tincoãs – “Deixa a Gira Girar”
Anelis Assumpção – “Song to Rosa”
Curtis Mayfield – “Move on Up”
Gil Scott-Heron – “Lady Day & John Coltrane”
Jorge Ben – “Brother”
Mundo Livre S/A – “O Mistério do Samba”
Curumin – “Samba Japa”
BNegão & Os Seletores de Frequência – “V.V.”
Instituto + Sabotage – “Dama Tereza”
Nightmares on Wax – “Les Nuits”
Massive Attack – “Inertia Creeps”
Elza Soares + Celso Sim – “Benedita”
David Bowie – “It’s Gonna Be Me (With Strings)”
Todd Terje + Bryan Ferry – “Johnny and Mary”
Spice Girls – “Too Much”
Eric Carmen – “All By Myself”
Johnny Thunders – “You Can’t Put Your Arms Round a Memory”
Can – “Vitamin C”
Broken Social Scene – “Cause = Time”
New Order – “Thieves Like Us”
Novos Baianos – “Mistério do Planeta”

Vida Fodona #527: Viajar sob o sol

vf527

Deixando aí uma playlist pra vocês antes de ficar umas duas semaninhas mezzo fora do ar… Volto no início de junho.

Vida Fodona #518: Vida Fodona de amigo oculto

vf518

Tirei a Carol no amigo oculto da firma e ela levou esse Vida Fodona de presente.

Bárbara Eugenia + Rafael Castro – “Pra Te Atazanar”
Ryan Adams – “Style”
Grimes – “Flesh Without Blood”
Weeknd – “Can’t Feel My Face”
Kendrick Lamar – “Alright”
Instituto + Karol Conká + Tulipa Ruiz – “Mais Carne”
Chairlift – “Ch-Ching”
Jamie Xx + Young Thug + Popcaan- “I Know There’s Gonna Be (Good Times)”
Hot Chip – “Started Right (Joe Goddard Disco Remix)”
Tame Impala – “Let It Happen (Soulwax Remix)”
Mano Brown + Naldo Benny – “Benny & Brown”
Emicida – “Salve Black (Estilo Livre)”
Diogo Strausz – “Narcissus”
Elza Soares – “Pra Fuder”
BNegão + Os Seletores de Frequência – “Giratória (Sua Direção)”
Bixiga 70 – “100% 13”
Deerhunter – “Snakeskin”
Mark Ronson + Bruno Mars – “Uptown Funk”
Anitta – “Bang!”
Will Butler – “Anna”
Unknown Mortal Orchestra – “Ur Life One Night”
Toro y Moi – “Empty Nesters”
Supercordas – “Sinédoque, Mulher”
Siba – “Mel Tamarindo”
Cidadão Instigado – “Land of Light”
Ava Rocha – “Transeunte Coração”
Boogarins – “Mario de Andrade/Selvagem”
Yumi Zouma – “Second Wave”
Letuce – “Mergulhei de Máscara”
Anelis Assumpção + Amigos Imaginários – “Eu Gosto Assim (Dub Version)”

Vamos?

Como foi o Porto Musical 2015

portomusica2015

Participei do conselho da edição de 2015 do Porto Musical, em Recife, que aconteceu em fevereiro e falei sobre a importância do evento – misto de conferência e festival – para a cena local, para o showbusiness nacional e para o contexto global.

Nem lembro se publiquei aqui os shows que assisti quando estive por lá, apresentações memoráveis do DJ Dolores, Marcelo Jeneci, O Terno, The Baggios, Cumbia All Stars e Anelis Assumpção. Filmei algumas músicas, saca só:

Anelis de mansinho

anelis-peter-tosh-00

Logo após o segundo dia do festival Radioca, que cobri no início deste mês, em Salvador, encontrei Anelis Assumpção nos bastidores e ela estava super animada com a pequena turnê pelo nordeste: o show na capital baiana tinha sido o terceiro depois de passar por Aracaju e Feira de Santana. “É curioso e muito satisfatório chegar com o show em lugares tão distantes e sentir que o som já havia batido sem a presença física”, me explica por email, quando lembro que ela comentava que boa parte do público sabia as músicas, “concluo o encontro com a performance e um ciclo se completa.”

“Se não fosse a internet”, continua, “não sei, em Feira de Santana, Aracaju ou Crato, as pessoas poderiam cantar minhas músicas, criar expectativas sobre um show ou mesmo abrir a possibilidade dessa circulação. Vinte anos atrás, o eixo Rio-SP era o que existia de ‘trampolim’ para qualquer artista, sobretudo o independente. Precisava ter força nessa ponte para poder repercutir Brasil afora. Hoje estamos livres disso. As demandas são outras.”

O trabalho com a atual banda – os incríveis Amigos Imaginários, formados pelos Bixiga 70 Maurício Fleury e Cris Scabello, nos teclados e guitarra, Lelena AnhaIa na guitarra, Bruno Buarque na bateria, Mau Pregnolatto no baixo e o Edy Trombone, no trombone e percussão – está cada vez mais azeitado e ela está cada vez mais à vontade entre esse amálgama de black music que misura o soul, o samba, o reggae e o funk numa medida perfeita.

Ela apresentou-se no 75 Rotações que o Radiola Urbana fez no fim de semana passado, recriando o disco Legalize It, do Peter Tosh, na íntegra, e comemora o resultado. “Foi um show lindo e emocionante. O álbum em si tem uma carga emotiva natural”, explica. “Fazer esse tipo de projeto não é fácil, mas vejo como um estudo precioso. Exercitar a língua, a interpretação. Sair de si e mergulhar em outrém. E que outrém!”

Ela agora apresenta-se na Serralheria, nessa sexta-feira, e promete alguma coisa de Peter Tosh (“Devemos fazer uma ou duas do Legalize It que ta fresquinho na memória”), mas não está pensando em novo trabalho, mas em amarrar ainda mais o trabalho atual. “Segue o baile!”, comemora.

As fotos que ilustram essa página são do show da sexta passada e foram tiradas por Daniel Wuo Piovezani. Tem outras lá no Flickr dele. E os vídeos eu fiz no festival na Bahia.