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Sebadoh à brasileira

Mais de dez anos depois, o clipe brasileiro que o Sebadoh gravou em São Paulo finalmente tem estreia marcada pro próximo dia 28, no canal do YouTube da banda e seus diretores, os compadres Ricardo Spencer e André Peniche, disponibilizam um trecho do clipe em primeira mão no Trabalho Sujo. O trabalho foi idealizado pelo baiano Spencer, que, depois de dirigir dezenas de clipes para artistas brasileiros, tinha o sonho de fazer um clipe para algum dos artistas – indies, claro – que o motivaram a cair na música. A primeira tentativa foi em 2008, quando registrou um clipe em Super 8 com a passagem do Mudhoney pela Bahia, cujo material foi destruído por um laboratório de São Paulo. Depois de tentar fazer algo com Lee Ranaldo (sem sucesso), a oportunidade surgiu quando a banda de Lou Barlow veio para o Brasil, em 2014.

Foi quando Spencer convidou o paulistano André Peniche – ele mesmo outro diretor de clipes para vários artistas nacionais – para dirigir parte das cenas do clipe que, seria filmado parcialmente com uma das novidades da época: o drone. “A ideia era um único take, com um drone em direção a uma das quitinetes que aluguei por um dia no Copan”, lembra Ricardo. “Seria 75% da música ‘Love You Here’ num único take sobrevoando São Paulo, até enquadrar uma das janelas da meca da moradia paulistana, com a banda tocando sua mágica. Acontece que o piloto do drone não tinha coragem de se afastar muito, mesmo comigo arrancando os cabelos, em terror, num terraço vizinho.”

“Sorte a minha que meu parceiro André Peniche era o responsável por uma segunda unidade, filmando a banda dentro do apartamento”, continua Ricardo. Eu novamente me frustrei e engavetei o clipe. André não.” Peniche, que mora desde 2020 em Helsinque, na Finlândia, pediu o material do clipe para Spencer, para tentar extrair dali um material a partir de outra ideia, já que a original não havia funcionado. “Aí em 2022, o Lou Barlow veio tocar na Finlândia com o Dinosaur Jr., me convidou pra ir no show e antes do show a gente ficou conversando sobre aquela turnê no Brasil, até que o clipe veio à tona”, lembra Peniche, que usou aquela conversa como gancho para finalmente finalizar o material, que só conseguiu fechar neste ano, por conta de questões de agenda de trabalho – e ele finalmente chega entre nós na próxima sexta.

Assista abaixo:  

A arqueologia de Júpiter Maçã

Quando mudou-se para a Finlândia, o cineasta André Peniche levou poucas coisas do Brasil – entre elas, um certo “tesourinho”. “Muito antes de morrer, ou melhor, pouco antes de recair na bebida, Júpiter deixou comigo o que ele chamava de ‘tesourinho’. Era basicamente uma cópia de cada disco lançado e outras raridades”, me explica por email, se referindo ao legado póstumo do papa psicodélico Júpiter Maçã, que aos poucos começa a ver a luz do dia. “Algumas dessas raridades estavam também com outros amigos músicos que tinham ainda mais participação do que eu na vida do man. Isso ficou comigo por uns dois anos antes de sua morte e claro, após 2015, quando ele faleceu. Ano passado me mudei para Helsinque, Finlândia, onde hoje resido, e uma das poucas coisas que trouxe comigo foi o tal ‘tesourinho’. O motivo? Não sei… Em parte talvez pois estou lentamente trabalhando num documentário extenso sobre ele mas em outro, pois simplesmente achei que devia.”