Dose dupla de Alzira E no Centro da Terra. Nesta terça-feira recebemos o Corte, banda que ela lidera ao lado de integrantes do grupo Bixiga 70, quando apresenta músicas novas de seu próximo álbum – e também aproveita para repassar momentos de sua carreira solo. No dia seguinte, na quarta-feira, será exibido também no teatro o excelente documentário Aquilo Que Nunca Perdi, dirigido por Marina Thomé, que conta, de forma afetiva, a impressionante carreira desta mulher. Quem assistir ao show da terça-feira não paga para ver o documentário no dia seguinte – e as duas apresentações começam pontualmente às 20h e podem ter seus ingressos comprados antecipadamente aqui e aqui.
Vamos começar mais uma viagem por universos diferentes da música brasileira, quando outubro chegar para dar início a uma nova fase de nossas vidas. A primeira segunda do mês (que tem cinco segundas-feiras) ainda faz parte da temporada do selo Matraca, quando Lau e Eu encerra a leva de apresentações Tempo Presente, e a partir da outra segunda, dia 10, começamos a temporada em que Fernando Catatau convida compadres e comadres para shows únicos a partir de encontros inéditos – sua temporada, batizada apenas de Frita, conta com quatro noites que prometem ser históricas: na primeira, dia 10, ele recebe Kiko Dinucci; na outra, dia 17, é a vez de Juçara Marçal; no dia 24, ele convidou Anna Vis para dividir o palco, e na última, dia 31, é vez de ele receber Yma e Edson Van Gogh, guitarrista dos Garotos Solventes que acompanham de Jonnata Doll. Como se isso fosse pouco, a primeira terça do mês, dia 4, é com a banda Corte, liderada por Alzira E, que fez uma apresentação especial para o teatro a partir do documentário Aquilo Que Nunca Perdi, que Marina Thomé fez sobre sua história – e quem for ao show na terça pode assistir ao documentário de graça na quarta-feira, dia 5, no próprio Centro da Terra. No dia 11 de outubro é a vez da baiana Paula Cavalcante mostrar seu projeto acústico Corpo Expandido pela primeira vez em São Paulo ao mesmo tempo em que prepara o lançamento de seu primeiro álbum. No dia 18 de outubro recebemos, diretamente de Portugal, o carioca Ricardo Dias Gomes, integrante da banda Do Amor, que chega à cidade para apresentar um espetáculo solo motivado pelo momento em que o Brasil está atravessando, e no final do mês, dia 25, é a vez da irresistível banda Eiras e Beiras mostrar todo seu encanto no pequeno palco do Sumaré. Noites mágicas para inaugurar uma nova fase – garanta seus ingressos antecipadamente neste link.
“Sei o que me salva, sei o que me mata”, canta hipnoticamente Alzira E sobre o poema do compadre Arruda, antes de explodir no refrão que batiza a nova música do Corte, banda em que ela toca ao lado de integrantes do Bixiga 70, “só não sei a dose exata!”. A faixa, escolhida para mostrar o vídeo-álbum Corte Vivo em SP, que foi gravado no Itaú Cultural no ano passado e que o grupo começa a lançar semanalmente a partir deste mês de novembro e que você assiste em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.
“Bati o olho e veio”, lembra a compositora, quando leu o poema no segundo livro do poeta, A Representação Matemática das Nuvens. “A gente já tinha gravado o disco do Corte quando fiz essa música e achei que o poema tinha a ver com isso, com essa explosão, essa coisa mais radical do grupo. Foi essa sensação que eu tive quando li o poema, que virou música na hora, fiz no baixo. E fiquei surpresa, porque o poema tem três linhas e achava que não ia rolar, é diferente fazer uma música com um poema tão curto, mas ele é muito intenso e muito inteiro. O fato de ter pouco verso não fez falta, porque é muito completo.”
A partir das 18h deste domingo, Iara Rennó recebe Ava Rocha, Maria Beraldo, Mariá Portugal e Alzira E para uma homenagem a Macunaíma, de Mário de Andrade, no show Macunas, que faz parte da programação do evento Mário Total, produzido pelo CCSP (mais informações aqui).
A partir desta quarta, o CCSP celebra os 80 anos da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, com uma série de atividades relacionadas à obra e ao trabalho etnográfico deste que é um dos maiores nomes de nossa cultura. As atividades envolvendo a curadoria de música deste Mário Total incluem um show de Iara Rennó com Maria Beraldo, Mariá Portugal, Ava Rocha e Alzira Espíndola em homenagem a Macunaíma no domingo, outro do Elo da Corrente revivendo as gravações daquelas expedições de 1938, uma palestra de Rodrigo Caçapa e uma apresentação de uma Congada escolhida pelo professor Alberto Ikeda, que faz a palestra de abertura nesta quarta (mais informações aqui). No site do CCSP tem outros desdobramentos do evento, que ainda inclui a exposição Na rota da Missão: 80 anos da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, palestras, aulas, debates e apresentação do grupo A Barca.
A banda Corte, formada por Alzira Espíndola (guitarra e vocais), Nandinho Thomaz (bateria), Marcelo Dworecki (baixo), Cuca Ferreira (sax) e Daniel Gralha (trumpete), os três últimos integrantes do Bixiga 70, é autora de um dos grandes discos do ano passado e também dona das terças-feiras de julho no Centro da Terra, quando aprofundam-se na poesia de sua obra ao convidar artistas da palavra na temporada Sorver o Verso (mais informações aqui). Na primeira terça-feira, dia 10, a convidada é a poeta Alice Ruiz. Na terça seguinte, dia 17, é Paula Rebellato, do Rakta, quem surge como convidada do grupo, seguida do técnico Bernardo Pacheco, convidado do dia 24, até o final com a participação do poeta arrudA, na última terça, dia 31. Conversei com o Dworecki sobre a temporada e como ela se encaixa na evolução do grupo desde o lançamento do ano passado.
Como esta temporada se relaciona com o primeiro disco do Corte?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-como-esta-temporada-se-relaciona-com-o-primeiro-disco-do-corte
Como serão as dinâmicas das terças-feiras com os convidados?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-como-serao-as-dinamicas-das-tercas-feiras-com-os-convidados
Como será a primeira terça-feira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-como-sera-a-primeira-terca-feira
Quem será o convidado da segunda terça-feira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-quem-sera-o-convidado-da-segunda-terca-feira
Quem vem na terceira terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-quem-vem-na-terceira-terca
E na última terça-feira, quem é o convidado?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-e-na-ultima-terca-feira-quem-e-o-convidado
A temporada consolida a primeira fase da banda ou abre espaço para um novo momento?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-a-temporada-consolida-a-primeira-fase-da-banda-ou-abre-um-novo-momento
Qual a diferença em apresentar um trabalho durante todo um mês, com o público sentado?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-qual-a-diferenca-em-se-apresentar-por-um-mes-com-o-publico-sentado
Encerrando a programação do Bicho de Quatro Cabeças no Centro Cultural São Paulo, o baterista do Hurtmold, Maurício Takara, apresenta seu projeto solo ao lado do Corte, banda formada por músicos do Bixiga 70 com a Alzira Espíndola, mais uma vez de graça, desta vez na Jardel Filho, às 19h (mais informações aqui).
Com o delicioso single “Receita Rápida”, Anelis Assumpção começa a mostrar seu terceiro disco, Taurina, que pelo andar da carruagem deve ficar para o ano que vem. O abre-alas é uma música de seu próprio pai, Itamar, ao lado da poeta Vera Motta, registrada pela madrinha Alzira Espíndola em seu disco de 1996, Peçam-me, que Anelis reconhece como seu próprio ponto de partida na música: “Venho feliz sob a lua nova, dizer que apesar dos tempos sombrios, sigo no foco do meu disco. O terceiro”, escreveu em sua página no Facebook. “Decidi lançar um single do disco. Muito difícil escolher uma única música pra quebrar a casca deste inédito novo que se aproxima. Pois bem. Num momento de reflexão sobre a solidão coletiva, sobre a morte e a vida latente em cada nota deste disco, decidi lançar a única canção que interpreto que é de outra autoria. Autoria esta de meu pai Itamar e sua parceira poeta Vera Motta. Canção esta que em outrora, com quatorze anos de idade, me fez ter vontade de cantar, por ouvi-la na voz da minha diva maior – Alzira Espíndola Achei de entender que essa poesia era a ponte entre o que viemos dizer sobre esta obra, este disco que se aproxima de nascer. O difícil ofício de ser alguém. A mão de deus. O alimento da matéria e do espírito. A leveza de ser mortal. o pesar. A natureza. A saudade. O ciclo. Uma sujeita oculta e presente. Sabor de quem.”
“Receita rápida eis. Nem tão rápida. Nem tão prática. Nem tão teórica. Uma receita. Uma maneira entre tantas de ser feliz nesse inferno céu chamado vida. Que seja a entrada. Um saboroso couvert aos ouvidos. Uma canção”, conclui. A versão 2017 da música é produzida por Beto Villares e acompanhada dos mesmos Amigos Imaginários que a seguem desde seu disco anterior (a superbanda formada por Cris Scabello e Maurício Fleury do Bixiga 70, a guitarrista Lelena Anhaia, o baixista Mau, o baterista Bruno Buarque e o trombone de Ed Trombone), com vocais das Negresko Sis, o trio de vocalistas que forma com Céu e Thalma de Freitas.
Para quem não conhece a versão original desta receita, ei-la:
O disco promete.