De volta aos palcos em grande estilo, Soledad apresentou o espetáculo Desterros nesta terça-feira no Centro da Terra quando passeou por um repertório cearense que contemplava tanto a praia quanto o sertão, tanto clássicos quanto a contemporaneidade, acompanhada de uma banda afiadíssima, quase toda sua conterrânea, mesmo que por convivência: o baterista Xavier e o guitarrista e baixista Davi Serrano são do Ceará, enquanto a tecladista brasiliense Paola Lappicy tem raízes paraibanas, o guitarrista e baixista Allen Alencar é do Sergipe e o percussionista Clayton Martin vem da Moóca, mas como único não-cearense do grupo Cidadão Instigado, já tem dupla cidadania. Além destes subiram ao palco o guitarrista Fernando Catatau – que tocou uma música ao violão e as outras numa curiosíssima guitarra tenor canadense verde-limão – e a cantora Paula Tesser, também conterrâneos de Sol, que pinçou um repertório mágico para uma noite intensa, que passou por Mona Gadelha (“Cor de Sonho”), Clodo, Climério e Clésio (“Tiro Certeiro”), Amelinha (“Santo e Demônio”), Belchior (“Meu Cordial Brasileiro”), Fagner (“Postal do Amor”), Rodger Rogério (“Ponta do Lápis” e “Quando Você Me Pergunta”), Chico Anysio (“Dendalei”, do projeto Baiano e Os Novos Caetanos), Ednardo (“Beira Mar”, do clássico Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem), além de duas de Vitor Colares, seu cantor favorito, que encerraram a noite: “Vermelho Azulzim” numa versão emotiva e a canção “Jardim Suspenso”, que reuniu todos no palco. Foi lindo.
Maior satisfação em receber mais uma vez no palco do Centro da Terra a querida Soledad, que volta a fazer shows depois de um tempo distante, debruçando-se na história e glória da música cearense das últimas décadas. Desterros, o espetáculo que ela apresenta nesta terça-feira no Centro da Terra espalha-se por gerações de músicos, intérpretes e compositores conterrâneos que remontam desde Patativa do Assaré, Belchior, Ednardo, Fausto Nilo e Amelinha a seus contemporâneos, muitos destes convidados desta apresentação. Além da banda que conta com Allen Alencar (guitarra e violão), Davi Serrano (guitarra e violão), Clayton Martin (percussão), Paola Lapiccy (teclados e piano), Xavier (bateria) e Klaus Sena, como técnico de som, a noite ainda terá a presença de Fernando Catatau, Julia Valiengo e Paula Tesser. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Maior satisfação anunciar a primeira apresentação do supergrupo Ondas de Calor nesta quarta-feira no Centro da Terra. Formado por músicos cearenses que, além de tocar com vários nomes da cena independente brasileira, se reuniram como a banda de apoio da cantora Soledad, os cearenses Davi Serrano (voz, guitarra, baixo e teclas), Xavier (voz, bateria, baixo e guitarra) e Igor Caracas (voz, bateria e guitarra) e o sergipano Allen Alencar (voz, guitarra, baixo e teclas) transformaram-se em uma banda para mostrar suas composições solo como um grupo e nesta apresentação de estreia, que batizaram de Calor e Desordem, contam com as participações das cantoras Anais Sylla e Julia Valiengo e a iluminação de Camille Laurent. A apresentação começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.
O ano aos poucos chega ao fim e com ele a temporada de música do Centro da Terra. Como temos menos datas que os meses recorrentes em dezembro, este é o último mês cheio de apresentações no nosso querido teatro do Sumaré. E quem toma conta das segundas-feiras deste mês é o maestro Chicão Montorfano, mestre das teclas do Quartabê que também já tocou com Gal Costa, Ava Rocha, Silvia Machete, André Abujamra, Negro Léo, entre outros, e aos poucos prepara o lançamento de sua carreira solo, com um disco que gravou há tempos, chamado Mistura, e finalmente prepara-se para lançar. Por isso batizou sua temporada de Prémistura, justamente para antecipar este seu primeiro álbum. Em quatro segundas, ele atravessa diferentes formações para mostrar o futuro trabalho e rever o próprio passado musical com a presença de pessoas queridas com quem trabalhou nestes anos. Na primeira segunda (6), ele mostra suas novas canções ao lado da companheira cantora e percussionista Marcela Sgavioli na formação Mar & Chicão, além de convidar a cantora e cavaquinhista Letícia Coura para passear pelas canções da peça Bacantes, do Teatro Oficina, do qual o compositor também foi diretor musical. Na outra segunda (13), ele chama dois ídolos e amigos – Alzira E. e Yantó – para acompanhá-los ao piano. Na segunda (27), ele promove a Prógui Náiti mostrando as músicas de seu novo disco ao lado de uma banda composta por Gabriel Falcão (guitarra) e voz, André Bordinhon (guitarra), Fernando Junqueira (bateria), Filipe Wesley (baixo) e mais uma vez Marcela Sgavioli (voz e percussão), que visita também clássicos do rock progressivo mundial. A temporada encerra na primeira segunda de dezembro (4), quando ele se reúne com os músicos Barulhista, Bernardo Pacheco e Wanessa Dourado para um concerto de improvisação livre. E a programação segue intensa às terças. A primeira delas (7) marca estreia do supeergrupo nordestino Ondas de Calor, formado pelos cearenses Davi Serrano (voz, guitarra, baixo e teclas), Xavier (voz, bateria, baixo e guitarra) e Igor Caracas (voz, bateria e guitarra) e o sergipano Allen Alencar (voz, guitarra, baixo e teclas), músicos que se conheceram ao acompanhar a cantora Soledad e que perceberam que juntos poderiam dar mais luz às canções que compunham como artistas solo. Neste primeiro show, são acompanhados das cantoras Anais Sylla e Julia Valiengo. Na terça seguinte (14), Juçara Marçal e Cadu Tenório se encontram mais uma vez para dar continuidade ao seu projeto Anganga, em que revisitam vissungos (cantos de trabalho) recolhidos pelo linguista Aires da Mata Machado Filho há cem anos em São João da Chapada, município de Diamantina (MG), em 65 partituras no livro O Negro e o Garimpo em Minas Gerais, que foram regravados por Clementina de Jesus, Geraldo Filme e tia Doca da Portela no álbum O Canto dos Escravos, em 1982. Na outra terça (21) é a vez do paraibano Vieira mostrar como está preparando seu próximo trabalho, continuação de Crise dos 20, disco que produziu ao lado de Benke Ferraz, dos Boogarins, em 2021. O mês fecha na última terça do mês (28), quando Bruno Berle mostra uma versão completa de seu álbum No Reino dos Afetos com a participação de boa parte dos artistas que estiveram no disco, incluindo canções que nunca tocou ao vivo. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos já podem ser comprados neste link.
Maravilha o show que Cacá Machado fez nesta quarta-feira no auditório do Sesc Pinheiros, dando continuidade ao trabalho que vinha fazendo com a banda formada no ano passado (e que banda! Allen Alencar na guitarra, Marcelo Cabral no baixo e Richard Ribeiro na bateria) ao mesmo tempo em que unia forças à voz da cantora Anaïs Sylla. Equilibrando o repertório de seus dois discos com composições recentes, a apresentação tomou o clássico de Paulinho da Viola “Roendo as Unhas” como ponto de partida, experimentando possibilidades improváveis a partir de uma base tradicional de música brasileira. Ao redor de Cacá, o trio de músicos explorava possibilidades entre o ruído e a melodia, Allen fazendo sua guitarra rugir ou gorjear dependendo da situação, Cabral entre o baixo elétrico, o synth bass e alguns pedais para distorcer bases nada previsíveis e Richard passeando pelas peças da bateria com pulso firme ou mão leve, de acordo com o clima que a música exigia, enquanto Cacá tocava uma guitarra elétrica em vez do sempre presente violão de nylon, deixando boa parte dos vocais a cargo da voz doce e sinuosa de Anaïs. Foi minha estreia na direção artística com o músico e compositor paulistano e um show em que palpitei pouco justamente para valorizar a base que Cacá já vinha armando desde que voltamos à vida nos palcos.
Enorme satisfação de anunciar que oficializo, a partir desta quarta-feira, o trabalho de direção artística da carreira do compadre Cacá Machado, quando ele apresenta-se no show Roendo as Unhas, no auditório do Sesc Pinheiros a partir das 20h. Músico e compositor estabelecido, ele também é um dos principais intelectuais que falam sobre música brasileira, atuando como coordenador do departamento de cultura da Unicamp, e começa a pensar o que poderá ser seu terceiro disco, depois dos ótimos Eslavosamba (2013) e Sibilina (2018). Para isso, montou uma banda afiadíssima com quem já vem tocando desde o ano passado, que conta com os grandes Allen Alencar nas guitarras, Marcelo Cabral no baixo e Richard Ribeiro na bateria, além de iniciar uma parceria com a maravilhosa cantora franco-senegalesa Anaïs Sylla. “O título do show vem da música que escolhi para abri-lo, o clássico de 1972 de Paulinho da Viola, que talvez seja seu samba mais paulistano por não se restringir ao gênero samba”, explica Cacá. “É uma composição ao mesmo tempo com espírito vanguardista e fincada na tradição e, de certo modo, é uma inspiração para a poética do meu trabalho como compositor.” Os ingressos estão à venda neste link.
Originalmente, a apresentação do duo Amarelo – formado pelo guitarrista Allen Alencar e pelo baixista Meno Del Picchia – no Centro da Terra iria acontecer em junho, mas como ainda estamos numa pandemia, aquela apresentação teve de ser adiada por motivos sanitários e finalmente será realizada nesta terça, 16 de agosto. Síntese e Máquina, experimento que eles propõem ao teatro, passa por canções de seus dois primeiros EPs e músicas de seu próximo trabalho. Na apresentação, eles são acompanhados pelos amigos Verônica Ferriani e Rodrigo Campos, que interferem no formato já estabelecidos destas músicas. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprado antecipadamente neste link.
Foto: Murilo Alvesso (Divulgação)
Neste domingo Benito di Paula completa 80 anos lançando seu primeiro disco com faixas inéditas em 25 anos, O Infalível Zen. Produzido pelo filho Rodrigo Vellozo ao lado do professor Rômulo Froes (e com o auxílio luxuoso dos bambas Thiago França, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Igor Caracas e Allen Alencar), o disco resgata ideias de canções que vinha trabalhando há décadas e mais outras tantas compostas há pouco, Conversei com os produtores e com o velho compositor em mais uma colaboração para o site da CNN Brasil.
O período da quarentena é inevitavelmente fértil para quem trabalha com criação – e quem está prestes a lançar mais um disco registrado no período é o músico sergipano Allen Alencar, que aproveitou a solidão para preparar um EP colaborativo com alguns amigos, sempre à distância. Rastro será lançado nesta sexta-feira e o músico antecipa uma das faixas, a melancólica e delicada “1964”, poema de seu amigo Felipe Bier, que assina como Lobo Guará, em primeira mão para o Trabalho Sujo, com direito até a clipe.
“Bati o olho um dia no poema, já à noite, e foi saindo a música, como uma coisa só”, lembra Allen. “Foi bem rápido, o que não é muito comum pra mim nesses casos. O poema tem o ano do golpe militar e fala um pouco sobre essa sensação de deslocamento, de um estado da mente que se está meio dormindo, meio acordado, como num vôo de avião, depois de um Dramin. Acho que de alguma forma ele se conecta com esse momento maluco que estamos vivendo, tanto nessa reedição de um autoritarismo aqui no Brasil e de se sentir ao mesmo estrangeiro e familiarizado com seu país, quanto no sentido fantástico e quase onírico de viver uma pandemia e todo esse momento, quase parecido com um sonho ruim, ou algo do tipo.”
“O disco foi realizado todo a distância”, continua o músico. “Gravei as coisas aqui em casa, o que era possível de fazer sozinho eu fiz, e outras coisas mandei pros amigos, músicos que eu confio e admiro. Dudu Prudente, produtor e baterista, amigo de longa data de Aracaju, gravou a bateria de uma delas, Daniel Doctors, parceiro em vários projetos gravou baixo, e Zé Ruivo, parceiro costumeiro, gravou alguns teclados. Me meti a mixar, eu mesmo, foi uma aventura.”
O guitarrista sergipano Allen Alencar, que já tocou com Criolo, Curumin, Fafá de Belém, Russo Passapusso, Karina Buhr, Guizado, Junio Barreto e Andreia Dias começa a mostrar seu primeiro disco solo, Esse Não é um Bom Verão pra Nós (capa acima), que será lançado na semana que vem em primeira mão no Trabalho Sujo, ao mostrar o clipe de “Kabul”, música que conta comas participações de Richard Ribeiro, Julia Valiengo e Zé Ruivo, este último coprodutor do disco.
https://www.youtube.com/watch?v=hF9WcBXzbcw
“Kabul é umas das músicas que gosto muito desse disco. Foi uma das primeiras que fiz nessa leva de canções que deram forma a ele. Acho que ela de algum modo capta o espírito fundacional do disco, sintetiza algo que eu queria transmitir nesse trabalho. Fui compondo com a Bruna (Barros), enquanto brincávamos com um mapa enorme do continente asiático que temos em casa, fomos construindo sensações de como seria estar em cada uma dessas cidades da música. Ela tem uma atmosfera onírica, como se fosse uma viagem em sonho por cidades reais imaginárias. A Julia Valiengo cantou lindamente comigo e selou essa atmosfera de viagem onírica”, ele me conta.