Justin Timberlake via Baleia

Dica do Esposito. É que Baleia é o nome da banda. Boa semana.

O fim de Lost por Alexandre Esposito

Acabou.

Comecei esse texto cerca de 5 minutos depois dos créditos do episódio final de Lost, e ainda tenho muita coisa pra assimilar. E mesmo já tenho muita coisa a dizer, a especular, a divagar, é muito difícil escolher como começar.

Uma certeza eu tenho: muita gente vai xingar demais esse final. E provavelmente por não entenderem.

Lost foi um fenômeno midiático desse começo de século, construindo sua popularidade não só na TV, mas na internet e em diversas ações. Só que a base desse sucesso é a mesma de qualquer outro sucesso das telas, de qualquer época: os fãs.

E esse final foi um tributo para os fãs.

Não só o final, como praticamente a metade da temporada, através dos flash-sideways. Recurso cuja explicação em princípio pode parecer horrorosa e se encaixar entre os piores temores dos fãs. Como assim “estão todos mortos”? Não, não estão todos mortos! Pelo menos não nas 5 primeiras temporadas, e nem durante as cenas na Ilha na 6ª.

É o desenrolar na Ilha que marca o final, com o sacrifício de Jack, a derrota do Fumação, Hurley assumindo como novo Jacob tendo em Ben o seu braço direito e com Kate, Sawyer, Claire, Miles, Richard e Lapidus escapando. ISSO é o final de Lost.

Mas claro, esse é um final melancólico. Para falar a verdade, quase desesperador. Afinal, acabar assim significaria que a vida de John Locke foi uma grande tragédia sem sentido. Que Sun e Jin deixaram uma filha órfã por nada. E mesmo com a vitória final do “bem”, esse seria um final triste pra cacete.

Nada contra finais tristes. Mas vamos lembrar de novo dos fãs, e do que sustentou eles acompanhando a série até o momento. Foram os mistérios? Uma ova! Pelo excesso dos mistérios eu só conheci gente querendo largar a série. O que fazia a gente se importar em Lost eram os personagens. E os flash-sideways serviram para que pudéssemos nos despedir de todos eles juntos de forma digna e significativa. Quase como um prêmio de consolação.

A chave para isso está no episódio do Desmond, “Happily Ever After”. Felizes para sempre. Infelizmente isso não foi possível pra quase ninguém em suas vidas. Mas o presente de Damon Lindelof e Carlton Cuse pra nós fãs foi mostrar que ainda havia chance de felicidade para eles, mesmo que apenas do outro lado da vida. E foi extremamente tocante cada reencontro.

É claro, um fim sobrenatural, quase espiritual. Mas pra quem acompanhou uma série com uma ilha que se move, um monstro de fumaça e pessoas que não envelhecem, esse tipo de coisa não deveria incomodar, certo?

Só acho uma pena que provavelmente as pessoas acabem falando mais desse final “prêmio de consolação” do que do real, que foi igualmente emocionante e espetacular. Desmond “desligando” a luz foi épico, e Jack se sacrificando para acendê-la novamente também. Mas os dois grandes momentos sem dúvida foram a grande luta de Jack e Flocke e a morte de Jack. Ele caminhando no bambuzal até cair no mesmo lugar onde a série começou foi perfeito. E se tudo teve início com um close do olho dele abrindo, só poderia acabar com o mesmo close, só que com o olho fechando, não sem antes ver o avião com seus amigos saindo em segurança.

Um final emocional e repleto dos elementos que nesses 6 anos foram parte tão presente na vida de quem acompanhou a série. Lost marcou época na TV e na cultura pop mundial.

E seu final fez justiça a essa importância.

Épico.

* Alexandre Esposito escreveu este texto em seu blog.

Lost por Alexandre Esposito

Se tem uma coisa que aprendi na vida é que a gente nunca sabe quando uma paixão vai surgir. E nem estamos preparados para ela. Claro que eu não seria nem louco de querer comparar Lost com uma mulher, mas quando a série entrou na minha vida, também me pegou de surpresa.

Claro, eu acompanhei todo o hype pela estréia e a repercussão dos seus primeiros episódios. Mas a verdade é que na época eu não liguei pra isso, não dei muita importância. É tipo aquela menina linda dos tempos de escola que por ser mais na dela, discreta, só percebemos o quanto valia a pena anos depois, quando o contato já foi embora. Pra mim sorte, eu não precisei de anos para notar Lost. Bastou um domingo, na Globo. Aquele foi o estopim para que eu baixasse tudo que já tinha rolado e em uma semana estivesse já emparelhado com a exibição nos EUA.

O que me atraiu em Lost e ainda me atrai é que, por mais loucas e sem sentido que algumas tramas possam parecer em alguns (ok, em vários) momentos, a essência dela é a humanidade. Os nossos heróis estão perdidos, e nós também. Nós não temos respostas, e eles também não. Lost é um fenômeno porque coloca público e personagens na mesma condição. É fácil se identificar, fácil se relacionar. Não que a gente esbarre na rua o tempo todo com velhos carecas com coleções de facas, ou com ex-torturadores iraquianos. Mas quantos de nós não somos ou pessoas em que a vida deu rasteiras e que se sustentam vivas por causa da fé e da esperança como Locke, ou ainda pessoas perseguidas por traumas e fantasmas do passado como Sayid?

É por isso que tanta gente diz, e com razão, que Lost não é um seriado, é uma experiência. Que a gente não assiste, vivencia. E da mesma forma que Desmond teve sua constante em Penny, posso dizer que também tive nos últimos seis anos uma paixão como uma constante na minha vida: Lost.”

* Não conheço o Alexandre Esposito, mas ele edita o Vida Ordinária, que é bem bom, e foi o primeiro não-amigo a responder à convocação para escrever sobre a série que eu fiz ontem cedo.