O almanacão de férias do Alan Moore

Prometido há mais de vinte anos, finalmente sai em outubro deste ano (e já em pré-venda) o tão aguardado The Moon and Serpent Bumper Book of Magic ou, como bem traduziu o compadre Érico Assis, com toda propriedade, “Almanacão de Férias Mágicas da Lua e da Serpente”. Bumper book é o nome em inglês para livros enormes de passatempos feitos para crianças passarem as férias e sua versão brasileira foi trazida para o Brasil por Maurício de Souza em seus Almanacões de Férias da turma da Mônica, nos idos do século passado. A diferença é que este calhamaço tem a grife do mestre dos magos Alan Moore, que vinha trabalhando com seu mentor Steve Moore (que lhe abriu as portas dos quadrinhos para o pupilo ainda nos anos 70, quando Alan começou a assinar uma tira no semanário Sounds), desde o início do século a partir dos experimentos com magia que vinha fazendo em performances ao vivo ao lado de seu The Moon and Serpent Grand Egyptian Theatre of Marvels. Steve faleceu em 2014, mas Alan seguiu o trabalho ao lado de cinco de seus artistas favoritos, Kevin O’Neill, John Coulthart, Steve Parkhouse, Rick Veitch e Ben Wickey, concebendo um manual ilustrado de magia em capa dura e com mais de 350 páginas que traz encantamentos, guias de viagem para dimensões alienígenas, uma dissertação sobre o tema (“Adventures in thinking”), biografias de 50 magos históricos desde a última era glacial e “o significado definitivo da lua e da serpente que torna transparente os sempre obscuros segredos da magia, da felicidade, do sexo, da criatividade e do Universo conhecido ao mesmo tempo em que explica por que estes símbolos lunares e ofídios aparecem com tanta proeminência no peculiar nome desta ordem”, que data de 150 anos antes de Cristo. Ou seja, pura diversão!

Alan Moore é Lula

O bruxo Alan Moore escreveu uma extensa carta para os brasileiros explicando porque ele é a favor de Lula nesta eleição de 2022. Abaixo, a tradução que fiz para seu texto e a carta original, em inglês.

Caro Brasil,

Estamos gastando rapidamente nossas últimas chances de salvar o planeta e seus povos. Nosso mundo está mudando, mais rápido que jamais mudou e forçando-nos a adaptar mais rapidamente se iremos sobreviver. De uma sociedade caçadora-coletora à agricultura, da agricultura à indústria, da indústria ao que quer esteja tomando forma agora – esta nova condição para a qual não temos um nome ainda – a humanidade já se deparou com esses tipos de mudanças monumentais anteriormente, embora não com frequência. Estas transições não são causadas por forças políticas, mas pelos irrefreáveis movimentos da maré da história e da tecnologia, que é uma maré em que podemos guiar nossos veículos para nossa vantagem ou sermos naufragados por ela. A Terra está mudando, mudando pela necessidade de se tornar um lugar novo, e apenas nos resta mudar com ela ou então abrir mão para sempre da biosfera que nos sustenta. A maioria das pessoas, acredito, sabe disso em seus corações e pode sentir isso em seus estômagos.

E assim, ao longo dos últimos cinco anos e pouco, vimos através de todo o globo uma ressurreição feroz das ideias político-econômicas que exatamente nos levaram a essa situação obviamente desastrosa no princípio. A escancarada agressividade desse avanço da extrema-direita me parece tão à força, e ainda assim tão desconectada de qualquer realidade, que só pode ter nascida do desespero; o medo histérico sentido por aqueles que estão mais bem-posicionados nas estruturas de poder do velho mundo, e que sabem que o novo mundo pode, em última instância, não ter mais lugar para eles. Temendo suas próprias existências e pela existência de uma visão de mundo que os beneficia, eles entupiram o palco mundial nesta última meia-década com personagens de pantomima barulhentos, exagerados e grotescos, para os quais nenhum ato é tão corrupto ou desumano e nenhuma linha de argumentação é descaradamente absurda.

Desavergonhadamente monstruosos, eles têm perseguido minorias raciais e religiosas, ou seus povos originários, ou os pobres, ou as mulheres, ou pessoas de outras sexualidades, ou todos estes citados. Durante a pandemia ainda em andamento, eles colocaram seus posicionamentos políticos e suas doutrinas financeiras à frente da segurança de suas populações, presidindo centenas de milhares de mortes potencialmente desnecessárias; centenas de milhares de famílias e comunidades devastadas. Com suas nações em chamas ou inundadas ou em seca, eles insistiram que as mudanças climáticas eram um boato da esquerda para incomodar a indústria e rotularam ativistas ambientais e sociais como terroristas. Adotando o estilo circense-fascista do italiano Silvio Berlusconi, nós tivemos o perigoso teatro de insurreição de Donald Trump nos EUA, as desgraças arruinadoras de Boris Johnson e seus reservas no Reino (ainda) Unido. E, é claro, o Brasil tem Jair Bolsonaro.

Apesar de nós do Hemisfério Norte obviamente contribuirmos muito além da nossa cota de figuras políticas horrendas para a situação do mundo, não conheço ninguém com uma grama de consciência e compaixão que não se indigne com o que Bolsonaro, ao assumir o cargo na onda de Trump, fez com seu grande e lindo país, além do que ele continua a fazer com o nosso relativamente pequeno e ainda belo planeta. Assistimos com desespero enquanto, rezando pela mesmo hinário de sua inspiração norte-americana, Bolsonaro atacou os povos indígenas do Brasil, os seus homossexuais e os direitos de suas mulheres de fazer aborto de forma segura, alimentando um incontrolável incêndio de ódio como uma distração para suas agendas sociais e econômicas, enquanto ao mesmo tempo inundava sua cultura com armas. O vimos se gabar de seu jeito de lidar com a pandemia jorrando sua idiotice contra vacinas, e também observamos a expansão dos cemitérios improvisados; aquelas covas lado a lado no solo cinza com flores mortas e marcações de tinta trazendo gotas de cor.

Também vimos como ele respondeu à proposta de novas leis ambientais internacionais ao simplesmente aumentar a sua devastação suicida das florestas tropicais, asfixiando nossa atmosfera comum com a queima de florestas, desalojando ou matando pessoas que viveram nestas regiões por gerações, aparentemente em conluio ou fazendo vista grossa para o assassinato de jornalistas que investigavam a brutalidade dessa limpeza étnica. Uma respeitada revista científica britânica da qual sou assinante, New Scientist, recentemente descreveu as próximas eleições como potencialmente o ponto crítico sem volta na batalha de vida ou morte de nossa espécie contra a catástrofe climática que nós mesmos engenhamos. Dito de maneira simples, ou Jair Bolsonaro continua, lucrativamente, a satisfazer os interesses corporativos dos que o apoiam, ou nossos netos terão o que comer e respirar. É uma coisa ou outra.

Como anarquista, existem pouquíssimos líderes políticos que eu seria completamente capaz de tolerar, e ainda mais endossar, mas por tudo que soube e li a respeito, Luiz da Silva, Lula, parece ser um desses raros indivíduos. Suas políticas parecem ser justas, humanas e concretizáveis e, pelo que entendi, ele se comprometeu a reverter muitas das decisões desastrosas de Bolsonaro. Consertar o estrago destes últimos cinco anos certamente não será fácil nem barato, e da Silva poderá estar herdando um cenário político terrivelmente desfigurado. No mínimo, contudo, desta distância ele parece ser um candidato que reconhece que a humanidade está atravessando uma de suas pouco frequentes transformações sísmicas e percebe que precisamos mudar a forma como vivemos se quisermos continuar vivos. Ele me parece ser um político comprometido com o futuro, com seu trabalho honesto e com suas possibilidades justas e maravilhosas, e é melhor que a batida e devastadora agonia de morte de um passado insustentável.

A próxima eleição no Brasil se encontra equilibrada sobre o fio de uma navalha e, pelo que discuti acima, o mundo inteiro está à sua mercê. Se você alguma vez gostou de algum dos meus trabalhos ou sentiu alguma empatia pelas por suas tendências humanitárias, então, por favor, saia e vote por um futuro próprio para os seres humanos, por um mundo que seja mais que uma latrinas dourada para corporações e suas marionetes.

Vamos deixar as injustiças dos últimos cinco anos, ou talvez dos últimos cinco séculos, no passado.

Com amor e com confiança,
De seu amigo,

Alan Moore

Leia o original aqui.  

From Hell… colorido?

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A notícia não é nova, já que a reedição dos dez volumes que compõem a clássica graphic novel From Hell, em que Alan Moore e Eddie Campbell tentam decifrar o enigma de Jack o Estripador enquanto a Inglaterra vitoriana prepara-se para entrar no século, começou quando a série original completou 20 anos, em 2018. Seria apenas mais uma reencarnação editorial de outro clássico dos quadrinhos não fosse o pequeno detalhe desta edição ter… cores. A surpreendente notícia nos remete à infame versão colorizada de Casablanca que foi lançada no final dos anos 90, mas há um diferencial crucial: quem coloriu os quadrinhos foi o próprio Campbell, seu ilustrador original, que prefere inclusive se referir à nova versão como “colorida” em vez de “colorizada”, como a própria editora Top Shelf chama a versão na capa do volume que reúne as dez edições num só tomo, este sim lançado no mês passado.

Campbell aproveitou para corrigir defeitos que lhe incomodavam, nada que mudasse substancialmente para o leitor e que mais mexiam com seu perfeccionismo. Mas por mais que a versão colorida não seja tão ofensiva quanto parece conceitualmente, ela perde o tom sombrio e pesado que atravessa as páginas da versão original – em que manchas de sangue viram borrões pretos de nanquim. Dá para ver algumas páginas abaixo, mas este equivalente visual de uma versão do diretor não chegou a me comover… Embora não seja, felizmente, uma heresia como este notícia fazia parecer.

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Dá pra comprar o volume completo deste From Hell colorido no site da editora Top Shelf.

DM: Lovecraft’s in the Air, Big Lebowski e Alan Moore

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Íamos falar de Juntatribo, mas Lovecraft Country, a nova série de horror da HBO, nos fisgou logo após seu primeiro episódio, por isso pulamos o festival indie campineiro para dedicar a edição desta semana do DM à investigação da obra e do personagem que inspiraram a série, o incel chamado H.P. Lovecraft, bem como a história de seu legado e sua mitologia, que foi parar inclusive nas mãos de Alan Moore. Também celebramos as cabeças por trás da série – nominalmente JJ Abrams, Jordan Peele e Misha Green – e descobrimos que o futuro da era de Aquário é o Grande Lebowski.

Cabeça Aberta: Velvet, Kubrick, Mutantes e Alan Moore

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A partir do mês de junho, começo a ministrar a série de cursos Cabeça Aberta, que idealizei para falar sobre obras revolucionárias na Unibes Cultural, em São Paulo. O subtítulo do curso – Discos, filmes e livros que criaram o mundo de hoje – explicita melhor o viés utilizado para escolher as obras a serem analisadas, que nesta primeira edição resumem-se em quatro: o disco de estreia do grupo Velvet Underground, The Velvet Underground & Nico, o famoso disco da banana, é o tema da primeira aula, dia 2; seguido do clássico de Stanley Kubrick, 2001 – Uma Odisseia no Espaço, tema da segunda aula, dia 9; depois temos o terceiro disco dos Mutantes, A Divina Comedia ou Ando Meio Desligado, no dia 23; e encerramos no dia 30, com a obra-prima de Alan Moore, a série em quadrinhos Watchmen. São aulas que evidenciam o potencial revolucionário destas quatro obras e dissecam suas origens, influências e impacto cultural para mostrar que a cultura tem o poder transformador de capturar ansiedades e expectativas de diferentes épocas e transformá-las radicalmente com um disco, um filme ou uma história em quadrinhos. Os cursos acontecem sempre aos sábados, na Unibes Cultural (Rua Oscar Freire, 2.500, ao lado da estação Sumaré do Metrô, telefone: 11 3065- 4333), das 14h às 17h, e podem ser feitos separadamente, embora quem fizer os quatro contará com um desconto (mais informações aqui).

17 de 2017: 7) Alan Moore

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Conversei por duas horas com outro mestre – numa entrevista ainda inédita. Depois eu falo mais sobre isso – mas só essa entrevista já teria valido o ano.

A ascensão do fascismo britânico

Alan Moore tinha razão:

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“Europe is lost, America lost, London lost”, canta Kate Tempest, “still we are clamouring victory”. Se alguém quiser traduzir a letra, posta nos comentários que eu republico aqui.

Europe is lost, America lost, London lost
Still we are clamouring victory
All that is meaningless rules
We have learned nothing from history

People are dead in their lifetimes
Dazed in the shine of the streets
But look how the traffic’s still moving
The system’s too slick to stop working
Business is good. And there’s bands every night in the pubs
And there’s two for one drinks in the clubs

And we scrubbed up well
We washed off the work and the stress
Now all we want’s some excess
Better yet; A night to remember that we’ll soon forget

All of the blood that was bled for these cities to grow
All of the bodies that fell
The roots that were dug from the earth
So these games could be played
I see it tonight in the stains on my hands

The buildings are screaming
I can’t ask for help though, nobody knows me
Hostile, worried, lonely
We move in our packs and these are the rights we were born to
Working and working so we can be all that we want
Then dancing the drudgery off
But even the drugs have got boring
Well, sex is still good when you get it

To sleep, to dream, to keep the dream in reach
To each a dream
Don’t weep, don’t scream
Just keep it in
Keep sleeping in
What am I gonna do to wake up?

I feel the cost of it pushing my body
Like I push my hands into pockets
And softly I walk and I see it, this is all we deserve
The wrongs of our past have resurfaced
Despite all we did to vanquish the traces
My very language is tainted
With all that we stole to replace it with this
I am quiet
Feeling the onset of riot
Riots are tiny though
Systems are huge
The traffic keeps moving, proving there’s nothing to do

It’s big business baby and its smile is hideous
Top down violence, a structural viciousness
Your kids are doped up on medical sedatives
But don’t worry bout that, man. Worry bout terrorists

The water levels rising! The water levels rising!
The animals, the elephants, the polarbears are dying!
Stop crying. Start buying
But what about the oil spill?
Shh. No one likes a party pooping spoil sport

Massacres massacres massacres/new shoes
Ghettoised children murdered in broad daylight by those employed to protect them
Live porn streamed to your pre-teen’s bedrooms
Glass ceiling, no headroom
Half a generation live beneath the breadline

Oh but it’s happy hour on the high street
Friday night at last lads, my treat!
All went fine till that kid got glassed in the last bar
Place went nuts, you can ask our Lou
It was madness, the road ran red, pure claret
And about them immigrants? I can’t stand them
Mostly, I mind my own business
They’re only coming over here to get rich
It’s a sickness
England! England!
Patriotism!

And you wonder why kids want to die for religion?

It goes
Work all your life for a pittance
Maybe you’ll make it to manager
Pray for a raise
Cross the beige days off on your beach babe calendar

The anarchists are desperate for something to smash
Scandalous pictures of fashionable rappers in glamorous magazines
Who’s dating who?
Politico cash in an envelope
Caught sniffing lines off a prostitutes prosthetic tits
And it’s back to the house of lords with slapped wrists
They abduct kids and fuck the heads of dead pigs
But him in a hoodie with a couple of spliffs –
Jail him, he’s the criminal
Jail him, he’s the criminal

It’s the BoredOfItAll generation
The product of product placement and manipulation
Shoot em up, brutal, duty of care
Come on, new shoes
Beautiful hair

Bullshit saccharine ballads
And selfies
And selfies
And selfies
And here’s me outside the palace of ME!

Construct a self and psychosis
And meanwhile the people are dead in their droves
But nobody noticed
Well some of them noticed
You could tell by the emoji they posted

Sleep like a gloved hand covers our eyes
The lights are so nice and bright and lets dream
But some of us are stuck like stones in a slipstream
What am I gonna do wake up?

We are lost
We are lost
We are lost
And still nothing
Will stop
Nothing pauses

We have ambitions and friendships and courtships to think of
Divorces to drink off the thought of

The money
The money
The oil

The planet is shaking and spoiled
Life is a plaything
A garment to soil
The toil the toil
I can’t see an ending at all
Only the end

How is this something to cherish?
When the tribesmen are dead in their deserts
To make room for alien structures
Develop
Develop

And kill what you find if it threatens you
No trace of love in the hunt for the bigger buck
Here in the land where nobody gives a fuck

É um dia sombrio não só para a Inglaterra e para a Europa, mas para todo o planeta.

Alan “Coringa” Moore

Incrível esse retrato que o ilustrador James Zark fez do Alan Moore inspirado no Coringa de Brian Bolland, da Piada Mortal, escrita por Moore.

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Vi no Boing Boing.

Um milhão de palavras de Alan Moore

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Na semana passada, a filha de Alan Moore, Leah, anunciou que seu pai havia terminado de escrever Jerusalem – e que o segundo romance do mestre dos magos da HQ teria um milhão de palavras.

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Comparando, a Bíblia tem 200 mil palavras e Guerra e Paz, do Tolstoi, tem pouco mais de meio milhão.

O esforço pesado de Alan Moore é um trabalho que começou há seis anos e explora ainda mais o conceito de seu primeiro livro, A Voz do Fogo, em que ele voltava à pré-história para contar diferentes estágios no tempo do condado onde nasceu e reside, Northamptonshire. Jerusalem vai mais a fundo nessa história ao focar em uma área central da cidade de Northampton. “Meu próximo livro terá alguns milhões de palavras e será apenas sobre esta sala de estar”, riu em uma entrevista que deu em 2011 sobre o livro ao New Statesman.

Na mesma entrevista, ele dizia que escrevia o livro para “provar a inexistência da morte”, enquanto encarna diferentes estilos literários, à maneira como faz na saga A Liga Extraordinária. A diferença é que em Jerusalem não há referências visuais e os devaneios linguísticos incluem um capítulo escrito de forma quase cifrada emulando James Joyce e outro em que evoca uma peça de Samuel Beckett em que o dramaturga fala sobre críquete e igrejas. Há inclusive um capítulo que se passa numa quarta dimensão, o que pode ser a chave não apenas para o livro, mas para toda a obra de Alan Moore:

“Cheguei à conclusão que o universo é um lugar de quatro dimensões em que nada acontece e nada se move. A única coisa que move-se no eixo do tempo é nossa consciência. O passado ainda está aí, o futuro sempre esteve aí. Todos os momentos que já existiram ou ainda existirão fazem parte desse hipermomento gigante no espaço-tempo. (…) Quando você pensa numa viagem padrão em três dimensões – por exemplo, estar em um carro que anda por uma estrada. As casas pelas quais você passa desaparecem atrás de você, mas você não duvida que se você voltasse, as casas continuariam ali. Nossa consciência só se move de uma forma pelo tempo, mas acho que a física nos diz que todos aqueles momentos ainda estão ali – e quando chegamos ao fim de nossas vidas não há para onde a consciência possa ir, exceto voltar ao começo. Vivemos nossas vidas o tempo todo, mais uma vez.”

Não vejo a hora de ler isso!

O que achou do final de True Detective?

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Adorei o final da saga de Marty e Rust, simples e pensativo como sempre nos provocou a natureza da série. True Detective fechou sua complexa e pesada jornada com as mesmas mãos densas e poéticas que Nic Pizzolato (o autor) e Cary Joji Fukunaga (o diretor) usaram para nos puxar para dentro dela. Ainda estou batendo idéias e só vou escrever depois de reassistir ao episódio nas próximas horas, mas já começo a reunir neste post, abaixo, algumas das referências, citações e impressões relacionadas a este “Form and Void” que colocou a primeira temporada da série no panteão dos melhores programas de TV deste século (o que não é pouco). Por isso, só continue lendo se já tiver visto toda a série, pois lá vêm os spoilers: