#AgoraÉQueSãoElas: O que a mulher faz, por Jardim Secreto
Acompanho o trabalho de Claudia Kievel e Gladys Tchoport, as donas do Jardim Secreto, desde que elas estavam começando, junto com a onda de festas-bazar que toma conta da cidade. E as duas escrevem para a campanha #AgoraÉQueSãoElas – que continua indefinidamente aqui no Trabalho Sujo – sobre ser mulher e produzir cultura, às vésperas de uma edição do Jardim dedicada ao tema feminismo, a primeira que trará uma exposição.
Ouvimos muitas vezes as pessoas impressionadas com o fato de o nosso projeto ser organizado, pensado e criado por apenas duas mulheres. Por quê o espanto? A única diferença que enxergamos é que existe talvez um pro ativismo natural mais forte na mulher do que no homem.
Explicamos: é comum ouvir afirmações do tipo “ah mas com o seu charme você consegue tudo”, como se pra mulher sempre fosse mais fácil conseguir realizar objetivos, apenas por ter um corpo de mulher. Muito pelo contrário. É difícil ser levada a sério, por mais que se tenha uma atitude dura. Você continua sendo mulher, e o seu trabalho vai continuar sendo encarado como “trabalho de mulher”, como se homens e mulheres não pudessem exercer as mesmas funções ou terem a mesma capacidade e gostos. Sentimos na pele que para conseguirmos atingir nossos objetivos, ou as vezes apenas executar algumas funções simples, é preciso se impor, se impor o tempo todo, ser durona. Porque?
Porque é necessário se masculinizar para conseguir respeito?
Feminismo não é só se vitimizar. Somos vítimas, é fato, mas não queremos esse título e ele nem nos agrada. Queremos o respeito e a credibilidade que homens recebem. Queremos que nossa voz seja ouvida pelo o que temos a dizer e não pela nossa aparência. Em resumo, feminismo nada mais é do que a igualdade de direitos entre gêneros. Não existe um movimento por parte das mulheres com a mesma força que o machismo, para se igualar a ele vão-se algumas centenas de anos. Ou seja, não existe nem a remota possibilidade de feminismo ter o mesmo peso que o machismo.
O movimento #AgoraÉqueSãoElas é uma idéia bonita, mas seria mais bonito se isso se aplicasse de forma definitiva no cotidiano das mídias, não só para agradar por uma semana.
O Jardim Secreto Fair é um projeto que tem como objetivo apoiar e destacar o trabalho de pequenos produtores brasileiros, que possuem projetos feitos à mão. Fora esse objetivo, temos também alguns posicionamentos, que nunca foram devidamente verbalizados, mas estamos com vontade de tornar isso real. E começamos pelo tema Feminismo, na primeira exposição realizada no Jardim, no dia 19 de dezembro.
Nesta edição, cedemos um espaço para a escritora Clara Averbuck fazer o lançamento de seu novo livro, Toureando o Diabo, e para aproveitar esse acontecimento queremos um espaço de exposições dentro da feira, e a primeira se trataria 100% sobre o feminismo. Convidamos ilustradoras que se identificam como feministas, para criarem um cartaz sobre o tema “O que é feminismo?”. Ela pode ter texto ou não, fica a critério de cada uma. Quem quiser colaborar manda email para jardimsecretoo@gmail.com ate dia 20 de novembro.
O projeto inicialmente é colaborativo, mas vamos divulgar o nome e trabalho de cada uma que decidir apoiar a ideia em todas as nossas mídias, além de arcarmos com o custo das impressões e montagem da exposição.
A ilustração deste post é da Erica Maradona.
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