A diferença entre um atentado da extrema direita e de um muçulmano, por Gustavo Chacra
Do blog do Chacra:
Quando um ato de terrorismo acontece no Ocidente, sei que meus amigos muçulmanos ficam torcendo desesperadamente para que o autor não seja algum seguidor da mesma religião deles. Sabem que serão associados à ação no outro dia quando forem ao trabalho, à universidade ou à academia. Alguns precisarão esconder os nomes ou adotar apelidos “americanizados”.
Esta espécie de generalização pode ser resumida em um ato de punição coletiva que recebeu destaque nesta semana nos EUA. Depois do 11 de Setembro, um americano matou duas pessoas (um muçulmano e um hindu, mas imaginava que ambos fossem seguidores do islã) e feriu outro (também muçulmano) para se “vingar” dos atentados, por mais que as vítimas nada tivessem a ver com a Al Qaeda. Nesta semana, o autor foi executado no Texas. Ironicamente, até o último minuto, o muçulmano que foi ferido por ele e os parentes das outras duas vítimas, com o apoio do Conselho das Relações Islamico-Americanas, tentaram impedir a execução do islamofóbico. Segundo eles, o assassino deveria ser perdoado pois ninguém deve ser punido com a morte. Uma aula de humanidade em uma nação desenvolvida onde ainda existe a pena capital.
Caso um muçulmano estivesse envolvido nos ataques terroristas de ontem, algumas pessoas poderiam ser alvos de revides em Oslo, como ocorreu no Texas dez anos atrás. E extrema direita da Noruega se fortaleceria justamente pelo discurso islamofóbico. Os muçulmanos seriam vistos como inimigos neste país, por mais que muitos deles sejam nascidos na Noruega, falem a língua e tenham orgulho de sua nação.
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