Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Assim Lorde recepciona os ouvintes de seu quarto álbum, Virgin, que sai na próxima sexta, mas já teve sua faixa de abertura revelada uma semana antes. “Hammer” segue a mesma linha de crescendos dos dois singles anteriores, mas puxa mais pelo primeiro, “What Was That” (eletrônica classuda que aos poucos vai criando clima de pista), do que pelo segundo, “Man of the Year” (mais dramática e épica), estabelecendo um padrão que possivelmente repete-se pelo disco, saindo de climas intimistas para mais expansivos, sempre tratando de temas ao mesmo tempo íntimos e maduros – “não sei se é amor ou ovulação”, canta logo na abertura. O clipe tá aí embaixo:
Coisa fina essa Sinfonia Orgânica Musical que o músico Marco Nalesso armou no Centro da Terra nessa terça-feira. Ao lado de seus velhos compadres Benedito Rapé (percussão), Marcelo Laguna (teclados), Sergio Ugeda (bateria), Pedro Silva (som e efeitos) e Rodrigo Coelho (trompete), ele amalgamou diferentes facetas de uma musicalidade quase instrumental que passeia pelo jazz rock, pelas músicas caribenha e nordestina, por uma psicodelia mineira, pela moda de viola, pelo reggae e pelo samba, pegando nos quadris e nos corações, às vezes ao mesmo tempo. Boa parte do repertório da noite saiu de seu recém-lançado disco, batizado apenas de Nalesso e que ainda irá sair nas plataformas digitais, mas que ele aproveitou essa apresentação para colocá-lo no mundo em seu próprio Bandcamp. A noite, com uma iluminação quase na penumbra como se nos induzisse a um espaço de vigília, entre o despertar e o sonho, ainda contou com a participação de Lúcio Maia, que soltou sua guitarra lisérgica nas duas últimas canções da noite, rasgando ainda mais o tecido musical do show. Emocionante.
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Enorme satisfação em receber, nesta terça-feira, o espetáculo S.O.M. (Sinfonia Orgânica Musical) idealizado e conduzido pelo multiinstrumentista de Santo André Marco Nalesso, em que antecipa músicas de seu quinto álbum, batizado apenas com seu sobrenome, com um repertório formado por canções registradas em mais de vinte anos de música experimental, seja tocando ao lado do MC Novíssimo Edgar, das bandas Marco Nalesso e a Fundação e HAB e nos projetos Nalesca Mantega e Santa Sangre. Ele vem acompanhado de Benedito Rapé, Marcelo Laguna, Sergio Ugeda, Pedro Silva e Rodrigo Coelho e mistura latinidade psicodélica, viola caipira, sintetizadores, trompete, guitarra e percussão, além da participação especialíssima do guitar hero Lúcio Maia. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
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O paraense Se Rasgum comemora duas décadas na ativa como o festival independente mais longevo da região e começa a revelar seu elenco desse ano mostrando que não está pra brincadeira a partir dos primeiros nomes anunciados: o grupo escocês Teenage Fanclub, os paulistanos Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, os candangos Móveis Coloniais de Acaju, a carioca Valesca Popozuda e as Suraras do Tapajós, o primeiro grupo feminino amazônico e indígena de carimbó, que vêm acompanhadas da paraense Lia Sophia. O festival acontece entre os dias 3 a 6 de setembro, no Porto Futuro, e os grupos recém-anunciados tocarão apenas no último dia do evento – que já está vendendo ingressos.
O Planet Hemp acaba de anunciar sua turnê de despedida, quando passam por diversas capitais brasileiras (Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro) a partir de setembro, culminando com um show no estádio do Palmeiras em São Paulo, dia 15 de novembro. Os ingressos começam a ser vendidos a partir desta quarta-feira, ao meio-dia, neste link (à exceção do show de abertura da turnê, que acontece na Concha Acústica de Salvador, e ainda não tem link pra ingressos). No mesmo dia os ingressos estarão disponíveis nas bilheterias físicas dos locais que receberão os shows. E se o grupo seguir o padrão que vem estabelecendo nessa nova sobrevida pós-pandêmica, é de se esperar algo do nível Parliament-Funkadelic do século 21 em termos de produção e do nível dos shows clássicos dos Racionais MCs em quantidade de convidados. Não é pra menos, afinal de contas, estamos falando de uma das maiores bandas da história da música brasileira. Veja as datas abaixo:
Na terceira noite de sua temporada Segurando a Chama no Centro da Terra, Rubinho Jacobina mais uma vez passou o verniz em suas novas parcerias com Otto, Nina Becker, Mãeana e Domenico Lancellotti, tirou a poeira de pérolas eternizadas por Adoniran Barbosa, Jackson do Pandeiro e Doris Monteiro ao lado da máquina de groove que vem azeitando com seus novos comparsas Allen Alencar, Gabriel “Bubu” Mayall e Theo Ceccato. O convidado da semana foi Péricles Cavalcanti, que pegou o violão de Rubinho e assumiu o centro do palco para mostrar as suas “Blues da Passagem”, “Quem Nasceu” e o novíssimo reggae “Na Babilônia” para o repertório dessa noite.
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Don L conseguiu de novo e subiu o sarrafo de 2025 ao lançar, sem aviso, seu melhor disco e sério candidato ao título de grande disco do ano. Com o segundo volume de sua série Caro Vapor – tecnicamente seu quarto disco solo -, o MC (“favorito do seu favorito”, como reza seu adágio) se supera novamente e lança mais um disco contundente e… pop. Em Caro Vapor II: Qual a Forma de Pagamento?, ele retoma o disco original, de 2013, à luz do ano que marca o fim do primeiro quarto do século 21, mencionando todos os problemas que atravessam nossas rotinas, a brutalidade das ruas, a ilusão babilônica e a tormenta mental e emocional desvirtuada de cada um nessa idade das trevas pós-pandêmica, tudo filtrado por paixões pautadas pela confusão entre sucesso e fama, influenciadores, reality shows, Trump, bets, likes e algoritmos. Mas em vez de tornar o clima pesado, prefere lembrar que somos brasileiros e sublinha essa tensão com uma leveza que traz pérolas musicais únicas, que além de citar Itamar Assumpção, Milton Nascimento, o disco clássico do Pessoal do Ceará e a primeira música (“Morra Bem, Viva Rápido”) do primeiro volume dessa série, ainda consegue arregimentar um elenco que reúne o melhor do pop brasileiro que está fora do radar do mainstream, como Fernando Catatau, Anelis Assumpção, Thiago França, Luiza Lian, Terra Preta, Alt Niss, Giovani Cidreira, Alice Caymmi, Terra Preta, entre outros, todos conduzidos pela produção de Iuri Rio Branco (que equilibra samples, bases eletrônicas e instrumentos tocados ao vivo com maestria) e do grande Nave (que produz três faixas). Diferente de seu disco mais recente (Roteiro Pra Aïnouz, Vol. 2, lançado em 2021), Caro Vapor II tem um caráter menos aguerrido, mas não por isso menos revolucionário – o dedo segue no gatilho e a mira segue na cabeça da serpente, mas L desta vez prefere seduzir e fazer dançar do que apontar o dedo na cara. “Se eu não consegui me derrubar, cês não vão” – estamos vendo, Don.
Em mais uma cobertura que faço pro Toca UOL, assisti satisfeito ao show que o Deep Purple – um dos artistas estrangeiros que mais faz show no Brasil – fez neste domingo no Parque Ibirapuera. Está longe de ser um showzão como a reputação do nome da banda pediria, mas com três integrantes da fase clássica perto dos 80 anos (incluindo um Ian Paice preciso na bateria), conseguem mostrar serviço, mesmo que isso signifique sacrifícios no repertório e nos tons das músicas. E o bis, que emendou seu primeiro hit (a versão do grupo para “Hush”, nos tempos em que ainda era uma banda psicodélica) com o clássico “Black Night”, começou com uma surpreendente versão para um clássico da soul music, a instrumental “Green Onions”, dos mestres Booker T & The MGs.
Bira Presidente, fundador do bloco Cacique de Ramos, que nos deixou na passagem do sábado para o domingo, felizmente pode desfrutar do merecido reconhecimento de sua importância na história da música brasileira, tanto como agente fundamental na transformação e evolução do samba (onde sempre foi reverenciado) como um dos principais artífices da popularização desta mudança, que mexeu na cara da música brasileira dos últimos cinquenta anos. Bastaria seu papel como fundador de um bloco de samba que saiu de sua vizinhança para ganhar o Rio de Janeiro e que até hoje segue firme e frutífero como o principal bloco carnavalesco da cidade que seu nome já teria motivos para figurar em nossa história. Mas se lembrarmos que, além de ter convivido com os pais-fundadores Donga, João da Baiana, Pixinguinha, Carlos Cachaça e Aniceto do Império, este filho de um sambista do Estácio (a primeira escola de samba) com uma mãe de santo não apenas deu abrigo para músicos que revolucionariam o samba ao transformá-lo em pagode na virada dos anos 70 para os 80 (fundando, por sua vez, com a benção e um empurrãozinho de Beth Carvalho, o grupo Fundo de Quintal, maior fenômeno coletivo da história do samba) como reinventou seu instrumento, o pandeiro, neste novo ambiente musical, misturando qualidades como protagonista, músico, agitador cultural e testemunha viva da história. É um nome que confunde-se com a própria tradição do samba, o samba personificado que seu codinome, cargo vitalício no bloco que fundou, poderia fazer reverência ao seu papel de líder nato. Fico feliz de poder ter dado palco para um encontro histórico do Fundo de Quintal no Centro Cultural São Paulo, quando era curador de música daquele espaço e convidei Leandro Lehart para celebrar o Fundo de Quintal na mítica sala Adoniran Barbosa, palco caríssimo para a história de Leandro (que anos depois seria diretor daquele mesmo CCSP), que nunca havia se apresentado lá. Lehart saudou o grupo com a presença de quase todos seus mestres e o mais feliz deles era o próprio Bira, que havia completado 81 anos no dia anterior àquela apresentação, em março de 2018, e foi ovacionado pelo público que lotou o palco mágico do CCSP, feliz de estar sendo reverenciado por sua importância. Obrigado, Bira!
Aos poucos voltando pro jornalismo industrial, desta vez convocado pelo Toca UOL a escrever sobre o show que Alice Cooper fez neste sábado em São Paulo – e como atesto no final do texto, mais do que pai de toda uma vertente do heavy metal, ele pertence ao cada vez mais seleto grupo de lendas vivas do período clássico.