…e uma garrafa de rum

, por Alexandre Matias

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Terça-feira passada, a Interpol derrubou o OiNK. O site era abastecido por uma comunidade de fãs de música que compartilhavam arquivos torrent de discos quase ou recém-lançados, desde que disponibilizados em FLAC (formato de áudio idêntico ao do CD, que não tem as perdas de compressão do MP3) e com uma série de regras de conduta para manter o nível de qualidade do áudio. Aberto apenas para convidados, estes só podiam baixar discos depois de uploadar outros discos, desde que dentro da padronização de alto nível proposta.

Hoje caiu o TV-Links. Ao contrário do OiNK, este site era aberto pra qualquer um, não exigia login e disponibilizava (através de compartilhamento de banda, e não de arquivos) séries e filmes que mal tinham sido exibidos na TV ou cinema. Era entrar no site, clicar no nome do arquivo e assistir, em tela cheia, novidades ou velharias, sem pagar um tostão, nem pegar fila, sequer deixar o nome do email. Mas pra quem estava trocando o torrent pelo streaming (já que os provedores de acesso estão tornando, de propósito, o download mais lento) não precisa se preocupar: o ButterBlog listou 25 outros sites que funcionam exatamente da mesma forma.

25? Podia ter listado mais, porque sempre tem mais. Essa briga da pirataria com os produtores torna-se cada vez mais acirrada mas chega sempre a uma conclusão: as pessoas querem consumir, querem conhecer, querem ver qualé – mas não querem pagar se não for bom. O experimento Radiohead (que, na última contagem, deu origem a mais de um milhão de downloads autorizados) prova isso. O mesmo vale pro Tropa de Elite que, se não tivesse vazado, talvez não gerasse tanto interesse, nem tivesse tanta repercussão.

A história é velha, mas as mudanças são novas. O acirramento da lei, mês passado, fez uma dona de casa norte-americana enfrentar um julgamento que queria que ela pagasse 222 mil dólares por 24 MP3s baixados da internet. Do outro lado, a chamada “pirataria” online (entre aspas, porque ela não ganha dinheiro diretamente com o conteúdo que é baixado) começa a se organizar politicamente – e o site sueco PirateBay, um dos porto seguros para conseguir conteúdo digital na rede – tornou-se um partido, que começa a fazer barulho: desde dar origens a outros Partidos Piratas pelo mundo (o braço holandês, por exemplo, pronunciou-se sobre a derrubada do OiNK) até a processar a indústria de entretenimento.

Mas você sabe como as coisas funcionam: derrubam um, outro nasce. Outro porto seguro para downloads, o canadense Demonoid, foi tirado do ar há um mês graças a ações judiciais. Mas eis ele aí, de novo, firme e forte.