Dois Hoovaranas no shoegaze
Não é mais uma questão se há uma nova cena indie de bandas brasileiras nesta década, o volume de novos trabalhos fala por si. O mais interessante é notar que, ao contrário das cenas anteriores, quase sempre inspiradas por movimentações locais em que determinada cidade produzia uma nova safra de artista, inspirando outros em outros lugares, desta vez o ímpeto pós-pandêmico fez nascer bandas em todos os lugares do Brasil, cenas locais pequenas que se conectam estética e politicamente a partir da ubiquidade da internet, algo que era uma utopia no século passado e foi atropelada pela máquina de cliques que se tornou a rede na era do streaming e das redes sociais. A nova geração de artistas surge de vários lugares, quase sempre em grupo por gostarem de tocar junto e cada nova banda sempre puxa outras conexões. É o caso da ótima Ultraleve, de Ponta Grossa, no interior do Paraná, cuja conexão com os recém-acontecidos Hoovaranas (trio psicodélico instrumental que pouco a pouco vai tornando-se mais reconhecido) os coloca no holofote da vez, já que o grupo conta com dois hoovaranas na formação: o guitarrista Rehael Martins e o baterista Eric Santana. Só que aqui a psicodelia tem uma doçura e uma lentidão que os transforma em um grupo shoegaze, que ainda conta com a vocalista Mirella Keitel, o guitarrista Adryan Rosa e o baixista Keith Liam na formação. “Ultraleve nasceu no fim de 2024, sem planos nem pretensão — só a necessidade de transformar sentimentos em som. Era um jeito de respirar, de lidar com o que a gente carregava por dentro”, explica Rehael, quase hippie. “E, sem perceber, compusemos músicas que diziam mais do que imaginávamos. Decidimos então reunir essas emoções no nosso primeiro álbum.” O disco deve ser lançado em setembro e o grupo antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo seu segundo single, “Recomeçar”, que chega às plataformas de áudio neste sábado. Ouça abaixo:
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