Mutantes de novo

, por Alexandre Matias

E o Pitchfork mostrou ao mundo a segunda música dos Mutantes no século 21. Felizmente, “Teclar” passa longe da pavorosa “Mutantes Depois“, a primeira música que o grupo – Sérgio Dias, no fim das contas – se empolgou em lançar. Se fosse lançada sem a chancela dos Mutantes, a nova faixa até passaria tranqüila, não é boa, mas também não é ruim – o que, em perspectiva, é uma senhora evolução. E ainda acena para esta nova psicodelia que vem surgindo à medida em que o MGMT deixa de ser assimilado como mera picaretagem de gravadora (a letra e a cítara têm uma vaibe muito cantina de escola de arte). O problema é que, mais do que em insistir no próprio passado como opção de presente, a banda insiste em reveberar a antiga sonoridade dos tempos da Rita Lee para os dias de hoje. Não faz o menor sentido – quer ser psicodélico, seja; mas deixe o passado no passado. O melhor exemplo, nesta nova faixa, é o arranjo de vocais, que tenta emular os belos jogos de voz do grupo, como em “Technicolor”, mas que deixa “Teclar” com cheiro daqueles grupos vocais brasileiros do início dos anos 80 (feliz é você que não conheceu um tempo em que o pop nacional, pré-rock da década de 80, era composto por “bandas de MPB”, como 14 Bis, Boca Livre, A Cor do Som, Rumo e Roupa Nova – e olha que eu gosto dessas bandas…).


Mutantes – “Teclar

Tags: