Miriam Martinez (1955-2020)

, por Alexandre Matias

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Lembro a primeira vez que entrevistei um artista através de assessoria de imprensa quando Arnaldo Antunes iria lançar seu segundo disco solo, Ninguém. Havia acabado de começar a carreira entrevistando artistas depois de shows, lidando com produtores e empresários sem saber qual era a diferença entre estes diferentes cargos. Quem me explicou que eu poderia não apenas ouvir um disco antes de ele ser lançado como entrevistar o artista antes desse disco sair foi Mirian Martinez, que nos deixou nesta segunda. Ela viu meu nome assinando matérias sobre música num jornal no interior de São Paulo e resolveu entrar em contato para saber se eu não queria entrevistar o ex-titã. Quando ela entendeu que eu não conhecia nada deste circuito, me explicou como funcionava e pediu para que eu me apresentasse pra ela ao final da entrevista, que aconteceu ao vivo, no prédio da antiga gravadora BMG. Ao final da coletiva, apresentei-me e ela me explicou pacientemente como era o processo de agendar entrevistas, para que servia o assessor de imprensa, o produtor e o empresário do artista. Uma pequena aula, de graça. No final ainda puxou uma sacola cheia de CDs: “Não esquece que toda semana a gente te manda o suplemento!”

Se fosse só por esse primeiro contato, Miriam já teria minha gratidão eterna por ter explicado algo que a maioria dos profissionais aprende na marra. Mas sempre que a via era uma festa, com seu jeito expansivo e sua longa gargalhada, dominava qualquer ambiente e contagiava a todos com seu astral. Muita gente a conheceu ali na entrada lateral da Via Funchal, certamente as últimas vezes que a vi, recebendo imprensa e convidados daquela que era a melhor casa de shows que São Paulo já viu. Perdi o contato mas sabia que ela ainda estava por aí, ajudando a espalhar a boa música e contagiando novos e velhos amigos com sua simpatia imensa. Saudades, Miriam, fica bem.

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