Hoje no Prata da Casa: Raphael Ferreira

, por Alexandre Matias

Este é o último mês da minha curadoria no Prata da Casa – e pra começar vamos de jazz, com o saxofonista Raphael Ferreira. Os shows no Prata acontecem sempre às 21h e os ingressos – gratuitos – começam a ser distribuídos uma hora antes. Quem vai? Abaixo o texto que escrevi para o projeto.

A classificação musical, por mais que sirva para guiar ouvintes pelos territórios sonoros que serão desbravados antes da audição, muitas vezes restringe os limites de atuação do artista. Para este, no entanto, rótulos e gêneros musicais são meras etiquetas que tentam grudar ao som e que podem ou não ter sua funcionalidade didática, mas não o restringe das novas possibilidades. É um terreno habitado pela música instrumental brasileira, que cada vez mais extrapola as fronteiras de gênero para além das influências do choro, da bossa nova ou da MPB, rumo à sonoridade universal do jazz, que engloba todos os ritmos e harmonias. É o caso do trabalho do saxofonista Raphael Ferreira, com formação em música na Unicamp e na USP, que, ao lado de Sidiel Vieira (baixo acústico), Fábio Leal (guitarra), Sérgio Machado (bateria) e Felipe Silveira (piano), alça longas incursões instrumentais que partem do jazz contemporâneo para mirar em novos horizontes – da música popular à música erudita dos séculos 19 e 20 – , bebendo inclusive nas águas brasileiras, ao ungir sua musicalidade livre nos ritmos do afoxé, do samba e do baião. Em seu primeiro disco, Ultramar, ele mostra porque a música instrumental brasileira sequer precisaria ter estes dois últimos adjetivos.

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