Impressão digital #120: Mais sobre o Instagram
E na edição dessa semana do Link, totalmente capitaneada pelo Filipe, dediquei minha coluna à minha rede social favorita atualmente.
Considerações sobre meu novo brinquedo favorito, o Instagram
Mesmo alienante, app é refúgio do presente
Desde o fim do ano passado tenho me interessado cada vez mais pelo Instagram. Apostei que o aplicativo-rede social será a próxima onda digital a ser aderida por todos neste 2012. Isso antes de a versão para Android ter sido lançada – e, portanto, antes de ter me tornado usuário da rede. E são vários os motivos que tornam o Instagram tão promissor.
Para começar, o aplicativo tem pouquíssimos recursos. É simples entendê-lo e usá-lo. Além dos filtros de imagem, seu primeiro atrativo e diferencial, o app só permite gostar e comentar as fotos. Basta pressionar a tela duas vezes para avisar ao dono da imagem que você gostou dela. É ainda mais simples do que curtir no Facebook via celular porque você pode pressionar em qualquer lugar da foto – em vez acertar exatamente no link “like”. E, por ser usado principalmente no celular, o Instagram não é tão convidativo a comentários e discussões alongadas.
A interface de navegação é simples, exigindo apenas o polegar para acompanhar as atualizações. Não é preciso acertar botões com precisão ou digitar no teclado. A facilidade de navegação torna a utilização do Instagram quase lúdica. É tão fácil quanto brincar. Por isso gosto de dizer que o Insta é meu brinquedo portátil favorito atualmente.
A comunicação que prioriza a imagem causa uma mudança drástica em relação às demais redes sociais. Uma vez que ele é mais subjetivo, pouco importam as notícias ou o que aconteceu nos últimos minutos – ou até mesmo horas. Os assuntos mais comentados são secundários e os temas das imagens quase sempre partem para o cotidiano, o trivial, o doméstico, o singelo.
Por isso a abundância de fotos de crianças, animais domésticos, paisagens, horizontes, viagens, pratos de comida, livros, discos, programas de TV, passeios, detalhes de casa ou do ambiente de trabalho. Isso nos afasta um pouco da enxurrada de informações das outras redes – e de uma certa angústia com o fluxo sem fim de notícias e links.
No Instagram, o ponto de vista é a primeira pessoa – e não a terceira. Por isso é mais comum vermos imagens pelos olhos de quem as tirou do que ver a própria pessoa. E as fotos dos outros funcionam como janelas em que podemos ver os cantos da cidade e do mundo, em imagens que não vão sair no jornal no dia seguinte. Para alguns, a desconexão com o presente noticioso pode parecer alienante. Para outros é um refúgio contra o acúmulo de pessimismo e novidades que brotam sem parar.
Junte tudo isso ao fato de que ele foi pensado para o celular e temos outro motivo de seu sucesso. Qualquer sala de espera é uma oportunidade para ver o que os amigos ou conhecidos andam observando. Qualquer cena mais simpática pode ser registrada facilmente e compartilhada. E o aplicativo permite que as imagens sejam reproduzidas em outras redes sociais, como Tumblr, Twitter, Facebook, Foursquare e Flickr.
Todos esses motivos dão algumas ideias do que deve acontecer com as redes sociais num futuro próximo. Elas precisam ser mais fáceis de usar. E entupir um serviço com muitos recursos pode deixá-lo ruim, além de pesado. Elas não precisam ser abrangentes e onipresentes. Podem se dedicar a trechos específicos das vidas de cada um. E vão para além do texto, permitindo novas formas de comunicação.
Alguns meses depois de ter sido vendida para o Facebook, dá para entender o interesse da maior rede social do mundo. Primeiro, o aplicativo é mais confortável do que o app do próprio Feice (embora muitos tenham elogiado a nova versão para iOS, lançada semana passada). Segundo, as fotos estão se tornando cada vez mais a língua franca da internet. E, finalmente, se o Instagram continuasse crescendo, poderia se tornar um rival sério para o Facebook.
Resta saber o que acontecerá entre 2012 e 2013. O Instagram vai se integrar cada vez mais ao Facebook ou o Facebook vai ficar cada vez mais parecido com o Instagram? Ambas opções são possíveis – embora uma anule a outra – e podem determinar o futuro não só do Facebook mas do ambiente digital móvel em que vamos habitar.
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