Hoje no Prata da Casa: Dona Cila do Coco
E encerrando o segundo mês da minha curadoria no Prata da Casa, tenho o prazer de apresentar uma mestra de um gênero – Dona Cila do Coco vai comandar o baile na choperia nessa terça – e promete ser memorável. Abaixo, o texto que escrevi apresentando-a para o projeto:
Cecília Maria de Oliveira é dessas lendas vivas da música nordestina. Com quase 80 anos e há décadas carregando o cetro do coco, ela só tem um disco lançado. Mas isso é secundário em sua carreira, pois o coco – um dos gêneros tradicionais mais antigos da cultura pernambucano e um dos poucos que já ultrapassa mais de um século de tradição – pertence a um universo necessariamente oral e qualquer tentativa de capturar seu espetáculo acústico de ritmo e melodia falha, justamente por perder a essência viva da tradição que a nobre senhora representa. Sua presença é o carisma personificado e a força intensa do seu cantar – familiar e expansivo ao mesmo tempo – conduz o público a uma utopia pré-industrial, de estrada de terra batida e lampiões a gás. Um espetáculo esplendoroso e enraizado, forte, feminino e doce, que parece tocar a apresentação como uma conversa de comadres, mas que aponta para o sublime.
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