Impressão digital #0071: A importância de Steve Jobs
Minha coluna no Caderno 2 de domingo foi sobre a importância de Steve Jobs.
O digital é pop
Porque Jobs é tão importante
A principal notícia da semana foi a aposentadoria prematura de Steve Jobs. Já é possível prever a preguiça do leitor ao ser confrontado, de novo, com um tema que, teoricamente, lhe diz respeito apenas lateralmente. Mas mesmo que você não ache o iPad tudo isso, mesmo que não tenha nenhum tipo de smartphone, mesmo que tenha horror a computadores e os tenha que usar apenas pela imposição do mundo moderno, é inegável a contribuição do pai da Apple para a paisagem do século atual.
Ele não é apenas o inventor do computador pessoal. O verdadeiro pai da nova máquina é seu parceiro Steve Wozniak, mas foi Jobs que viu potencial comercial num aparelho que parecia não ter lugar na casa dos anos 70. Foi ele também quem pensou em mudar a cara desse mesmo cenário ao cogitar um computador pessoal que não precisava ser montado peça a peça – bastava comprá-lo na loja e sair usando. Também surrupiou duas ideias que estavam no limbo das invenções do mítico laboratório da Xerox, o PARC, e tornou-as não apenas pop, mas também cruciais no desenvolvimento deste mercado: a interface gráfica (antes, para se usar um computador, era preciso saber uma série de comandos digitados em uma tela preta com texto escrito em verde) e o mouse.
Ele também não inventou a distribuição digital, mas foi esperto o suficiente para perceber que as gravadoras estavam perdendo o bonde da história ao processar os consumidores que aprenderam a baixar música graças ao Napster. Notou a lacuna no mercado e transformou, em 2003, seu programa para ouvir música em uma loja online, a iTunes Music Store, e convenceu, aos poucos, as mesmas gravadoras que lutaram contra o download ilegal a vender música pela internet através da nova plataforma, tornando sua empresa, na primeira década do século, mais importante para o mercado musical do que qualquer outra gravadora. Aproveitou a deixa para impulsionar as vendas do MP3 player que havia lançado em 2001. E o iPod virou sinônimo desse tipo de aparelho. O sucesso de ambas iniciativas o cacifaram para voos mais altos.
Em 2007 nos apresentou ao iPhone e mudou completamente o conceito de smartphone, que antes era associado a executivos teclando em BlackBerrys. Aproximou o telefone a um computador portátil e tornou-o fácil e divertido de usar, criando, na mesma tacada, o mercado de aplicativos. E pavimentou o caminho para seu iPad, lançado ano passado, que hoje ameaça a existência do computador pessoal que inventou décadas antes.
O que há em comum em suas invenções é a facilidade de uso, o acabamento visual e um certo ar moderno e cool, verniz que Jobs sempre priorizou. E, com isso, transformou o mundo digital para sempre. Antes, nerds e computadores eram antissociais e inacessíveis. Depois de Jobs, eles se tornaram corriqueiros e legais. Eis a medida de sua importância.
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