Impressão digital #0058: Fringe
E a minha coluna deste domingo no Caderno 2 foi sobre o final da terceira temporada de Fringe – ou melhor, sobre a importância da ficção científica.
Realidades paralelas
Fringe e a ficção científica
Não tenho como falar do final da terceira temporada de Fringe pois esta coluna foi escrita horas antes da exibição de seu último episódio, The Day We Died, que foi ao ar na noite de sexta-feira, nos Estados Unidos. Também não vou entrar em detalhes que possam antecipar alguma revelação para alguém que está começando a assistir à série agora ou que a acompanha através da retransmissão feita no Brasil pelo canal pago Warner. Vou falar sobre Fringe, mas sem entregar o que está acontecendo na série agora. Pois o assunto de hoje não é o roteiro complexo que atordoa até quem cogita o impossível e o inusitado (temas, aliás, recorrentes na história).
Fringe é o seriado mais importante na TV hoje por explorar as fronteiras mais mirabolantes da ciência e da ficção científica. Logo na abertura somos bombardeados por uma nuvem de tags que apresentam termos considerados impossíveis pela ciência tradicional: teletransporte, precognição, psicocinese, clarividência, percepção extrassensorial, projeção astral, criogenia, mutação, universos paralelos. O termo “fringe” indica limite e quando se refere à ciência fala especificamente daquela que é ridicularizada ou desprezada pelo cânone tradicional.
Na série de J.J. Abrams, o mesmo criador de Lost, acompanhamos o cientista Walter Bishop (interpretado magistralmente por John Noble), que foi internado no meio dos anos 80 em uma instituição psiquiátrica e solto em nosso presente por ser a única pessoa que pode saber lidar com fenômenos estranhos que começaram a acontecer sem motivo aparente.
Acontece que alguns episódios se passam nos anos 80, e a abertura do seriado é magistralmente recriada como se ele fosse exibido naquela época. E os termos que surgem na tela são bem mais familiares a nós: computação pessoal, nanotecnologia, clonagem, cirurgia a laser, engenharia genética. Termos que poderiam ser encarados na época como ficção científica, mas que hoje são apenas ciência.
Eis a função do gênero: apontar os rumos para onde a ciência da vida real pode seguir. Não duvide se, em alguns anos, os termos da abertura de Fringe dos anos 10 se tornarem tão comuns quanto os dos episódios que se passam nos anos 80.
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