30 anos do Midsummer Madness em três coletâneas

, por Alexandre Matias

A data certa seria 2019, quando o fanzine Midsummer Madness foi lançado originalmente, no Rio de Janeiro. Mas problemas no percurso adiaram a comemoração para 2021, ano em que o pioneiro selo indie carioca lançou suas primeiras fitas cassete, ainda como brindes do fanzine de papel, que deixou de ser publicado pouco depois para que Rodrigo Lariú passasse a se dedicar ao selo. De 1991 pra cá, ele já lançou literalmente centenas de artistas e discos que são não apenas marcos para a cena musical brasileira como pilares para a estética indie daqui, que apesar de difusa desde a virada do século, segue como uma das características mais peculiares do cenário independente brasileiro. A comemoração vem com três coletâneas em que Lariú reúne dezenas de artistas de seu selo em um vinil, um CD e uma fita cassete, cada um com uma seleção diferente de bandas e canções, que ele antecipa em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. Além da série 30 em 3, também pedi para que ele contasse um pouco sobre a experiência Midsummer Madness e sobre a coletânea, que ele relata abaixo – e em breve lanço o Tudo Tanto que fiz com ele por aqui.

“É quase que uma sessão de análise conversar com outras pessoas sobre os 30 anos do Midsummer Madness e sobre a coletânea. Mas não aquelas sessões de análise onde você só fala, fala, fala e o seu horário acaba e parece que nada mudou. Conversar com quem acompanhou a trajetória do Midsummer Madness nestas três décadas é lembrar de coisas que fazem – ou não – diferença, perceber erros e acertos e direcionar o caminho pros próximos 30 anos.”

“Como a maioria dos psicólogos, todo mundo sempre pergunta ‘aonde é que tudo começou’. Bem, se você não sabe, a história é longa e eu sou mais verborrágico do que Gil, foi em 1989 quando comecei a fazer um fanzine chamado Midsummer Madness, escrito com minúsculas. ‘Mas porque minúsculas? Baixa auto-estima?’ Não, é simplesmente estético, acho os 4 “m” todos escritos assim como se fossem arcos, mais bonito. O zine sempre foi sobre música e numa edição a gente resolveu incorporar uma fita cassete com Second Come, Pin Ups, Killing Chainsaw. A fita chamou tanta atenção que o zine deu lugar a um selo que lançava apenas cassetes. E ai nasceu o mmrecords, que com o passar dos anos começou a lançar CDs, vinis e álbuns digitais. Nossa, eu consegui encurtar a história para um parágrafo; pa-pa-palmas!”

“Mas um parágrafo não conta nem 1/10 das aventuras. E não é que eu queira voltar para mais sessões de análise; para contar um pouco mais, achei melhor colocar tudo numa coletânea chamada 30 em 3, que tem esse título porque a ideia é resumir 30 anos em 3 discos. Dia 26 de Novembro de 2021 os três discos estão sendo lançados no formato digital, ou seja, estão disponíveis no mmrecords.com.br, no nosso Bandcamp e em todos serviços de streaming. A coletânea física tem 79 músicas de 79 artistas diferentes do nosso catálogo. Não são todos porque são mais de 100 nestes 30 anos, mas ali está um retrato bem fiel do que é o Midsummer Madness. As músicas estão divididas em um vinil, um cd duplo e uma fita cassete de 90 minutos que podem ser compradas na lojinha do mmrecords.com.br. Além dos discos, fizemos também um zine de 36 páginas contando partes desta estória. E esse projeto só saiu do papel porque fomos agraciados no edital da Natura Musical 2019.”

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