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Disco 23) Raps de Verão – Paulo Nápoli
Cadê o disco solo de Paulo Nápoli? Um dos MCs mais versáteis de São Paulo tá enrolando pra agilizar seu disquinho, enquanto boa parte de sua geração (a saber: todo mundo da coletânea Direto do Laboratório mais uns desgarrados, como os Inumanos) lança seus primeiros trabalhos solo, Nápoli faz onda transformando uma coletânea de uma grife de roupas em uma mixtape de hip hop nacional sobre a estação mais legal do ano. Foi à sombra vermelha do sol chapacoco do CD Raps de Verão que 2005 deu o ar de sua graça, ao derreter o miolo da Babilônia no verão pós-tsunami. Ele narra a transição das faixas como um locutor de vinhetas, lembrando o nome do disco ao ouvinte sobre o som das ondas do mar, e faz um bom apanhado de faixas que expandem o tema proposto para diferentes regiões e gêneros do Brasil: o forró no Testemunha Ocular, o samba de roda no A Filial, a gafieira curitibana do Mocambo, os Imaginários de Floripa caindo no soul brazuca, a funkeira do Maskot, também de Curitiba. Além dos bróders de Sampa: Elo da Corrente, Parteum, Jamal. Mas os grandes momentos são de Nápoli, daí a cobrança do disco solo. “Malas Prontas” com Leco (sobre a excitação pré-praia). “Mistura Insana” com Parteum, “Preso no Latão” com o quinto andar Shawlin. Disquinho pra deixar rodando de fundo, trilha sonora pra grandes momentos de bobeira ao sol… Podia ter o número 2, pra aproveitar esse sol bonito de 2006.
Música 23) “Don’t Cha” – Pussycat Dolls
Tudo bem, a versão original de Tori Alamaze é mesmo mais cool e sutil (eu às vezes prefiro tocar ela, que é bem Prince, repara), mas chega no refrão e ela desanda, justamente onde a versão das Pussycat Dolls explode. Melhor pra elas – número 1 em um monte de paradas de sucesso, um clipe óbvio e correto tocando sem parar e versos que são cantados com a desenvoltura e sensualidade de caixas registradoras. É justamente este equilíbrio (mercado e pista,
Show 23) Jess Saes no Milo Garage, em São Paulo
Eles podem ser velhos indies brazucas (um ex-Second Come, dois ex-Terrible Head Cream) e citar referências de pós-rock, mas os quando cariocas dos Jess Saes tocaram no Milo, fediam à psicodelia moderna – um pé no Pink Floyd de Syd Barrett outros nas vaibes dos Chemical Brothers e a cabeça zunindo nas instrumentais viajandonas do Primal Scream, mas sem eletrônica, sempre rock, classudo – como se o Mopho de Alagoas começasse a tomar ecstasy entre as refeições de LSD. O mirrado público da noite decolou dali pra 67 e eu ficava pensando que bela noite eles não fariam com o E.S.S. de Curitiba e o Labo daqui de São Paulo…