Walverdes de verão

, por Alexandre Matias

Walverdes2016

“É um disco pesado, Walverdes”, Mini já desconversa de cara. “Mas é verão, achamos que seria bom começar com o dub.” E assim o trio gaúcho azeita as engrenagens para o lançamento de mais um disco, puxado pelo dub “Desconstrução”, lançado em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.

Liderado pelo compadre Gustavo “Mini” Bittencourt, que até o começo do ano passado tocava o falecidOEsquema comigo, o Bruno e o Arnaldo, os Walverdes são uma das principais bandas de rock do Brasil, atravessando décadas carregando a bandeira da formação baixo, guitarra e bateria aliadas às crônicas brasileiras compostas por Mini. Mas o novo disco, que ainda não tem nome mas deve ser lançado ainda no verão, reflete uma nova fase da banda: “Nos últimos anos a gente deu uma desacelerada. Já fizemos bastante coisa, discos, tours, temos família, filhos e trabalho, então agora entramos numa fase de fazer as coisas num tempo e de um jeito próprio. Ainda mais próprio.”

Ele detalha ainda mais o novo disco: “O disco está pronto. São apenas cinco músicas que gravamos de forma espaçada nos últimos três anos. Gravamos as bases ao vivo e depois fomos ajeitando guitarras e vozes. Foi tudo gravado pelo Júlio Porto, que entrou na banda depois de produzir o Breakdance. Ele chamou o Beto Machado pra mixar de novo. Estamos nos últimos acertos pra ver como lançar. Até março lançamos.”

Aproveito para perguntar o que ele tem achado do atual cenário musical brasileiro: “Sem dúvida mais livre e diverso, o que não significa que todo mundo está aproveitando a liberdade e diversidade, né. Às vezes acho que está todo mundo um pouco saturado pelos excessos. Tu mesmo falou num outro papo que tivemos sobre o tédio do excesso. De nossa parte, o que mudou mesmo radicalmente foi o lugar do rock na cultura. Fazemos um tipo de música que tinha um impacto dez anos atrás que não tem mais hoje. Não quer dizer que não tenha público e relevância, mas não é mais a mesma coisa. Isso não muda muita coisa no nosso fazer, muda na circulação, distribuição. Em termos de música, fazemos mais ou menos a mesma coisa das demos dos anos 90 com as naturais evoluções pessoais e musicais.”

Pergunto sobre a necessidade de atingir um público maior e Mini diz que “isso definitivamente não é mais uma questão pra nós”. “Nos organizamos pra disponibilizar a música, pra jogar ela no mundo da melhor forma possível nos parâmetros atuais”, continua. “Mas caçar público não é mais uma questão. Nunca foi muito. Caçar clique e view a qualquer custo essa altura do campeonato seria deprimente. A energia que a gente tem pra isso a gente coloca na música. “

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