Coquetel Molotov chega a São Paulo

coquetelmolotov2018

Depois de uma bem sucedida edição em 2018, o Coquetel Molotov finalmente chega a São Paulo. Depois de se espalhar por algumas cidades do país (como Salvador e BH) e namorar a vinda pra São Paulo há um tempão, o festival pernambucano realiza sua primeira edição paulistana com gosto e reúne Boogarins, Tuyo, Baco Exu do Blues, Maria Beraldo, Edgar, Coletividade Namíbia e um encontro incrível entre Alessandra Leão, Karina Buhr e Isaar nesta sexta-feira, dia 30, no espaço The Week, pertinho do Sesc Pompeia (mais informações aqui). Bati um papo com a criadora do festival, Ana Garcia, que também antecipou os horários dos shows em primeira mão para o Trabalho Sujo (veja abaixo), além de liberar um par de ingressos para sortear entre os leitores do site. Para concorrer, basta comentar abaixo qual a atração que você mais gostaria de assistir e por quê (e não se esqueça de incluir seu email para que eu possa entrar em contato).

O que é a edição paulistana do Coquetel Molotov?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ana-garcia-o-que-e-a-edicao-paulistana-do-coquetel-molotov

Desde quando você quer trazer o festival para São Paulo e quais foram as principais dificuldades?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ana-garcia-desde-quando-voce-quer-trazer-o-festival-para-sp-e-quais-as-principais-dificuldades

O que caracterizaria o Coquetel Molotov para o público paulistano?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ana-garcia-o-que-caracterizaria-o-coquetel-molotov-para-o-publico-paulistano

Fale um pouco de cada uma das atrações e o que esperar de cada show.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ana-garcia-fale-um-pouco-de-cada-uma-das-atracoes-e-o-que-esperar-de-cada-show

Em que outras cidades você está fazendo mais edições do festival este ano?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ana-garcia-em-que-outras-cidades-voce-esta-fazendo-mais-edicoes-do-festival-este-ano

A intenção é manter a edição paulistana anual?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ana-garcia-a-intencao-e-manter-a-edicao-paulistana-anual

Horários do Coquetel Molotov em São Paulo

19h: Boogarins (Palco Coquetel Molotov)
20h: Tuyo (Palco Monkeybuzz)
21h: Karina Buhr + Alessandra Leão + Isaar (Palco Coquetel Molotov)
22h: Maria Beraldo (Palco Monkeybuzz)
23h: Edgar (Palco Sonic)
0h: Baco Exu do Blues (Palco Monkeybuzz)
1h: Coletividade Namíbia (Palco Sonic)

Como foi o show do Teenage Fanclub em São Paulo


Teenage Fanclub – “Start Again” / “Sometimes I Don’t Need To Believe In Anything”

Foi demais.


Teenage Fanclub – “Don’t Look Back”

Pra começar, elogios ao Whisky Festival que, mesmo com seu nome genérico que causava a estranha sensação de estarmos numa redoma de ficção (sabe aquelas novelas em que aparecem, sei lá, umas Lojas Magazine ou Banco Monetário?), fez bonito ao fazer pequeno – e mirar num público bem específico.


Teenage Fanclub – “Baby Lee”

O evento, barato para os padrões de shows internacionais em São Paulo, aconteceu na mesma The Week que assistiu a uma abarrotada apresentação do Franz Ferdinand em 2009. Mas além do Franz ser um nome muito maior do que o Teenage, o evento anterior (houve outro show de rock ali desde então?) também foi a festa de uma marca de bebida, que, ingressos liberados pra geral, fez a boate da Lapa parecer uma panela de pressão, de tanta gente espremida.


Teenage Fanclub – “About You”

Ou seja: podiam socar mais gente, mas preferiram uma lotação que, embora esgotada, passou longe do insuportável. E o fato da banda ser pequena ajudou essa configuração – e a determinar o público da noite. Pequena sim: o Teenage Fanclub em 2011 pode até ser considerada uma banda de média escala se levado em consideração seu passado fonográfico, mas em comparação com outras bandas de hoje em dia, seu alcance é bem restrito e isso fez que a noite de quarta da semana passada fosse focada num segmento bem específico, tanto em termos de gênero musical escolhido (indie rock) e faixa etária (30-40). Não parecia coincidência aquela quarta ter sido a mesma que viu o Milo Garage renascer na Pompéia, longe da pequena Minas Gerais que fez sua fama.


Teenage Fanclub – “Star Sign”

O festival ainda tinha um trunfo particular para meu gosto etílico: a única bebida à venda era o destilado que batizava a noite, para desespero dos cervejeiros. Mas numa noite em que o público-alvo não era “xovem”, beber uísque não foi propriamente um drama para os incautos. Não era o meu caso. E o evento ainda acertou na mosca ao distribuir água mineral, em vez de vendê-la pela metade do preço de uma dose de uísque, como acontece normalmente em São Paulo.


Teenage Fanclub – “I Don’t Want Control of You”

Assim, o público estava longe de uma massa de trendsetters e wannabes fazendo pose uns para os outros e se reconhecia como integrantes de uma tribo cuja identidade coletiva se perdeu no tempo – os indies dos anos 90, que tomavam partido entre Blur ou Oasis, Goo ou Dirty, Nirvana ou Primal Scream e que hoje se espremem entre o indie corporativo (pós-Strokes) e o hipster. E o Lucio, que estava discotecando antes do show começar, preferiu optar por hits de hoje em dia em vez de apelar para o passado (como fez à medida em que o show se aproximava), causando tédio e não expectativa no público que esperava o Teenage.


Teenage Fanclub – “Mellow Doubt”

Dito tudo isso, resta o show, que, mesmo encantando de forma hipnotizante o público presente, não teve o mesmo pique dos shows que fizeram no Brasil em 2004. É a idade batendo no grupo que batizou-se adolescente. Isso reduziu a marcha das músicas que mais empolgaram, mas caiu bem nas faixas mais recentes, em especial as da segunda década de atividade do grupo. Mas se o ritmo já não solta faíscas, isso é compensado com o carisma da banda, incomparável. E bastou passear por uns poucos hits para saber o território em que estava pisando, puxando coros em uníssono, provocando sorrisos largos e corpos sendo carregados em câmera lenta.


Teenage Fanclub – “Sparky’s Dream”

Durante pouco mais de uma hora, tínhamos voltado aos anos 90 – quando tudo parecia tão menos complicado, mais sincero e feliz.


Teenage Fanclub – “The Concept”