Universal Maurício Orchestra: Ilhas Maurício

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Uma banda que nasceu num sonho estreia ao vivo não em apenas um show, mas em quatro: a Universal Maurício Orchestra, que reúne os homônimos de sobrenomes conhecidos na música brasileira (Badê, Tagliari, Bussab, Pereira, Takara e Fleury), finalmente se materializa num palco durante as segundas-feiras no Centro da Terra, trazendo novos músicos com o mesmo prenome (mais informações aqui). A temporada Ilhas Maurício concilia agendas improváveis de pessoas cheias de atividades e projetos paralelos que tornou difícil até mesmo a gravação de seu único disco, gravado em duas sessões praticamente ao vivo. Conversei com os Maurícios Tagliari, Pereira e Bussab sobre o que esperar deste insólito encontro.

Conte a história que deu origem à Orquestra.
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Como foi organizar todo mundo para participar desta temporada?
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Vocês irão recriar o disco no palco ou vão trabalhar a partir do zero?
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A formação da banda muda radicalmente a cada segunda?
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Vocês já estão pensando em fazer um volume 2?
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Quem são os Maurícios novatos da temporada?
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Um mundo de Maurícios

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Em mais uma colaboração para o site da revista Trip, escrevi sobre a Universal Maurício Orchestra, formada por seis Maurícios da pesada: Fleury, Tagliari, Pereira, Bussab, Badê e Takara:

As gravações aconteceram no final de 2015 e início de 2016. A tônica do som também vinha do sonho de Tagliari. “Foi tudo bem aberto, ninguém trouxe nada pronto, a gente se encontrou e começou a tocar”, lembra Takara. “Tinha essa referência sugestiva ao Miles elétrico, [do álbum] In a Silent Way, e, no fim das contas, a formação, que é bem inusitada pra mim, refletia um pouco isso, a coisa do sax soprano, da percussão”, completa.

“A linha era cada um ficar à vontade naquilo que gosta, sabendo que estávamos inseridos dentro de um coletivo”, completa Badê. “A ideia do Tagliari era fazer uma coisa mais viajandona, instrumental, como o Miles Davis do sonho dele. A gente não ficou discutindo, apertava o rec e saía tocando”, lembra Fleury.

“Não lembro de ter combinado nada. Na real, olhando em retrospecto, foi meio mágico: muito som, muita risada, pouca conversa e a música fluindo. Tanto que quando você escuta o disco todo, vê que cada faixa tem uma onda muito diferente. Foi fruto mesmo de um encontro de vários backgrounds musicais e muita generosidade, um lance bem fraternal”, completa Tagliari. “O disco é isso, música espontânea, sem parar muito pra pensar, sem nada escrito antes, feita muito das influências sonoras que a gente tem, tipo pegar uma ideia que aparecia e brincar em cima dela”, emenda Pereira.

A conexão maurícia — termo cujo significado vem da mesma palavra que dá origem ao termo “mouro” e quer dizer “de pele escura” — não terminou no som. Depois de brincarem com a possibilidade de pedir a capa ao Maurício de Souza, o pai da Mônica e do Cebolinha, lembraram de outro Maurício que não era reconhecido pelo prenome, o DJ e ilustrador MZK, que aceitou prontamente a tarefa de fazer a capa.

A íntegra do texto você lê aqui.

Eis a Universal Mauricio Orchestra

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Tudo começou num sonho de um Maurício. “A história da Universal Mauricio Orchestra é quase estranha”, lembra o idealizador e guitarrista, Maurício Tagliari. “Eu sonhei que estava tocando Bitches Brew, do Miles Davis, com uns amigos. O som estava ótimo e eu estava me divertindo muito. Quando acordei, percebi que os amigos eram grandes músicos com os quais eu nunca havia tocado. E todos chamavam Mauricio! Antes de qualquer análise freudiana, mandei um email contando o sonho pra eles. Considerei até o fato de não haver mais mauricios crianças e que havia uma quantidade estatisticamente elevada de mauricios na música. O Pereira inclusive fez uma boa reflexão sobre ‘O que é ser Mauricio’.”
e eu vi post dos Mauricios, ficou massa, mas no disco eu toco baixo, flauta, rhodes e hammond e o Bussab toca sintetizadores, rhodes e hammond

São todos Maurícios de renome. Além de Tagliari (que toca guitarras) e Pereira (vocais e sax), os outros Maurícios sonhados e convocados foram Maurício Takara (bateria), Maurício Fleury (teclados, baixo e flauta), Maurício Badê (percussão) e Maurício Bussab (sintetizadores e teclados). “A resposta a esta provocação foi rápida e unânime”, continua Taglari. “Todos toparam na hora marcar uma jam session. Foram três encontros onde nos colocamos absolutamente relaxados e sem pretensões maiores. Em quase 30 anos de vida de produção nunca tive sessões tão divertidas. O processo criativo foi o seguinte: alguém começa um groove ou um motivo melódico, uma linha de baixo ou uma sequencia harmônica e, quase telepaticamente, o grupo seguia. Pode chamar de freejazz ou de funk ou de batucada com notas. Quase todas as faixas só tem um take. Em algumas a gente ouvia e voltava direto, na mesma hora, para fazer overdubs com instrumentos trocados. O Pereira fez overdubs de sax e também gravou vocais depois da jam session. Uma característica que mantivemos foi o frescor da gravação ao vivo. Dá pra sentir o clima. Preservamos alguns vazamentos, risadas e brincadeiras. Mesmo os finais das faixas são claramente não combinados. Foi tudo muito feito na base do olho no olho, ouvido atento e na ‘cabeçada’.” O insólito grupo dá as caras pela primeira vez aqui no Trabalho Sujo, quando estreiam em público com a faixa “Embalando o Obalalá”, aqui em primeira mão.

O som do grupo, como descrito por Tagliari, habita entre o funk, o samba e o jazz – sem perder o bom humor, outra característica do sexteto, em títulos como “No Passo do Billy Paul”, “O Surfista Cigano”, “Decididamente Abalada” e “Pife do Mau”. “Tudo isso aconteceu entre final de 2015 e inicio de 2016. Mas a vida e a agenda do povo fez o projeto ficar na gaveta até que eu resolvesse escutar em meados de 2017. Eu achava que tínhamos nove tracks mas descobri que eram 14… Algumas a gente nem lembrava. Realmente foi algo catártico. Marcamos uma audição com a banda e escolhemos dez. Participamos da mixagem eu, o Bussab, o Fleury e o Pereira. Restava fazer a capa. Alguém considerou chamar o Mauricio de Souza para nos caricaturizar – existe esta palavra?. Mas um dia vi um Mauricio na minha timeline do facebook que me chamou a atenção pois era meu contato e eu não conhecia o nome. Quando fui olhar o perfil vi que não era nem mais nem menos do que o grande ilustrador e DJ que eu só conhecia pelo nome artístico: MZK ou seja Mauricio Zuffo Kulman. Liguei para ele, contei a história e ele entrou no barco imediatamente. Claro que nesse meio tempo apareceram outros mauricios e já temos a ideia de ampliar o projeto. Em breve – ou, pelo nosso ritmo, não tão breve… – Universal Mauricio Orchestra vol. 2.” Eis a capa que MZK fez para o projeto.

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E shows? “Sim, todos queremos tocar ao vivo. Só não sabemos quando as agendas permitirão.” O disco completo será lançado em breve.

O Ecossistema da Música em 2017

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As transformações que estão acontecendo no mercado da música no início do século 21 são avassaladoras. Não só o Brasil chega a um nível de profissionalização na história de seu mercado como o panorama mundial da indústria fonográfica vem mudando radicalmente, além das mudanças nos hábitos de consumo de todos os ouvintes. Se antes a forma de chegar ao público pressupunha canções, lojas de discos, rádio e TV, hoje as inúmeras alternativas se desdobram exponencialmente entre aplicativos, streaming, webclipes, estratégias de lançamento, vídeos virais, gifs animados, álbuns em vinil, shows supresa, editais públicos, distribuição digital, gerenciamento de carreira, merchandising, sincronização, downloads, likes e views.

O ecossistema da música no século 21 está em plena transformação e é justamente este o foco do curso que proponho desde 2014 junto ao Espaço Cult, reunindo grandes nomes da cultura, do entretenimento e da mídia no Brasil para tentar definir horizontes de atuação para novos artistas, profissionais deste meio e ouvintes interessados nestas mudanças. Desta vez o curso acontece durante todas as terças-feiras dos meses de maio e junho deste ano, reunindo nomes como a cantora e compositora Tiê, o produtor Carlos Eduardo Miranda, o distribuidor Maurício Bussab, a assessora de imprensa Mariana “Piky” Candeias, a jornalista e apresentadora Roberta Martinelli, o empresário e artista Evandro Fióti e a empresária Heloisa Aidar. O curso começa dia 2 de maio, vai até o dia 27 de junho e as aulas podem ser adquiridas de forma avulsa (à exceção das aulas de abertura e de encerramento, que fazem parte apenas da versão completa do curso). As inscrições podem ser feitas no site do Espaço Cult.

Ecossistema da Música – Distribuição Total: física e digital

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No próximo dia 23 de maio continuamos com a temporada dos cursos singles do Ecossistema da Música, curso que ministro no Espaço Cult, na Vila Madalena, aqui em São Paulo. O assunto desta edição distribuição – tando de discos físicos quanto digitais – e para dar a aula eu chamei o Maurício Bussab, sócio da Tratore, para explicar como funciona o mercado de discos no Brasil em 2016. Vamos falar sobre streaming, download, vinil, CD e as formas para conseguir chegar em diferentes públicos. A aula Distribuição Total é uma versão de um dia dos cursos do Ecossistema da Música, que radiografam as mudanças constantes do mercado musical neste século. As inscrições podem ser feitas no site do Espaço Cult.

O curso tem a seguinte ementa:

Uma aula sobre a distribuição física e digital para quem quer fazer sua gravação chegar a diferentes públicos, com diferentes hábitos de consumo. Falaremos das mudanças no mercado fotográfico a partir da chegada da internet e como evoluíram as diferentes formas de se ouvir música digitalmente, do download ao streaming e da mudança do modelo de produto para o modelo de serviço. Serão discutidos os seguintes temas:

– Como fazer para estar em todos os lugares no cenário de hoje;
– Quais são as estratégias de distribuição que mais funcionam hoje;
– Se ainda vale a pena fabricar CDs;
– Se streaming é apenas para divulgação ou se é uma fonte de renda;
– Quais plataformas estão disponíveis no mercado brasileiro e as diferenças entre os tipos de serviço;
– Como funcionam os direitos autorais nestas plataformas;
– Como funciona a sincronização;
– O papel do download gratuito;
– A hora de se prensar um vinil.

A aula será ministrada por Maurício Bussab, da distribuidora Tratore, e é uma versão single do curso Ecossistema da Música, criado pelo jornalista Alexandre Matias e pelo Espaço Cult.

O Ecossistema da Música em 2015

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Essa é a última semana para as inscrições na terceira edição do curso que coordeno no Espaço Cult, aqui em São Paulo. E para me ajudar a falar dos problemas e soluções da profissionalização musical na edição deste semestre do Ecossistema da Música no Século 21 reuni nomes que já passaram por edições anteriores (Evandro Fióti, Roberta Martinelli, Miranda, Fabiana Batistela, Marcos Boffa, Renata Simões, Mariana Piky, Mercedes Tristão e Tiê) a novos professores (Leonardo Lichote, Heloisa Aidar, Adriano Cintra, Fernando Dotta, Sarah Oliveira, Maurício Bussab, Tejo Damasceno e Rica Amabis) para contribuir ainda mais com o diagnóstico em aberto – e colaborativo – do que está acontecendo com a música desde a virada do século. As inscrições podem ser feitas até sexta-feira no site do Cult.

Cinco Perguntas Simples: Maurício Bussab

1) O disco (como suporte físico) acabou?
Nao. Quem baixa MP3 hoje ainda é nerd. A tecnologia não chegou aos eletrodomésticos como o rádio do carro. Os tios das pessoas ainda nao sabem usar a tecnologia direito. Talvez sua pergunta seja se o suporte vai acabar. Aí provavelmente também não. Vai virar um produto de nicho mas acabar não vai. O disco é apropriado para algumas situacoes que o arquivo digital não cobre.

2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
A conta da produção será paga na maioria dos casos pela mesma pessoa ou empresa que ganha dinheiro com o show do artista que pode ser o empresário ou um outro personagem. Em alguns casos será pago por um patrocinador privado ou público: Coca-Cola oferece o novo disco da Madonna, grátis no site cocacola.com). Em alguns casos vai continuar como é hoje: paga pelo proprio ouvinte, diretamente.
Ainda acho que o formato da tecnologia não vai ser este. Este ‘momento iTunes’ que estamos vivendo é uma bizarrice. Acredito muito mais no formato assinatura que o formato iTunes. E acho que o faroeste da troca irrestrita só acontece porque o fosso entre o establishment e o consumidor continua imenso. Os donos da bola do mercado fonografico AINDA não entenderam que o processo de donwload é diferente do processo de compra de CD. Eu quero baixar MUITA musica. E comprar CD NA CERTEZA. O comportamento é completamente diferente e o povo ainda não entendeu isto.

3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
Acesso irrestrito e global. É um momento sensacional para a música.

4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
Dificil listar. Hoje é mais comum eu conhecer alguem primeiro online do que
em CD ou ao vivo.

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
Ouvir e ser ouvido sem barreiras geográficas.

* Maurício Bussab toca no Bojo e é dono da Outros Discos.

SamPa Beats

O Jeroen Revalk, do programa de rádio belga Cucamonga, esteve no Brasil no começo de 2006, para fazer entrevistas sobre a atual cena de São Paulo. O resultado é a série SamPa Beats, e tem dois trechos diferentes (dá pra ler e ouvir) de uma entrevista que ele fez comigo no hall do 7 Colinas (meu lar em Recife), quando eu tava no Porto Musical. Além deste seu correspondente, há entrevistas com o Maurício Takara, Tom Zé, Cunha Jr., Sérgio Dias, Hermano Vianna, Maurício Bussab, Arnaldo Antunes, Cadão Volpato, Apollo 9, Rica Amabis (do Instituto), Zeca Baleiro, Bid, Guilherme Barrella (da Peligro), Rodrigo Brandão, Stela Campos, Otto, Alexandre Youssef, João Marcello Bôscoli, Loop B, Suba, Gilberto Gil, Rodrigo do Pex Baa, Claudio Silberberg (da ST2), Rob Mazurek, Caetano Veloso, Jorge Ben, Jair Oliveira, Benjamin Taubkin, João Parahyba, entre outros… Bom trabalho, Jeroen.