E se não os tumultos em Londres não aconteceram de uma hora pra outra?

E se tudo isso for uma bomba-relógio sendo detonada na hora certa?

Não era imprevisível, como dizem Mary Riddell, no Telegraph

It is no coincidence that the worst violence London has seen in many decades takes place against the backdrop of a global economy poised for freefall. The causes of recession set out by J K Galbraith in his book, The Great Crash 1929, were as follows: bad income distribution, a business sector engaged in “corporate larceny”, a weak banking structure and an import/export imbalance.

All those factors are again in play. In the bubble of the 1920s, the top 5 per cent of earners creamed off one-third of personal income. Today, Britain is less equal, in wages, wealth and life chances, than at any time since then. Last year alone, the combined fortunes of the 1,000 richest people in Britain rose by 30 per cent to £333.5 billion.

Europe’s leaders, our own Prime Minister and Chancellor included, were parked on sun-loungers as London burned. Although the epicentre of the immediate economic crisis is the eurozone, successive British governments have colluded in incubating the poverty, the inequality and the inhumanity now exacerbated by financial turmoil.

Britain’s lack of growth is not an economic debating point or a stick with which to beat George Osborne, any more than our deskilled, demotivated, under-educated non-workforce is simply a blot on the national balance sheet. Watch the juvenile wrecking crews on the city streets and weep for all our futures. The “lost generation” is mustering for war.

…E Nina Power, no Guardian:

Combine understandable suspicion of and resentment towards the police based on experience and memory with high poverty and large unemployment and the reasons why people are taking to the streets become clear. (Haringey, the borough that includes Tottenham, has the fourth highest level of child poverty in London and an unemployment rate of 8.8%, double the national average, with one vacancy for every 54 seeking work in the borough.)

(…)

Images of burning buildings, cars aflame and stripped-out shops may provide spectacular fodder for a restless media, ever hungry for new stories and fresh groups to demonise, but we will understand nothing of these events if we ignore the history and the context in which they occur.

Londres queima no sábado à noite!

Ligue 99999!

A coisa tá feia na Europa… Isso tudo começou por causa de um protesto.

Banksy x Rupert Murdoch

O artista plástico mais importante do mundo hoje tinha que dar o seu parecer sobre esse assunto.

Vi aqui.

Minhas férias: Londres

“Vamos por partes”, já diria certa metáfora


“He one holy roller…”, em foto da Mariana ♥

“Brixton”, “Tottenham”, “Candem”, “Piccadilly”, “Hammersmith”, “Baker Street”… Me dependurava numa barra de qualquer vagão de metrô de qualquer linha em Londres e a seqüência de nomes inevitavelmente cutucava vãos diferentes do imaginário coletivo. “Tham”, “er”, “‘s”, “Street”, “stead”, “Park”, “High”, “ington”, “Road”, “sway”, “St.”, “ptom” – sufixos e prefixos que precedem conhecimentos seculares inteiros e trazem diferentes Londres à imaginação. A da Inglaterra vitoriana, a Swinging London, a da peste negra, a do Monty Python, a do jornalismo inglês, das músicas do Clash, de Sherlock Holmes, dos bombardeios alemães, do steampunk, de Oscar Wilde, da revolução industrial, dos Beatles, do Grande Incêndio, de acontecimentos, revoluções e invenções culturais e tecnológicas numa cidade cuja história se mistura com a da própria História, todos comprimidos em pequenos nomes alinhados em uma horizontal colorida no teto de um vagão de trem.

A ida à Inglaterra tinha um rumo inicial bem definido: a primeira apresentação que o Pulp fez desde que encerrou suas atividades em 2002. Jarvis Cocker concordou e sua banda voltaria no dia 3 de julho de 2011, dentro de um festival cujas outras atrações não importavam perto da importância pessoal que tinha a possibilidade de ver, ao vivo, um ídolo interpretando alguns de seus clássicos junto aos seus companheiros iniciais de banda. As férias ganharam um aspecto ainda mais lúdico à descoberta que dois dias antes o Flaming Lips encerraria um All Tomorrow’s Parties num parque num subúrbio londrino tocando nada menos que seu disco mais clássico, The Soft Bulletin. E posicionando este fim de semana de shows no meio da viagem, restou ocupar as duas semanas restantes com formas diferentes de se conhecer a capital inglesa, com direito a uma esticada rumo à capital francesa, só pra matar saudades…

Vou poupar-lhes do dia-a-dia, dos comentários sobre turismo e viagens e falar um pouco da rotina e de alguns pontos específicos da viagem que tirou o site do ar por duas semanas em posts no decorrer dos próximos dias.

“Got to be a joker he just do what he please…”

Minhas férias: “Slave to the Rhythm” num bambolê

Essa foi completamente inusitada. Colocaram Grace Jones para tocar antes do show do Pulp no Wireless Festival e ninguém sabia direito o que esperar do show da mulher, que roubou a cena e encerrou seu show tocando seu maior hit equilibrando um bambolê por mais de seis minutos – com direito a apresentar toda sua banda sem deixar o brinquedo cair. Muita moral.

Só existe uma Kate em Londres

Via Oh Me Blaargh!

Link – 23 de agosto de 2010

Chip com tudo dentroRIC estreia no interiorConcentração de dados no chip pode expor cidadãoIdentificador digitalA próxima vítimaGuia prático do LinkedIn Facebook.brNotasTV versus TVApps do bemVida Digital: Nicholas Carr

Trinta e cinco

Flash Forward Mob

Fãs londrinos da série Flash Forward tentam fazer com que o programa volte a ser exibido em protesto em praça pública.

A volta dos Strokes, por Thaís Mendes

A Thaís foi uma das 500 pessoas que estiveram no show de volta que os Strokes deram na quarta passada e eu pedi pra ela me deixar postar seu relato sobre o evento aqui no Sujo – e ela deixou. Valeu, Thaís 🙂

Eu não sabia. Não sabia que eles estavam planejando um retorno, e não sabia que esse retorno seria assim, surpresa, under the radar, completamente underground (ninguém sabia, aparentemente). Foi o email de um amigo conectado ao povo do Dingwalls dizendo que estava na luta pelos tais ingressos que me atiçou a curiosidade. Ele não me disse mais nada, e daí, pelos poderes do Google e do twitter, começou a maior caça ao tesouro desde 2007, quando o festival Glastonbury retornou depois de um break e 135 mil tickets foram vendidos em 1hr e 45min (eu também estava entre esses felizardos).

As 6 da tarde do dia 8, só o site da revista NME tinha se ligado na primeira pista. A banda havia postado no twitter (que eu não seguia) a imagem de um logo extremamente parecido com o deles onde se lia “Venison”, e na sequência, uma foto do canal que passa por Camden Town. Eles traçaram o tal logo ao site do Dingwalls, que incluiu em sua programação um show do tal Venison no dia seguinte, e uma única descrição: “Formely known as The Shitty Beatles.” Tickets seriam vendidos somente através do site da casa dali a 3 horas, as 9pm.

Obviamente, 3 horas no mundo virtual é MUITO tempo, ainda mais pra fãs tão dedicados como os do Strokes, e o site da casa caiu, quarenta e cinco minutos antes. Nove da noite o mundo estava dando reload na página inicial, e nada do link dos ingressos aparecer. No twitter, amigos frustrados já haviam desistido da idéia 20 minutos depois, mas dando um search em “strokes”, achei o username “VenisonFans”, conta de uma fã die-hard irlandesa que, até agora não sei como, tinha o link alternativo que levava aos benditos tickets. O momento que ela postou o link foi exatamente o momento que eu comecei a segui-la, e well, 20 libras mais tarde, eu era a felizarda recipiente de 2 ingressos (e confesso: podia ter comprado mais 2, já que meu BF conseguiu acessar o link ao mesmo tempo no computador do lado…mas deixamos pra lá, num raro momento anti-lucro).

Cheguei tarde, meia hora antes de as portas abrirem, e a fila estava curta e excessivamente calma. Uns poucos indie kids devidamente trajados em seus skinny-jeans-skinny-jaqueta-de-couro combo posavam com plaquinhas onde se lia “DESPERATE STROKES FAN, WILL PAY £XX FOR PAIR OF TICKETS” (valores entre £50 e £100), e um repórter da rádio BBC6 perguntava ao povo na fila quanto cada um tinha pago pelo seu (horas antes, um amigo disse no Facebook que a mesma rádio divulgou oferta de 6 mil libras.) Um espanhol se aproxima: venderia os meus por £300? No, thanks. Okay, £400? Hm. No, thanks, go away, antes que eu mude de ideia.

Na fila descubro feliz que seremos cinco brazucas (no final do show, éramos 7 – dois malucos conseguiram entrar no “jeitinho,” OF COURSE), e as portas abrindo, me dou conta do real tamanho do Dingwalls. É minúsculo pra uma banda desse porte. Tem um palquinho baixo, uma pistinha escura, duas bancadas/degraus, e um bar no fundo. Devagar, o lugar foi enchendo com calma, todo mundo se distribuindo de acordo: ninguém correu, ou se empurrou, ou deu de babaca. Parecia que aquele era só mais uma gig de uma banda qualquer, mas algo me dizia que a calmaria não ia durar, e do alto do meu 1 metro e meio, escolhi a bancada esquerda pra me posicionar estrategicamente. Iria tentar driblar os seguranças-armários e fotografar/filmar tudo para os incontáveis fãs malucos que me adicionavam no twitter aos quilos (graças a irlandesa die-hard, que me achou e divulgou).

Realmente, a calmaria não durou. Ás 9:20pm, Julian, Albert, Fabrizio, Nick e Niko, subiram no palco e 400 pessoas entraram em êxtase coletivo. Iniciando com “New York City Cops”, os 5 fizeram um set histórico só, SÓ com os maiores hits da banda desde 2001, em um clima de puro rock’n’roll: palco pouco iluminado, teto pingando o suor condensado de uma platéia que gritava todas as letras como se fosse rasgar as cordas vocais pra sempre (e Julian, mesmo assim, não deixou de cantar um segundo), em uma pista que se movia como uma serpente humana de tão sincronizados que eram os pulos. Foi uma paulada atrás da outra: “Modern Age”, “Hard To Explain”, “Soma”, “You Only Live Once”… a hora que o clássico riff de “Last Nite” entrou, foi como se todo mundo tivesse sido abençoado pelos deuses do rock: nós, os brazucas, a essa altura nos abraçávamos e dava parabéns uns aos outros, não acreditando na própria sorte. Julian, bem-humorado, brinca com um tênis perdido de algum fã, e agradece dizendo “You guys are the shit.”

Uma hora depois, a banda pausa e deixa a platéia, completamente fora de si, gritando “VENISON! VENISON!” Cinco minutos depois, retornam pra mais cinco musicas, e encerram com “Take It or Leave It.” They leave it, rápidos como entraram, sem apresentar nenhum material novo. Ninguém parecia decepcionado.

Tive sérias dificuldades pra filmar. Primeiro, de medo de ser arrastada pra fora por um dos armários, segundo, por medo de perder aquele momento único. Eu queria mesmo era ter me juntado a serpente humana (morreria esmagada, provavelmemte), mas a vontade de dividir foi maior e eu tentei ser firme. Falhei, claro. O resultado, altamente tremido, está entrando aos poucos no meu canal do youtube, que os malucos do twitter divulgaram ao redor do mundo.

No final, nós 5, mais uma francesa que fala português, e os dois brazucas penetras, fomos pro bar ao lado comemorar, cada um segurando orgulhoso sua camiseta com o logo da Venison. Não sem antes esbarrar em Chris Martin, aquele do Coldplay, saindo do show tão feliz quanto nós.


“Eu gosto de estar no meio da moçada para saber como a juventude se sente”

Blogs ao redor do mundo se perguntam qual foi o motivo dessa aparição, se não foi uma indulgência elitista sem sentido, já que não houve nenhuma musica nova. Eu nem quero saber. Foi um privilégio sem tamanho ter acesso a um evento desse, sem hype, sem mídia, organizado, freqüentado e apresentado por paixão.

Como disse meu amigo Thellius:

@thellius 


Imagine [going] back to 2001 in NYC undergrounds and see The Strokes playing in a very small venue an all-hit gig for 400 insanely lucky people. 10 June 2010 03:25:06 via web

@thellius That was my night. Best gig of my life. 10 June 2010 03:25:21 via web


Olha a cara de felicidade da Thaís, no meio da foto

ps: fotos e vídeos tudo meu, então DEEM CREDITOS, GENTE DA MIDIA BRAZUCA, tb sô jornalista pô. 🙂