Vida Fodona #533: Frio e sol

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Mudança de estação.

Jane Weaver – “Don’t Take My Soul”
Ladyhawke – “Paris is Burning (Cut Copy Remix)”
JJ – “Things Will Never Be The Same Again”
Lemon Jelly – “The Stauton Lick”
Yumi Zouma – “Catastrophe”
Helvetia – “Old, New Bycicle”
Bees – “Listenig Man”
Mild High Club – “Note to Self”
Of Montreal – “The Party is Crashing Us”
Guilherme Arantes – “Deixa Chover”
Mahmundi – “Desaguar”
Daryl Hall + John Oates – “You Make My Dreams”
Dumbo Gets Mad – “Future Sun”
Boogarins – “Mario de Andrade/ Selvagem”
Brian Eno – “St. Elmo’s Fire”
Jupiter Apple – “Bridges of Redemption Park”
Tatá Aeroplano – “Outono à Toa”
Built to Spill – “Bad Light”
Arcade Fire – “Flashbulb Eyes”
Melody’s Echo Chamber – “Some Time Alone, Alone”
Good Morning – “Warned You”
Elliot Smith – “A Passing Feeling”
Lupe de Lupe – “Colgate”

Boogarins ao vivo na KEXP

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Os goianos Boogarins seguem o sonho indie nos EUA e tocam na clássica rádio de Seattle KEXP, antecipando que param no meio do ano para gravar o terceiro disco em Austin, no Texas. E a estrada tá fazendo um bem pra esses meninos…

Boogarins: “Não há nada como o sol daqui / Mesmo sem mar”

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Viram que o clipe de “Benzin”, o primeiro a sair do Manual dos Boogarins, estreou no Stereogum? Filmado na deslumbrante Chapada dos Veadeiros, o clipe é estrelado pela vocalista do Carne Doce, Salma Jô, banda conterrânea dos goianos, e celebra a psicodelia preguiçosa das tardes no cerrado.

Boogarins viajando no Pet Sounds dos Beach Boys

O grupo goiano recria “Let’s Get Away for a While” para um disco tributo ao filhote cerebral de Brian Wilson

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Enquanto os Boogarins viajam pelos Estados Unidos disseminando psicodelia brasileira pela América do Norte (na foto acima o quarteto goiano vê neve pela primeira vez), eles ainda encontram tempo para participar de um tributo ao clássico Pet Sounds, dos Beach Boys, que completa meio século de existência neste 2016. O disco The Reverberation Appreciation Society Presets A Tribute To Pet Sounds foi organizado pelo pessoal do festival Levatation (o antigo Austin Psychic Fest), que acontece no próximo fim de semana, e reúne neopsicodélicos como Black Angels, Shivas, Morgan Delt, Cosmonauts, Shannon And The Clams e Indian Jewelry, entre outros, para recriar as clássicas faixas do disco. Ao grupo goiano coube a reinvenção da instrumental “Let’s Get Away for Awhile”, em que o vocalista Dinho recria a melodia principal da canção com a boca, enquanto a banda entorta para uma viagem meio High Llamas. Ficou demais:

Dá pra ouvir o disco inteiro abaixo:

E também dá pra ouvir a participação do grupo goiano no programa de rádio World Cafe, da rádio XPN, da Filadélfia, na sexta passada – clica aqui.

Tudo Tanto #016: Um 2015 espetacular

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Na edição de janeiro da minha coluna na revista Caros Amigos, eu escrevi sobre o grande ano que foi 2015 para a música brasileira.

A consagração de 2015
O ano firmou toda uma safra de artistas que lançou discos que reverberarão pelos próximos anos

Alguma coisa aconteceu na música brasileira em 2015. Uma conjunção de fatores diferentes fez que vários artistas, cenas musicais, produtores e ouvintes se unissem para tornar públicos trabalhos de diferentes tempos de gestação que desembocaram coincidentemente neste mesmo período de doze meses e é fácil notar que esta produção terá um impacto duradouro pelos próximos anos. O melhor termômetro para estas transformações são os discos lançados durante este ano.

Os treze anos de espera do disco novo do Instituto, o terceiro disco pelo terceiro ano seguido do Bixiga 70, os seis anos de espera do disco novo do Cidadão Instigado, o disco que Emicida gravou na África, um disco que BNegão e seus Seletores de Frequência nem estavam pensando em fazer, o surgimento inesperado da carreira solo de Ava Rocha, o disco mais político de Siba, o espetacular segundo disco do grupo goiano Boogarins, os discos pop de Tulipa Ruiz e Barbara Eugênia, a década à espera do segundo disco solo de Black Alien, o majestoso disco primeiro disco de inéditas de Elza Soares, os quase seis anos de espera pelo disco novo do rapper Rodrigo Ogi, dos Supercordas e do grupo Letuce e um projeto paralelo de Mariana Aydar que tornou-se seu melhor disco. Mais que um ano de revelação de novos talentos (o que também aconteceu), 2015 marcou a consolidação de uma nova cara da música brasileira, bem típica desta década.

São álbuns lançados às dezenas, semanalmente, que deixam até o mais empenhado completista atordoado de tanta produção. É inevitável que entre as centenas de discos lançados no Brasil este ano haja uma enorme quantidade de material irrelevante, genérico, sem graça ou simplesmente ruim. Mas também impressiona a enorme quantidade de discos que são pelo menos bons – consigo citar quase uma centena sem me esforçar demais – e que foram feitos por artistas jovens, ainda buscando seu lugar no cenário, o que apenas é uma tradução desta que talvez seja a geração mais rica da música brasileira. A quantidade de produção – reflexo da qualidade das novas tecnologias tanto para gravação e divulgação dos trabalhos – não é mais meramente quantitativa. O salto de qualidade aos poucos vem acompanhando a curva de ascensão dos números de produção.

Outro diferencial desta nova geração é sua transversalidade. São músicos, compositores, intérpretes e produtores que atravessam diferentes gêneros, colaboram entre si, dialogam, trocam experiências. Não é apenas uma cena local, um encontro geográfico num bar, numa garagem, numa casa noturna, num apartamento. É uma troca constante de informações e ideias que, graças à internet, transforma os bastidores da vida de cada um em um imenso reality show divulgado pelas redes sociais, em clipes feitos para web, registros amadores de shows, MP3 inéditos, discussões e textões posts dos outros.

A lista de melhores discos que acompanha este texto não é, de forma alguma, uma lista definitiva, mesmo porque ela passa pelo meu recorte editorial, humano, que contempla uma série de fatores e dispensa outros. Qualquer outro observador da produção nacional pode criar uma lista de discos tão importantes e variada quanto estes 25 que separei no meu recorte. Dezenas de ótimos discos ficaram de fora, fora artistas que não chegaram a lançar discos de fato – e sim existem na internet apenas pelo registros dos outros de seus próprios trabalhos. E em qualquer recorte feito é inevitável perceber a teia de contatos e referências pessoais que todo artista cria hoje em dia. Poucos trabalham sozinhos ou num núcleo muito fechado. A maioria abre sua obra em movimento para parcerias, colaborações, participações especiais, duetos, jam sessions.

E não é uma panelinha. Não são poucos amigos que se conhecem faz tempo e podem se dar ao luxo de fazer isso por serem bem nascidos. É gente que vem de todos os extratos sociais e luta ferrenhamente para sobreviver fazendo apenas música. Gente que conhece cada vez mais gente que está do seu lado – e quer materializar essa aliança num palco, numa faixa, num mesmo momento. Esse é o diferencial desta geração: ela vai lá e faz.

Desligue o rádio e a TV para procurar o que há de melhor na música brasileira deste ano.

Ava Rocha – Ava Patrya Yndia Yracema
BNegão e os Seletores de Frequência – TransmutAção
Barbara Eugênia – Frou Frou
Bixiga 70 – III
Boogarins – Manual ou Guia Prático de Livre Dissolução de Sonhos
Cidadão Instigado – Fortaleza
Diogo Strauss – Spectrum
Elza Soares – Mulher do Fim do Mundo
Emicida – Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa
Guizado – O Vôo do Dragão
Ian Ramil – Derivacivilização
Instituto – Violar
Juçara Marçal & Cadu Tenório – Anganga
Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thomas Harres – Abismu
Karina Buhr – Selvática
Letuce – Estilhaça
Mariana Aydar – Pedaço Duma Asa
Negro Leo – Niños Heroes
Passo Torto e Ná Ozzeti – Thiago França
Rodrigo Campos – Conversas com Toshiro
Rodrigo Ogi – Rá!
Siba – De Baile Solto
Space Charanga – R.A.N.
Supercordas – A Terceira Terra
Tulipa Ruiz – Dancê

Quer assistir ao show dos Boogarins com os Supercordas?

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Duas das maiores sumidades da psicodelia brasileira neste século, os goianos Boogarins e os cariocas dos Supercordas, apresentam-se em Sâo Paulo neste domingo (mais informações aqui), na Clash, e tenho três pares de ingresso para quem quiser assistir a este show. Para concorrer, basta dizer que música que você queria que as duas bandas tocassem juntas e por quê aí nos comentários.

De quebra, um momento de cada banda: os Supercordas mostram o clipe com letras de “Colunas”, de seu último disco, Terceira Terra…

…e os Boogarins tocam três músicas no programa Sessões de Cerão, do Escritório do Lê Almeida:

O resultado sai ainda neste sábado – e o show de domingo é bem cedo, as 18h, se liga.

Boogarins + O Terno: “Juntar todas as forças”

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O encontro dos Boogarins com O Terno não foi só um dos melhores shows do ano passado como gerou uma versão absurda para um clássico do Clube da Esquina (você já tinha visto quando eu os filmei no ano passado). Agora as duas bandas oficializam a gravação que fizeram em estúdio para a clássica “Saídas e Bandeiras N°1”, um delírio mineiro que aponta um futuro inusitado para as bandas goiana e paulistana.

E não custa lembrar que os Boogarins tocam em São Paulo neste domingo, no Clash, dividindo o palco com outra grande banda psicodélica brasileira, os Supercordas – mais informações aqui.

As 75 melhores músicas de 2015: 12) Boogarins – “6000 Dias”

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“O que importa pra mim é ser, não ter”

As 75 melhores músicas de 2015: 28) Boogarins – “Mário de Andrade / Selvagem”

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“Sera que isso é amar?”

Os 75 melhores discos de 2015: 11) Boogarins – Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos

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Cerrado derretido.