#embuscadobloodymaryperfeito na Folha de São Paulo

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Minha incansável busca pelo Bloody Mary perfeito via Instagram começou de brincadeira e foi parar na matéria de capa do caderno Comida da Folha de São Paulo de hoje. Segue o texto:

Na busca do drinque perfeito, o que importa é a própria busca

Desceu tão bem que eu tive que registrar. Era véspera do Natal de 2012 em Nova York eu fui com minha mulher comer no bistrô Artisanal, na Park Avenue.

Vinha de um ano embalado em bloody marys feitos em casa, na minha primeira e quase irônica tentativa de voltar a cozinhar —fazendo um drinque.

Mas quando tomei o bloody mary daquele lugar, puxei o celular discretamente para lembrar-me da cara dele. Ao chegar de volta ao hotel, marquei a foto com uma hashtag de brincadeira, que deu origem a uma caça: #embuscadobloodymaryperfeito.

Sabia da contradição. Afinal, ao contrário da maioria dos drinques, o bloody mary não tem receita específica —e até sua origem histórica é uma das mais imprecisas entre as bebidas modernas.

Ele vai ao gosto do barman, que por vezes prefere mais encorpado, outras mais suave, umas vezes mais discreto e outras mais marcante. Não há bloody mary perfeito e sim aquele que cai do jeito certo na hora certa (como os do Sub Astor, do Epice, do Bravin, do Jacarandá, do Mimo, do Ecully, do Ici ou do Spot).

Já desdenhei da mistura como troçava meu mestre da cozinha, o saudoso Fred Leal, que sempre ria ao ver o drinque e pedia para “jogar logo uma carne moída pra agilizar esse bolonhesa!”. Mas o bloody mary bateu naquela hora mágica —a da ressaca.

A mistura embrenha-se nas entranhas e na cabeça com a mesma intensidade, acalentando enquanto arde, despertando e desopilando —e, de repente, o estalo que faz tudo aquilo fazer sentido.

Sigo em busca do cálice inalcançável. Atrás do equilíbrio exato dos sabores do tomate, do álcool e do limão, da espessura densa do suco de tomate feito em casa, do ponto perfeito entre a ardência da pimenta e o salgado do molho inglês, sal de aipo na borda do copo, sem muita frescura na decoração (basta só uma rodela de limão…) e, de preferência, um canudo preto. Sem bacon, sem guarda-solzinho, sem aquela triste cenoura ornamental.

O que importa é a busca, afinal.

Alexandre Matias, 39, é jornalista e busca o bloody mary perfeito em sua conta no Instagram @trabalhosujo

Em busca do Bloody Mary perfeito

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Minha busca via Instagram é eterna, contínua e segue à solta fora de casa. Mas há outra busca – pela receita de Bloody Mary perfeita, para faze-lo em casa. Já publiquei uma do Chez e outra do Jamie Oliver, agora publico uma feita pelo Alexandre D’Agostino, barman do Spot, num vídeo feito pelo Paladar, do Estadão.

O Bloody Mary do Jamie Oliver

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Leva pouco limão, picles e bacon, mas mesmo parece bonzaço (vodca de jalapeño? Hmmm…).

Pacolli que me falou.

Retrospectiva OEsquema 2012: Bloody Mary

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Antes de 2012 eu fazia coro com o Fred e sempre que alguém falava em Bloody Mary, eu já cogitava a carne moída pra agilizar o molho à bolonhesa. Mas foi durante alguma ressaca que o drink bateu – e se havia passado 2011 aprimorando as técnicas do Caju Amigo, entrei em 2012 disposto a descobrir o gótico mundo do Bloody Mary – que de gótico só tem o nome. Descobri um gaspacho alcoólico que pode ser temperado de diferentes formas, mas, principalmente, um drink bom para os sábados pós-Noites Trabalho Sujo e para os fins de tarde nos dias de licença médica. De certa forma, o gosto de 2012, pra mim, é apimentado, salgado e forte – e descendo redondo mesmo assim.

Numas de Bloody Mary

Desde que começou a esfriar estou numas de aprender a fazer bloody mary – e esbarrei com esse vídeo feito pelo pessoal dos restaurantes Chez, que pode ajudar quem também quiser entrar nessa: