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Apontando para o futuro

Lindo o encerramento da temporada Paisagens e Conexões que o mestre percussionista Ari Collares fez nas segundas-feiras deste novembro no Centro da Terra. No último de seus encontros, reuniu velhos companheiros de palcos e viagens musicais – a pianista Heloísa Fernandes e o flautista Toninho Carrasqueira – para mergulhos em outras épocas de suas vidas, quando os três trabalharam isoladamente em duplas, em trios, quartetos ou outras formações. Assim, traziam seus próprios trabalhos como temas que abriam espaço para improvisos em que citavam outros autores, que iam de cantos indígenas registrados por Mário de Andrade há quase um século ou “Trilhos Urbanos” de Caetano Veloso. Mas a noite não foi só olhando o passado, quando Ari ainda revelou que está finalmente trabalhando em seu primeiro disco solo, que vai lançar com seu próprio nome, para o ano que vem. Evoé!

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Jimmy Cliff (1944-2025)

Morreu nesta segunda-feira um dos maiores nomes da história da música afrodiaspórica e um dos maiores nomes da história do reggae. Jimmy Cliff é superlativo em vários níveis e sua influência é sentida até hpje.

The Cure nos cinemas!

Depois de 16 anos sem lançar disco novo, o Cure finalmente atendeu à espera dos fãs no ano passado, quando lançou o soberbo Songs of a Lost World no início de novembro do ano passado. No mesmo dia do lançamento, fez um show para três mil pessoas na casa de shows londrina Troxy e lançou o vídeo no YouTube para os fãs de todo o planeta na mesma semana, na única apresentação em que tocaram o longo disco do ano passado na íntegra. E agora eles aumentam ainda mais a escala desse show ao transformá-lo em um documentário que estará nos cinemas do planeta a partir do dia 11 de dezembro. The Show of a Lost World já está com ingressos à venda e vai passar em várias cidades do mundo – inclusive em várias no Brasil. Confira aqui e assista ao trailer abaixo:  

Gilberto Gil ♥ Ednardo, Waldonys, Alceu Valença, Elba Ramalho, Lenine e João Gomes

Enquanto Dua Lipa se apresentava no Brasil, perdia a oportunidade de dividir o palco com um de nossos maiores artistas pois Gilberto Gil também estava em plena turnê. E nos dois fins de semana que a diva passou por São Paulo e pelo Rio de Janeiro, Gil estava entre Fortaleza e Recife, sempre recebendo convidados. Em Fortaleza, no fim de semana anterior, recebeu Ednardo (que cantou “Andar com Fé”) e o sanfoneiro Waldonys (que tocou em “Esperando na Janela”). Já no Recife (ou melhor, tecnicamente em Olinda, já que os shows foram no Classic Hall, que fica na divisa entre as duas cidades), Gil recebeu dois convidados por noite. Na primeira, sábado passado, contou com a presença de Alceu Valença (que cantou “Aquele Abraço”) e Elba Ramalho (que esteve em “Andar Com Fé”) e na segunda, domingo, recebeu João Gomes (com quem dividiu “Esperando na Janela”) e Lenine (que cantou “Extra II”). E ele ainda fará um terceiro show em Pernambuco na próxima sexta. Quem serão os convidados?

Assista abaixo:  

Dua Lipa ♥ Jorge Ben

Encerrando sua passagem pelo Brasil, Dua Lipa mandou um Jorge Ben clássico (“Mas Que Nada”) em sua apresentação no Rio de Janeiro, mas infelizmente sem a participação do mestre. Porque imagina se isso acontece…

Assista abaixo:  

Udo Kier (1944-2025)

Recém-acolhido por Kleber Mendonça Filho, que o colocou para atuar em filmes como Bacurau e o novíssimo O Agente Secreto, o alemão Udo Kier, que morreu neste domingo, tem uma longa ficha corrida na história do cinema tendo atuado em mais de 200 filmes e trabalhou com nomes tão diferentes quanto Dario Argento (no clássico Suspiria), Andy Warhol e Paul Morrissey (nos filmes Carne para Frankenstein e Sangue para Drácula), Gus Van Sant (Garotos de Programa). Fassbinder, Herzog, Von Trier e até no filme de Madonna, Sex.

Thalin tá vindo!

Se você acompanha as novidades da música brasileira já deve estar ligado em um segredo cada vez mais público chamado Thalin. Antes se escondendo em inúmeros projetos (percussionista do saudoso Eiras e Beiras, baterista no também saudoso – já? Pois é – Os Fonsecas, dentro do projeto-álbum Maria Esmeralda e metade da Dupla 02), ele está aos poucos dando as caras e nesse sábado perdi a Dua Lipa no Rio de Janeiro pra assisti-lo sozinho demolir uma festa apenas com seu microfone e alguns comparsas. Causando num dos cômodos do Estúdio Lâmina, ele abriu a noite dividindo o vocal com vários camaradas numa cabulosíssima sessão de grime com microfone aberto com as bases soltas pelos DJs Benni e Sucateiro. Logo depois, o DJ Shirts assumiu as bases, o ex-fonseca Caio Colasante plugou sua guitarra e Thalin não deixou ninguém parado, transformando-se numa absurda metralhadora de rimas, que só pegava fôlego pra atiçar a galera, ensinar refrães e falar besteira. O mais impressionante é que ele está sozinho no vocal, não conta com um MC parceiro para dobrar versos e descansar alguns minutos e dispara num flow impressionante, puxando referências e suas músicas mais antigas, além de soltar várias novíssimas. E como Thalin é chegado numa bagaceira (quem não é?), ele não só apresentou sua nova camiseta (com apenas a palavra MERCH escrita) e emendou “The Climb” do filme da Hannah Montana (pedindo luzes para o alto) com uma versão pervertida para “Call Me Maybe”, aquela mesma. Gracinhas à parte, o que pegava mesmo era quando partia pra cima, agitando a pequena multidão, que ainda pode contar com a participação da Rubi ajudando o MC da noite a quebrar tudo de vez. Esteja atento!

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Robert Plant no Tiny Desk!

Outro nome de peso passou pelo Tiny Desk da NPR essa semana, quando a voz do Led Zeppelin não apenas passeou por seu disco mais recente como visitou alguns clássicos. Robert Plant acaba de lançar o primeiro disco ao lado da banda que o acompanha há seis anos, Saving Grace, num álbum solo batizado com o nome do grupo .O álbum, com várias versões, foi a base do repertório da apresentação, com saudações à banda psicodélica Moby Grape (“It’s a Beautiful Day Today”), ao grupo indie Low (“Everybody’s Song”), à cantautora estadunidense Martha Scanlan (“Higher Rock”) e à canção tradicional (“Gospel Plough”). Plant, que virá ao Brasil no ano que vem no C6 Fest, encerrou o programa visitando o próprio Led Zeppelin na versão que ele e Page fizeram para outra música tradicional “Gallows Pole”, que Plant lembrou ter conhecido na versão do bluesman Lead Belly.

Assista abaixo:  

Inferninho clássico

Um festa clássica nessa sexta-feira quando baixei o Inferninho Trabalho Sujo no Picles trazendo duas bandas que já haviam tocado em outras edições da festa, mas nunca no sobrado da Cardeal Arcoverde. A noite começou com o trio Saravá em ponto de bala, incendiando a sexta-feira com seus hits instantâneos que em breve estarão prontos para conhecer seus ouvintes para além dos shows quando Joni, Roberth e Ito finalmente lançarem seu primeiro álbum, no começo do ano que vem. Sua apresentação ainda contou com duas participações já conhecidas de seus shows, quando primeiro trouxeram Bru Cecchi, vocalista da banda irmã Devolta ao Léu para o palco para em seguida chamar outra participação familiar, essa literalmente cossanguinea, quando a irmã do baixista subiu no palco para cantar duas músicas. E a galera foi ao delírio.

Depois foi a vez do quarteto de Maringá Tutu Naná soltar sua bruma densa e doce sobre o público, hipnotizando a todos com doses cavalares de microfonia entremeadas por canções sussurradas. A química entre os integrantes da banda é invejável e eles mal precisam se olhar para cavalgar sobre o pulso de suas canções. E sempre é impressionante ver como suas personalidades individuais musicais crescem à medida em que se amalgamam ainda mais: Akira deixando sua guitarra mais pesada e clássica, com solos e riffs que vão do virtuosismo hard rock ao ruído branco elétrico, Jivago alternando entre o baixo e a guitarra e buscando os pontos em comum entre os dois instrumentos, com graves linhas circulares de ritmo, Fernando alternando entre os espasmos de rock clássico, bossa nova acelerada e free jazz e Carol enfeitiçando todos com seu vocal, flauta transversal e efeitos sonoros, várias vezes ao mesmo tempo. O grupo ainda ousou embarcar na onda do Massive Attack ao reler a versão que o grupo inglês fez para “Girl I Love You” do Horace Andy na apresentação que fizeram esse mês em São Paulo e não deixaram a bola cair. Absurdo. Depois restou a mim e a Fran domar a rebelde pista daquela noite, visitando extremos distintos da música para dançar.

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